Repórter Camila Silva fala sobre demissão da Globo: “Muita gente não gostava do meu estilo”

Publicado em 22/11/2018

Como noticiamos aqui no Observatório da TV, a repórter Camila Silva foi dispensada da Globo, onde trabalhou por oito anos. Ela anunciou a todos o fim de sua trajetória na emissora em sua conta do Instagram, mas até então não tinha conferido nenhuma entrevista.

Contudo, nesta quinta-feira (22), Camila quis quebrar o silêncio sobre a demissão. Em entrevista ao portal UOL, a profissional que trabalhava no núcleo de esportes do canal contou a razão que lhe deram para o corte.

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“Fui dispensada na quarta-feira, dia 7, com a explicação de que me esforcei, mas que o esporte não está na minha veia e que toda vez que falo disso parece que tenho um ‘gap’. Essas foram as palavras”, revela ela, que não esconde sua incompreensão acerca do ocorrido.

“Cada um enxerga as coisas de um jeito. Pode parecer arrogância, mas prefiro os comentários de quem gosta do meu trabalho e que sempre diz que assistia ao programa por causa das minhas reportagens”, analisa.

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Olhar diferente

A saber, Camila Silva foi “parar” no esporte após uma indicação interna para substituir a colega Natalie Gedra, que foi para a ESPN. Bastante elogiada por seu texto leve e livre de tradicionalismos, a repórter explica que houve quem não avaliasse bem o seu perfil.

“Dediquei-me a trazer uma narrativa jornalística diferente, mais documental às vezes, focada em comportamento e humanização de personagens. Muitas matérias foram elogiadas, guardo os e-mails. Muita gente não gostava do meu estilo, Foi meio cansativo ter que adequar um olhar mais livre para outro mais viciado, que já tinha na redação de esporte. Sofri muito porque as pessoas não entendiam meus roteiros, criticavam, queria a ‘boleira’ que nunca existiu”, relata Camila, que era uma das únicas negras do núcleo jornalístico do canal.

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Camila Silva elogia a Globo

Apesar de ter sido pega de surpresa com o desligamento da empresa, onde começou sua carreira como estagiária, Camila Silva não guarda mágoas.

Na entrevista ao UOL ela aproveitou para elogiar a emissora e recomendá-la para quem está iniciando a vida profissional na área.

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“É um ótimo lugar para se trabalhar e fazer amigos. Aconselho a meninos e meninas estagiarem, trabalharem lá porque tem uma estrutura, te dá estabilidade e, sinceramente, percebo um esforço descomunal para ter um impacto positivo na sociedade e nas agendas atuais – com o feminismo, contra o machismo e o racismo”, opinou.

Por outro lado, a profissional, que está sem um novo trabalho em vista, apontou casos de racismo e machismo nos bastidores do canal.

“Na época do ‘Mexeu com uma, mexeu com todas’, havia gente na redação que fazia piadas. A pessoa não percebe que é machista!”, disse Camila, relembrando a campanha motivada por atrizes da Globo após uma figurinista ter denunciado José Mayer por assédio.

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