Ministro do STF fala sobre corrupção e a atual situação política do país no Conversa com Bial

Publicado em 22/08/2017

Desde 2013 atuando como ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso vem de Vassouras (RJ), “cidade que mais deu ministros ao Supremo”, segundo o entrevistado do ‘Conversa com Bial’ desta terça-feira, dia 22. Embora não tivesse esse sonho, viu sua nova carreira se desenhar ao ser nomeado pela ex-presidente Dilma Rousseff, o que viu com bons olhos: “Estar no Supremo te expõe muito. Embora seja muito trabalhoso, a possibilidade de servir ao país sem qualquer outro interesse que não seja fazer o bem à nação é uma bênção”.

Enquanto, no Judiciário, exerce a função pela lógica do “justo ou injusto”, e não do “amigo ou inimigo”, na entrevista a Pedro Bial, ele não deixa sem resposta algumas perguntas importantes, sem perder a discrição. Quando questionado se, por acaso, tivesse de julgar os pais de sua afilhada de casamento (uma referência ao recente caso envolvendo Gilmar Mendes e a família Barata, no Rio de Janeiro), o ministro responde: “Eu tenho como princípio não comentar situações de colegas e nem criticá-los publicamente. Tenho o hábito de não fazer isso, o que não significa que eu não tenha opiniões. A vida funciona melhor assim, mas a minha resposta é não”. O mesmo acontece quando é levado a fazer considerações sobre o presidente Michel Temer, que é também advogado. “Michel Temer é um jurista que escreve com muita clareza. Mas esse é o meu juízo técnico. Talvez, se fosse pelo viés político, eu seria mais severo”, declara.

Diante de tantos escândalos envolvendo empresas, políticos e todas as esferas da sociedade, Barroso declara que “talvez nenhum país tenha tido a coragem que tivemos de destampar e não empurrar a poeira para debaixo do tapete”. E completa: “A corrupção é histórica, mas ela foi aumentando por conta da impunidade. Não estamos no pior momento, estamos no momento de revelar o que acontece e de nos colocar em outro patamar ético. É impossível não sentir vergonha.”

Sem lançar mão de seu viés humano, Barroso trata, ainda, da ocasião em que fez uma declaração considerada racista – “negro de primeira classe” – a Joaquim Barbosa, embora, segundo ele, fosse um elogio. “É sempre a hora certa de fazer a coisa certa. Não importa o que você diga aos seus filhos, eles prestam atenção no que você faz e não no que você fala. Se eu faço algo errado, paro, peço desculpas e mais nada”, explica, com imagens do momento em que, emocionado, pede desculpas a Joaquim em pleno Supremo Tribunal Federal.

No próximo mês, o ministro lançará, ao lado de outros advogados, o livro “Ele, Shakespeare, visto por nós, os advogados”.

Exibido após o ‘Jornal da Globo’, ‘Conversa com Bial’ tem direção artística de Monica Almeida e direção de conteúdo de Ingo Ostrovsky.

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