A escalação de atores e apresentadores negros na TV nos últimos anos é mais do que um avanço, é uma necessidade, um direito. Afinal, o Brasil é formado, em sua maioria, por pessoas negras, ou seja, nada mais natural do que vê-las na TV. E é assim que Tais Araújo analisa todo esse contexto. E propriedade no assunto não lhe falta: É atriz, modelo, apresentadora e produtora.
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Em Xica da Silva (1996), ela deu voz a uma das mulheres mais importantes da história do Brasil. Tais foi a primeira atriz negra a protagonizar uma novela das 19h, Da Cor Do Pecado (2004), e também uma trama das 21h, Viver a Viva (2009) na Globo.
Atualmente, apresenta o PopStar aos domingos, e, em breve, estreia Amor de Mãe, nova novela das 21h, que substitui A Dona do Pedaço, como uma advogada.
Mas antes de Tais, outros nomes, no campo feminino, ganharam visibilidade na TV, tanto atrizes como jornalistas que lutaram muito por seus espaços: Ruth de Souza, Zezeh Mota, Iolanda Braga, Janete Vollu, Glória Maria, Zileide Silva, Dulcineía Novaes e Joyce Ribeiro.
Nos últimos anos vieram Camila Pitanga, Isabel Fillards, Ana Carbatti, Sheron Menezes, Aisha Jambo, Walkiria Ribeiro, Jessica Hellen, Lucy Ramos, Jennifer Nascimento, Erika Januza, Paty de Jesus, Maria Gal, Gabriela Moreira, Maju Coutinho, Salcy Lima, Cynthia Martins, Aline Midlej, Luciana Camargo, entre tantas.
É importante que as histórias retratem seu povo, sua história. E isso só acontece quando um trabalho é feito com uma curadoria que vai desde a direção, roteiro, escalação e até o protagonismo em novelas, séries, ou a apresentação de programas e jornais. Queremos ver na tela o que vemos nas ruas: diversidade.
O que antes não era feito como afirma e acredita a atriz. Antes, personagens negros mal existiam em muitas novelas, quando existiam eram empregados domésticos, referência aos tempos da escravidão, ou serviam de apoio para personagens brancos.
Representatividade
“Melhorou muito. Hoje em dia não tem um ou dois atores escalados. Tinha novelas que nem negros tinham, a qualidade dos personagens também melhorou. Não tinha uma dramaturgia voltada para elas, esses personagens serviam de escada, não tinham uma história própria. Nesse sentido melhorou muito, sim, e pra melhor”.
“Estamos num processo de mudança. O ideal é ver o que acontece na rua sendo representado na televisão. O ideal é ligar a televisão e não parecer que a gente está na Suécia. Ainda não estamos no ideal, mas estamos no caminho”, completa a estrela.
*Colaboraram Cadu Safner, Fábio Costa, Fernando Berenguel e Felipe Brandão.