Os Adolescentes: muito antes de Malhação, os dilemas dos jovens na TV

Publicado em 28/09/2018

No dia 28 de setembro de 1981, a Rede Bandeirantes estreou às 21h30 Os Adolescentes, de Ivani Ribeiro. Intitulada “novela-reportagem” por seu teor de investigação e uso da dramaturgia para esclarecimento das questões da geração 1980, a novela teve sua exibição às 20h, como pretendia a emissora, impedida pela Censura.

Os problemas de alguns adolescentes principais, com seus conflitos e famílias, conduziam a história. Bia (Júlia Lemmertz) engravidava do namorado, ao passo que seu irmão Doca (André di Biase) se deixava envolver pelos tóxicos. Caíto (Flávio Guarnieri) não sabia bem como lidar com sua homossexualidade. Majô (Tássia Camargo) se interessava por Túlio (Kito Junqueira), novo companheiro de sua mãe, Raquel (Márcia de Windsor).

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Os pais de Bia e Doca eram Paula (Norma Bengell) e Odilon (Paulo Villaça). O casamento dos dois não era feliz. Caíto era filho de Marilu (Imara Reis) e Dirceu (Roberto Maya). Iracema (Beatriz Segall), mulher pobre, era mãe de Liminha (Hugo Della Santa), que se envolve com Raquel. E também de Leonel (José Parisi Jr.), que morre no começo da história durante uma corrida de motocicletas.

O professor e seu passado

Túlio tinha bastante destaque na história. Professor da escola onde vários personagens estudavam, ele enfrentava um fantasma do passado. Anteriormente ao relacionamento com Raquel, Túlio havia sido casado. A esposa morreu e uma irmã dela, Fernanda (Selma Egrei), desejava se vingar dele em virtude de considerá-lo responsável pelo fato. Além disso, Fernanda se empregou na mesma escola, para acompanhar Túlio de perto.

O professor escondia não só essa página pregressa de sua vida, mas também o vício que teve durante algum tempo: drogas. Fernanda é sabedora desse pormenor e se vale disso para tumultuar a vida do cunhado.

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Desagrado de Ivani e mudança de autor

Ivani Ribeiro não escondeu seu desagrado com o fato de que, pela primeira vez em décadas, não pôde palpitar na escolha do elenco da novela. Somem-se a isso as periódicas investidas da Rede Globo para contratá-la e temos aqui a receita para uma troca de emissora. Por volta do capítulo 50, Os Adolescentes passou a ter texto de Jorge Andrade.

O dramaturgo alterou o tom da novela, amenizando um pouco os dramas dos adolescentes protagonistas. E criou também novos personagens para acelerar os conflitos. Diogo (Jairo Arco e Flexa), o marido de Iracema, reapareceu reivindicando sua posição e atrapalhando o caso de amor da costureira com o fazendeiro Joaquim (Fábio Cardoso). Para desagrado de Paula, cunhada de Joaquim, para quem se insinuava.

Uma senhora idosa que se dava muito bem com os jovens, Clô (Arlete Montenegro), foi outra personagem nova que surgiu. Inicialmente destinada a Cleyde Yaconis, Clô morava com a irmã Luciana (Lúcia Mello). Especialmente Caíto se aproximou muito dela, e como resultado conseguiu se compreender melhor.

Dirigida por Atílio Riccó com supervisão de Antonio Abujamra, Os Adolescentes abordou quase 15 anos antes da estreia da soap opera global Malhação diversos temas tabus dessa fase da vida. Ademais, o fez dando voz aos próprios adolescentes, com sua linguagem. Ainda, lançou diversos atores. Além de Júlia, Tássia, André e Hugo, estrearam em novelas aqui Lília Cabral, Mayara Magri e Carlos Takeshi, entre outros.

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