O ‘Globo Repórter’ desta sexta-feira, dia 28, conta a história de catadores e recicladores no Brasil. Uma profissão reconhecida pelo Ministério do Trabalho, que faz a indústria da reciclagem funcionar, mas que sofre muito preconceito. O repórter Pedro Bassan percorre as ruas do Brasil para acompanhar pessoas que passam o dia recolhendo materiais em troca de algum dinheiro.
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Em São Paulo, Bassan conhece Sérgio da Silva Bispo. Depois de 10 anos dormindo pelas ruas da capital catando lixo, Bispo agora trabalha motorizado. De carro e com muito planejamento, a sua coleta cresceu e se profissionalizou. “Não só faço a coleta seletiva, mas a gestão de resíduo. Levo, peso, mando relatório. Quando o resíduo não é reciclável, encaminho para o destino correto”, explica. Ele foi abandonado pelos pais, nunca frequentou escola, mas venceu na vida como catador. Hoje frequenta um colégio de classe alta paulistana onde dá palestra sobre reciclagem. E nessa oportunidade desperta nos jovens a importância sobre o seu trabalho. “Agora, toda vez que eu jogo algo no lixo, penso que tem alguém trabalhando para fazer com que tudo isso aconteça”, conta o aluno Philip Weaver.
É Bispo quem empresta um carrinho para que Pedro Bassan experimente, por um dia, a rotina de catador. Não demora muito para ele perceber o quão difícil é o trabalho desses profissionais. “Comecei a sentir medo de bater no trânsito, de ser atropelado, de não ter forças para subir e descer as ladeiras”, conta Bassan. Esse é o desafio diário de Fabiana, que anda muitos quilômetros por dia carregando o filho de 8 anos no carrinho. Quando não está na escola, o garoto acompanha a mãe no trabalho. Um pesquisador da UNIFESP monitora o esforço de Fabiana, instalando um aparelho para medir a quantidade de passos dados por ela.
O ‘Globo Repórter’ vai também a Brasília, capital do país, para mostrar outro título da cidade: o de possuir o maior lixão da América Latina. São 35 milhões de toneladas acumuladas desde a construção da cidade. Homens, mulheres, jovens e idosos se esforçam muito por cada centavo. Pedro Bassan conhece Lucia e D. Raimunda, a mais antiga do lixão. Aos 60 anos, ela se orgulha de poder pagar a faculdade de administração para o filho. Já Lucia sustenta os quatro filhos há 17 anos revirando lixo. Conta que a rotina não é fácil. No primeiro dia, saiu com apenas R$ 1,50. No segundo, com R$ 5, com os quais comprou pão e leite. Mas já teve dia de sair do lixão com R$ 300, já que a renda varia de acordo com o valor do material encontrado. Hoje, ela é presidente de uma cooperativa de catadores e tem casa própria em Luziânia, em Goiás. Por causa do trabalho, só vê a família no fim de semana. Os filhos, que nunca pisaram no lixão, têm orgulho da mãe.