Vende-se Um Véu de Noiva: há 10 anos, o SBT adaptava original de Janete Clair

Publicado em 21/06/2019

Ainda em 2008, quando Revelação, sua novela de estreia, ainda não havia sequer estreado, Íris Abravanel já sabia qual seria seu desafio seguinte. O SBT adquiriu naquele ano os direitos sobre mais de 30 originais de Janete Clair escritos para o rádio nas décadas de 1950 e 1960. Vende-se Um Véu de Noiva foi a história escolhida para inaugurar um ciclo de versões das radionovelas para a televisão no SBT. Anteriormente, em 1969, o mesmo original de rádio serviu de base a Janete para desenvolver Véu de Noiva, primeira novela de características brasileiras da Rede Globo após o período com a cubana Glória Magadan à frente da dramaturgia da emissora. No entanto, a novela do SBT foi bem diferente da feita pela Globo 40 anos antes. Em ambas, o ponto comum é apenas o ponto de partida, a radionovela, já que contaram histórias substancialmente diferentes.

Os antecedentes de Vende-se Um Véu de Noiva

Não foi a primeira vez que uma novela de rádio de Janete Clair foi adaptada para a televisão, a saber. A própria novelista, falecida em 1983, transpôs criações radiofônicas suas para a telinha, incorporando elementos e modificando outros se necessário. Só para exemplificar, Rosa Rebelde (1969) e Pai Herói (1979) foram algumas. Além disso, A Noiva das Trevas foi adaptada em 1987 por Walther Negrão com o título Direito de Amar.

Ao contrário do que ocorreu em Revelação, quando de experientes em teledramaturgia na equipe de roteiro havia apenas Yves Dumont (supervisor) e Thereza Di Giácomo (consultora), para Vende-se Um Véu de Noiva foram recrutadas as roteiristas Yoya Wursch e Jaqueline Vargas. A segunda nunca havia trabalhado no SBT, ao passo que a primeira foi uma das autoras de Colégio Brasil e Dona Anja, novelas apresentadas entre 1996 e 1997 pela emissora.

Cenário fictício quase deu nome à adaptação de Vende-se Um Véu de Noiva

Uma semana antes da estreia da novela, a emissora exibiu uma edição especial do SBT Repórter, à época alocado na grade às 20h, para promover o lançamento. O programa, com reportagem de Patrícia Vasconcellos e Luiz Bacci, contou toda a trajetória de Janete Clair e falou dos bastidores das gravações de Vende-se Um Véu de Noiva. Na mesma noite o SBT Repórter foi exibido uma segunda vez, à 0h15min.

Após alguns meses anunciada com o mesmo título do original radiofônica, Vende-se Um Véu de Noiva, no final de abril, início de maio de 2009 a novela começou a ser divulgada com outro título provisório: A Ilha do Profeta. Cenário principal do enredo na adaptação de Íris Abravanel, a tal ilha por pouco não saiu na frente do título de Janete Clair e batizou o projeto. A Ilha Mágica foi outro título de trabalho, por assim dizer, antes de ser batido o martelo a favor da manutenção do nome original.

A história de Vende-se Um Véu de Noiva

A primeira fase da novela se passa na década de 1980. Rubens Baronese (Nando Rodrigues) e a jovem Maria Célia (Thaís Pacholek) se conhecem e se apaixonam perdidamente. Mas a invejosa Eunice (Samantha Dalsoglio), prima de Eunice, resolve afastar o casal a fim de ter Rubens para si. Maria Célia engravida e, pouco depois, ela morre em circunstâncias controversas. Supostamente, a criança também morre. Rubens acaba encontrando o consolo de que precisa em Eunice e os dois se casam.

A segunda fase se passa no final dos anos 2000. Gustavo (Daniel Alvim) é o filho de Rubens (Zecarlos Machado) e Eunice (Elaine Cristina). O passar dos anos deixou muito claro para Rubens o erro que cometera ao casar-se com Eunice, e ele não deixa de recordar com carinho a amada da juventude. Além disso, Cora (Maria Estela), tia de Rubens, sempre desconfiou da índole de Eunice, desde quando o sobrinho e sua esposa foram morar com ela no litoral.

Dois homens são apaixonados por Eliana além de Gustavo. O mecânico Mário (Fábio Villa Verde), noivo dela no início, e Daniel (Jiddu Pinheiro), irmão de criação da moça. O que até certo ponto da história não se sabe é que Daniel foi criado por (Tânia Bondezan) e Fabrício (Roberto Lopes), pais de Eliana, mas é o filho de Maria Célia e Rubens. Além disso, Thaís Pacholek voltou à cena como Renata, muito parecida com Maria Célia e que leva Rubens a tomar coragem de enfim colocar um ponto final em seu casamento com a detestável Eunice. No entanto, aliada ao advogado Homero (Marcos Winter), ela não pretende sair por baixo.

Curiosidades sobre o elenco e a produção de Vende-se Um Véu de Noiva

Com efeito, o elenco da novela basicamente aproveitava todos os elementos que pudesse de Revelação. Na época, praticamente só não teve o contrato renovado de uma novela para a outra quem não quis, como Tainá Miller. Sérgio Abreu, mocinho de Revelação, seria o inescrupuloso advogado Homero em Vende-se Um Véu de Noiva, mas o papel ficou com Marcos Winter.

Vende-se Um Véu de Noiva foi a primeira novela gravada pelo SBT em full HD, e a ambientação litorânea propiciou a gravação de cerca de três quartos das cenas em externas, ao menos no começo dos trabalhos. O orçamento era de R$ 180 mil por capítulo, abaixo do valor investido pela Rede Globo, que em 2009 era de cerca de R$ 250 mil em média.

Diversos apresentadores fizeram participações na novela

Duas figuras pouco usuais em teledramaturgia marcaram presença na novela. Na primeira fase, Moacyr Franco fez uma participação especial como o grosseirão Walter, dono de um restaurante. Na segunda, Alexandre Bacci, ex-Globo, onde apresentou o Globo Esporte, interpretou o personagem Tobias. Era um ambientalista que investiga um vazamento de óleo no mar perto da Ilha do Profeta. Anteriormente, Bacci havia ingressado no SBT como um dos apresentadores da revista eletrônica vespertina Olha Você, de vida curta. Além disso, o ex-VJ da MTV Brasil Max Fivelinha fez uma participação especial na novela no papel de Pepe, um artista plástico que apareceu em apenas um capítulo.

Até o Patrão entrou na dança

Alguns apresentadores do cast do SBT fizeram participações especiais na novela. Christina Rocha viveu Evinha, a tia motoqueira de Cris (Talita Castro), enquanto Ratinho apareceu na pele do Dr. Caetano, um advogado procurado por Josias (Ernando Thiago). O próprio Silvio Santos fez uma ponta interpretando a si mesmo. Foi durante uma participação de Isabel (Anastácia Custódio) em seu programa Roda a Roda Jequiti. Na ficção, Isabel era consultora da Jequiti. Um cupom enviado por uma de suas clientes foi sorteado por Silvio, o que a credenciou a disputar os prêmios em dinheiro na atração da TV. Ademais, Hebe Camargo, Carlos Alberto de Nóbrega, Celso Portiolli, Eliana, Isabela Fiorentino e Arlindo Grund também apareceram na novela interpretando a si mesmos.

A audiência da novela foi bastante oscilante na época. A certa altura da exibição, uma grande concorrência foi representada por Bela, a Feia, da Record TV, que mudou várias vezes de horário e chegou às 22h. De modo que no SBT não apenas foram registradas noites com 3 ou 4 pontos como também houve empates com a concorrente, atualmente em reprise, protagonizada por Giselle Itié e Bruno Ferrari.

Nesses 10 anos, Vende-se Um Véu de Noiva foi o único original de Janete Clair dos mais de 30 adquiridos a ser adaptado pelo SBT. A saber, O Acusador e A Família Borges, novelas escritas por Janete para a TV Tupi, também constam do pacote. Não há nenhuma previsão de que venham a ser aproveitados num futuro próximo. E nem de uma reprise da história de Rubens, Maria Célia, Eunice, Eliana, Gustavo e Renata.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade