Tropicaliente: 25 anos da novela que impulsionou o turismo no Nordeste

Publicado em 16/05/2019

Em 16 de maio de 1994, portanto, há exatos 25 anos, a Rede Globo lançou em seu horário das 18h mais uma novela de Walther Negrão. Tropicaliente chegava com a missão de manter os bons índices de audiência de suas antecessoras imediatas na faixa, a saber, Sonho Meu e Mulheres de Areia, ambas de grande sucesso. As mesmas duas novelas separavam Tropicaliente da empreitada anterior de Negrão, Despedida de Solteiro. A emissora havia solicitado a Negrão uma nova sinopse, que quase entrou às 19h como substituta de Olho no Olho. No entanto, a opção pelo remake de A Viagem fez com que Tropicaliente voltasse ao horário inicialmente pensado.

A história de Tropicaliente

Herson Capri e Sílvia Pfeifer em Tropicaliente (Divulgação/TV Globo)
Herson Capri e Sílvia Pfeifer em Tropicaliente DivulgaçãoTV Globo

Na juventude, a rica Letícia (Sílvia Pfeifer) abandonou tudo para viver um romance com o pescador Ramiro (Herson Capri). As diferenças de hábitos e visão de mundo atrapalharam e o casal ainda imaturo acabou por se separar. Ramiro passa três meses em alto-mar, trabalhando, e quando volta não encontra mais a amada, que acreditou ter sido abandonada e viajou para o exterior.

Regina Dourado em Tropicaliente (Divulgação/TV Globo)
Regina Dourado em Tropicaliente DivulgaçãoTV Globo

Cerca de 20 anos se passam. Nesse ínterim, Letícia se casou com Jordí (Jonas Bloch) e Ramiro se uniu a Serena (Regina Dourado). Cada casal teve dois filhos, respectivamente Vítor (Selton Mello) e Amanda (Paloma Duarte), Cassiano (Márcio Garcia) e Açucena (Carolina Dieckmann). No entanto, Ramiro e Letícia jamais se esqueceram um do outro. Já viúva, Letícia volta a Fortaleza para ajudar o pai, Gaspar (Francisco Cuoco), a cuidar das empresas da família, que incluem negócios na indústria pesqueira e também um estaleiro. Na verdade, Gaspar desejava se afastar de vez do trabalho para curtir a vida ao lado da segunda esposa, Estela (Branca de Camargo).

Francisco Cuoco em Tropicaliente (Divulgação/Memória Globo)
Francisco Cuoco em Tropicaliente DivulgaçãoMemória Globo

Ao se reencontrarem, Ramiro e Letícia veem a paixão da juventude ganhar novo fôlego. E retomam o romance, para sofrimento de Serena, desagrado de Gaspar e ainda mais revolta de Vítor. Chegam mesmo a repetir a experiência de viver numa simples cabana na praia. Claro que não dá certo (novamente), e eles se separam, felizes por tudo de bom que viveram, mas cientes de que se tornaram pessoas diferentes.

Com os filhos, a história se repete, mas com o ódio em lugar do amor

Vítor é um rapaz revoltado, insolente e de modos sombrios. Acusa Letícia de ter matado seu pai e se envolve com Açucena para humilhar a jovem e atingir a mãe. Amanda, por sua vez, se apaixona pelo arquiteto François (Victor Fasano), interessado em Letícia.

Cassiano é noivo da bela Dalila (Carla Marins), filha do pescador Samuel (Stênio Garcia) e de Ester (Ana Rosa), casal amigo de Ramiro e Serena. O rapaz é alvo do interesse amoroso de Pitanga (Gabriela Alves), filha de Manuela (Cinira Camargo), a dona do quiosque que os pescadores frequentam. Manuela teve na juventude um romance com Conrado (Antônio Grassi), que gerou Pitanga, mas era apaixonada por Samuel. Seu pai, o misterioso Bujarrona (Nelson Dantas), era um velho marinheiro que também guardava seus segredos.

Samuel e Ester são também pais de Davi (Delano Avelar), que trabalha nas empresas de Gaspar e tem vergonha de sua origem pobre. Noivo de Olívia (Leila Lopes), seu sonho é ascender socialmente e apagar o passado.

Olívia é filha de Bonfim (Edney Giovenazzi), amigo de Gaspar que também trabalha com ele. Sua mãe é a deslumbrada Isabel (Lúcia Alves), que renega sua juventude como empregada doméstica. Os dois têm ainda o filho Luís Roberto, ou Pessoa (Guga Coelho), adolescente descompromissado, enrolador, mas de boa índole.

Franchico, o malandro que une os núcleos de Tropicaliente

Transitando entre vários núcleos da história de Tropicaliente está Franchico (Cássio Gabus Mendes). Ele chega a Fortaleza em busca de “patos” nos quais possa se escorar e dar eventuais golpes, e o primeiro deles é François. Mas os dois se tornam grandes amigos, e o arquiteto inclusive o hospeda.

O desenrolar da história revela as origens de Franchico: ele é filho de Maria Soledad (Nívea Maria) justamente com Gaspar. Portanto, o malandro é na verdade cheio da nota, meio-irmão de Letícia. Soledad chega a Fortaleza procurando a filha mais nova, Ana Carolina, ou Adrenalina (Natália Lage), como prefere ser chamada. Nisso descobrimos também a origem da garota, que faz grande amizade com Pessoa.

Curiosidades em torno do elenco de Tropicaliente

Por pouco Herson Capri não foi o Júlio, patriarca da família Lemos em Éramos Seis, que estreou uma semana antes de Tropicaliente, no SBT. Chegaram a ser iniciados entendimentos com o ator, mas Othon Bastos ficou com o papel.

Del Rangel seria inicialmente o diretor-geral da novela, mas foi Gonzaga Blota quem liderou a equipe, que contou ainda com Marcelo Travesso e Rogério Gomes. No meio tempo entre o começo dos trabalhos e o início das gravações, Del se acertou com o SBT e foi dirigir Éramos Seis com Henrique Martins e Nilton Travesso.

Herson Capri e Marcio Garcia
Herson Capri e Marcio Garcia em Tropicaliente Divulgação TV Globo

O nome do personagem de Márcio Garcia era uma homenagem de Walther Negrão ao pioneiro da TV Cassiano Gabus Mendes, falecido no ano anterior. Egresso da MTV Brasil (do Grupo Abril, extinta), Márcio estreou em novelas em Tropicaliente. A novela marcou também a estreia de Giovanna Antonelli e Daniela Escobar no gênero.

Mudanças no elenco e a repetição de um tipo

Jofre Soares foi um nome inicialmente pensado para interpretar o velho pescador Bujarrona. Esther Góes também esteve nas primeiras listas de elenco divulgadas pela imprensa. A essa altura, antes de Tropicaliente a novela foi intitulada provisoriamente Summertime e Paixão de Verão.

Samuel não era o primeiro pescador cearense que Stênio Garcia interpretava. Em Final Feliz (1982/83), de Ivani Ribeiro, o ator deu vida ao Mestre Antônio, amigo do protagonista Rodrigo (José Wilker).

Carolina Dieckmann foi lançada na minissérie Sex Appeal, em 1993, e no final do mesmo ano foi escalada para sua primeira novela, Fera Ferida. No entanto, sua personagem na novela era muito pequena, quase uma figuração, e o diretor de núcleo Paulo Ubiratan resolveu tirá-la da atração das 20h e escalá-la para viver Açucena.

Impacto imediato e significativo: novela impulsionou o turismo em todo o Nordeste brasileiro

O governo do estado do Ceará colaborou com a produção de Tropicaliente, visando à promoção que a novela traria ao ambientar sua história lá. O aluguel de um helicóptero para gravações em alto-mar, veículos para transporte de elenco e produção, além de uma mobilização do setor hoteleiro para acomodar os elementos da novela foram algumas das ajudas dadas pelo governo à Globo.

O elenco ia uma vez por mês ao Ceará e passava cerca de dez dias gravando cenas da novela. Com os capítulos no ar, esse ritmo de produção exigiu do autor Walther Negrão que a frente (número de capítulos já escritos em relação ao que está no ar) tivesse que ser de 30 capítulos. Mantida essa margem, tudo correu bem.

O esforço do governo cearense valeu a pena. Principalmente em virtude da exibição da novela em dezenas de países, turistas estrangeiros passaram a acorrer mais ao Ceará e ao Nordeste brasileiro em geral. Mesmo na baixa temporada, maior parte dos meses que Tropicaliente passou no ar, houve um aumento de 30% no número de turistas que visitaram o estado. Walther Negrão se inspirou nas paisagens do Caribe para criar a história.

As reprises da novela

O último capítulo de Tropicaliente foi exibido em 30 de dezembro de 1994. Houve um esticamento porque a substituta Irmãos Coragem, produzida para comemorar os 30 anos da Rede Globo e que por isso deveria estrear apenas em 2 de janeiro de 1995, teve alguns percalços em seus trabalhos iniciais.

Em 20 de março de 2000, a novela reestreou na sessão Vale a Pena Ver de Novo, às 14h45min. Foi bastante compactada, porque todo o período de sua reprise (que durou até 7 de julho) a “espremeu” entre o Mais Você de Ana Maria Braga e a Sessão da Tarde. Seus 194 capítulos foram compactados em 79.

A vitória no voto popular

Em 2014, para a escolha da substituta de História de Amor (1995/96) em seu horário das 15h30, o Canal Viva promoveu uma enquete em seu site. Foram oferecidas três opções: Lua Cheia de Amor (1990/91); Despedida de Solteiro (1992/93); e Tropicaliente, que foi a vencedora com 37% dos votos. A reprise estreou em 10 de novembro de 2014 e foi ao ar até 23 de junho de 2015.

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