Rubens de Falco: 10 anos sem o charme do eterno vilão

Publicado em 02/03/2018

No último dia 22 de fevereiro, completaram-se 10 anos do falecimento do ator Rubens de Falco da Costa, que com o nome de Rubens de Falco tornou-se conhecido internacionalmente, em especial após o desempenho como Leôncio em Escrava Isaura (1976/77), de Gilberto Braga com base na obra de Bernardo Guimarães, que por quase 30 anos manteve o posto de novela exportada para mais países pela Rede Globo, e em 2016, num levantamento divulgado em comemoração aos 40 anos da estreia da novela, ainda se mantinha entre as primeiras, na quinta colocação, vendida para 104 nações.

A carreira de Rubens, que nasceu em 1931, teve início na década de 1950, no Teatro Brasileiro de Comédia e nos Jograis em São Paulo ao lado dos atores Armando Bogus, Maurício Barroso e Ruy Affonso. Na década de 1950 estreou também na televisão participando de teleteatros, e nos anos 1960 entrou para as novelas em O Rei dos Ciganos (Globo, 1966), de Moysés Weltman. Logo em seguida teve grande sucesso como o imperador Maximiliano do México em A Rainha Louca (1967), escrita por Glória Magadan, tendo a seu lado como protagonista Nathalia Timberg. Seguiram-se Demian, o Justiceiro (1968), de Glória Magadan; Passo dos Ventos (1968/69), de Janete Clair, e A Última Valsa (1969), outra de Magadan. Até que Rubens saiu da Globo por algum tempo, descontente que estava com questões salariais.

Ao longo da década de 1970, Rubens emendou diversos trabalhos na televisão, especialmente na segunda metade, quando esteve em Escalada (1975), de Lauro César Muniz; Gabriela (1975), de Walter George Durst a partir de Jorge Amado; O Grito (1975/76), de Jorge Andrade, interpretando o bancário Agenor, que vivia em conflito entre sua sexualidade e o preconceito da sociedade; Escrava Isaura; Dona Xepa (1977), de Gilberto Braga com base em Pedro Bloch, como Heitor, o noivo da ambiciosa Rosália (Nívea Maria); o Roberto Stein de A Sucessora (1978/79), novela de Manoel Carlos baseada na obra de Carolina Nabuco.
Entre 1979 e 1983, Rubens esteve nas TVs Tupi e Bandeirantes, emprestando seu talento a histórias interessantes como as de Gaivotas (1979), de Jorge Andrade, na qual deu vida a Daniel, o rico industrial que reunia os amigos de escola 30 anos depois da formatura e com isso reaviva os conflitos de todos; Os Imigrantes (1981/82), escrita por Benedito Ruy Barbosa, Renata Pallottini e Wilson Aguiar Filho, como um dos Antonios que guiavam a história, o italiano De Salvio, que de colono se tornou dono da fazenda e marido da herdeira Isabel (Maria Estela); e Campeão, escrita por Jayme Camargo, Marcos Caruso e Lafayette Galvão, na pele de Jorge Salém, em conflito com a esposa Alexandra (também Maria Estela).

A fama internacional de Rubens, especialmente por conta de novelas como Escrava Isaura, O Astro, A Sucessora e Sinhá-Moça, levou-o a participar de novelas e filmes no exterior. Em 1982, estrelou com Flor Nuñez e Daniel Lugo a novela La Bruja, na Venezuela, e em seguida integrou o elenco de três filmes: Profesión: Vivir, Macho y Hembra e La Hora Texaco. A propósito, o cinema também foi bastante marcante na carreira do ator, com papéis em mais de 20 produções, dentre as quais Coronel Delmiro Gouveia, Pixote, Apassionata, Engraçadinha Depois dos 30, A Difícil Vida Fácil, Floradas na Serra e O Monge e a Filha do Carrasco.

Além das novelas, Rubens também esteve presente em marcantes minisséries: o Joca Ramiro de Grande Sertão: Veredas (1985), da obra de Guimarães Rosa, e Tibúrcio, de Memorial de Maria Moura (1994), da obra de Rachel de Queiroz, merecem destaque.
O porte, a elegância, a voz e o modo de falar característico, pronunciando como ele só os S e sufixos como –ente são grandes marcas da interpretação de Rubens, e justamente por elas foi escalado várias vezes para personagens maus, ou antipáticos, antagonistas cuja função era atrapalhar os planos dos mocinhos. Leôncio foi o maior deles, mas não se deve esquecer o Samir da primeira versão de O Astro (Globo, 1977/78), de Janete Clair; o Conde Drácula em Um Homem Muito Especial (Bandeirantes, 1980/81); o Barreto em Bambolê (Globo, 1987/88), de Daniel Más a partir de Carolina Nabuco; Cândido Caldas Penteado em Os Ossos do Barão (SBT, 1997), escrita por Duca Rachid, Marcos Lazarini e Mário Teixeira com supervisão de Walter George Durst, a partir da obra de Jorge Andrade; o temível bruxo Vargas da malfadada Brida (Manchete, 1998), de Jayme Camargo, da obra de Paulo Coelho; e o Barão de Araruna da primeira versão de Sinhá-Moça (Globo, 1986), escrita por Benedito Ruy Barbosa com base no romance de Maria Dezonne Pacheco Fernandes, atualmente em cartaz no Canal Viva em seu horário das 14h30 (com apresentação alternativa à 1h15min). Os mais de 60 países que exibiram a novela tiveram na presença de Rubens à frente do elenco junto a Lucélia Santos um dos maiores atrativos.

O último trabalho do ator na televisão foi uma participação em A Escrava Isaura (2004/05), novela de Tiago Santiago e Anamaria Nunes dirigida pelo mesmo Herval Rossano da versão dos anos 1970 na Globo. Agora Rubens era o Comendador Almeida, pai de Leôncio, personagem de Leopoldo Pacheco, novo responsável pelas maldades contra a escrava branca (Bianca Rinaldi).

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Uma parada cardíaca em decorrência de uma embolia levou Rubens de Falco do público em 2008 – algum tempo antes, em 2006, o ator havia sofrido um acidente vascular cerebral. Mas ficam os registros e lembranças de uma carreira coroada de sucessos e levada com talento, dedicação, humildade e gentileza.

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