Marcinho VP conta ao Câmera Record o que sabe sobre a morte de Tim Lopes

Publicado em 11/04/2018

Na reportagem desta quinta (12/04), no Câmera Record, Marcinho VP, que, segundo a policia, é um dos líderes da facção criminosa do Comando Vermelho, conta tudo o que sabe sobre a execução de Tim Lopes e acusa autoridades de “manipular” as investigações para prender o traficante Elias Maluco, condenado pela morte do jornalista. “Eu estava preso em Bangu 1 naquele fatídico dia da morte do Tim e as pessoas contaram, não só pra mim, como para os outros companheiros presentes ali, a verdadeira história da morte do Tim Lopes. As pessoas que estavam naquele fatídico dia falaram dessa forma pra mim: ‘Que se ele falasse que é repórter, em momento algum tirariam a vida dele’, até porque era o trabalho dele também, né? Repórter investigativo!”.

Para entrevistá-lo, foram necessários três meses de negociação com a Justiça Federal. Só assim, os jornalistas Domingos Meirelles, Daniel Motta, Gustavo Costa e José Straceri tiveram autorização para falar com Marcinho VP. Ele está preso em uma das penitenciárias mais rígidas do país, que fica em Catanduvas, a quase 500 quilômetros da capital Curitiba. É a primeira vez que ele conversou com uma equipe de televisão.

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Marcinho VP também faz revelações sobre o crime organizado dentro e fora das prisões e conta como ajudou na ascensão política do ex-governador Sérgio Cabral. São detalhes das negociações entre o político e o Comando Vermelho nos anos 1990, quando Cabral disputou a prefeitura do Rio de Janeiro e teria passado a frequentar o Complexo do Alemão. “Ele aparecia por lá, era um mero deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa do Rio na época”, afirma Marcinho. Essas visitas teriam como objetivo obter o apoio dos traficantes a sua campanha: “Ajudei! Na campanha em 1996, centenas de cabos eleitorais. Tudo 0800! Ele não gastou um real! Tudo 0800! Não gastou real!”

O primeiro encontro, lembra o traficante, ocorreu durante um show no Complexo do Alemão, e ele recebeu Cabral armado com um fuzil Sig Sauer e duas pistolas na cintura: “Foi num domingo, no show do Molejo, na época. Um showmício do Molejo. Aí subiu pro meu camarote, ficou lá no meu camarote, comeu, bebeu, me abraçou! Me elogiou pra caramba!”.

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Marcinho VP diz sentir-se traído por Cabral. “O maior Judas que eu conheci na minha vida!”, desabafa. “Centenas de pessoas apoiaram ele. Ele foi lá no meu palanque, fez discurso, contou as histórias dele e me enganou direitinho! Naquela época ele era um político jovem e com ambição suficiente pra poder chegar onde ele chegou, mas parecia ser de uma nova geração de políticos diferentes, mas confesso que ele me enganou direitinho!”.

Marcinho VP também fala sobre seu envolvimento com assaltos a bancos e carros fortes, diz como o Comando Vermelho lidava com a ascensão das milícias nas comunidades cariocas e faz graves acusações sobre o crescimento de milicianos no Estado.

E mais: Dona Maria Auxiliadora revela pela primeira vez como é ser mãe de um homem considerado pela polícia um dos principais líderes do crime organizado, e preso há mais de duas décadas. “Eu chego na visita, eu olho pro semblante do meu filho, sangra o meu coração de ver um semblante, assim, triste, um semblante abatido, magro”.

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