Poder Paralelo: 10 anos da audaciosa novela da Record TV

Publicado em 29/04/2019

Em abril de 2009, a Record TV lançou em seu horário das 22h a novela Poder Paralelo, de Lauro César Muniz. A estreia ocorreu no dia 14, no entanto, somente a partir do dia 29 de abril a história ocupou sozinha a faixa nobre da casa, uma vez que por duas semanas dividiu-a com os capítulos finais de Chamas da Vida, de Cristianne Fridman. O título foi escolhido num concurso promovido entre funcionários da emissora. Antes o projeto foi intitulado Vendetta, Operação Vendetta e também Temporada de Caça. A emissora seguia com um filão que anteriormente já dera certo com a novela Vidas Opostas e a série A Lei e o Crime, ambas de Marcílio Moraes. Dramaturgia com temática séria, cenas de ação, perseguições, tiroteios, violência e crimes.

A trama principal de Poder Paralelo

Tony Castellamare (Gabriel Braga Nunes) vive na Itália com a esposa Marina (Daniela Galli) e as duas filhas gêmeas. Logo no início da história, numa referência a Michael Corleone (Al Pacino) da trilogia O Poderoso Chefão, dirigida por Francis Ford Coppola, ele escapa de um atentado à morte com uma bomba instalada em seu automóvel. Todavia, a explosão vitima Marina e as meninas. Seu maior objetivo passa a ser uma vendeta (vingança) pelo ato criminoso.

A trajetória de Tony se liga diretamente à de Bruno Villar (Marcelo Serrado). Empresário bem-sucedido, rico e poderoso, ele não se conforma em perder a amante, a atriz Fernanda Lira (Paloma Duarte), para o italiano. Casado com Maura (Adriana Garambone), não a ama e a trai com tantas mulheres quantas possa. Incluindo aí a própria cunhada Vânia (Bete Coelho). Aliás, tanta riqueza não advém apenas do sucesso nos negócios. Bruno tem ligações estreitas com o crime organizado, e este é mais um ponto que o coloca contra Tony: os dois agem de lados opostos.

Outra mulher que atravessa o caminho de Tony é a jornalista Lígia Brandão (Miriam Freeland). Inicialmente ela se aproxima dele apenas em virtude de obrigações profissionais, mas o interesse mútuo dos dois vai num crescendo até que se descubram apaixonados. Além do triângulo amoroso e da luta contra os mafiosos, Tony precisa descobrir quem é o “Guri”, líder da organização que pretendia (e segue pretendendo) eliminá-lo. Suas suspeitas recaem sobre Bruno por um bom tempo, mas a revelação o choca: o “Guri” é Paulo Garzia (Nicola Siri), supostamente seu grande amigo e que sabia de todos os seus passos. Um grande amigo de Tony – este, verdadeiro – é o delegado Telônio Meira, o Téo (Tuca Andrada).

Outros personagens de destaque em Poder Paralelo

Don Caló (Gracindo Júnior) e Mamma Fredda (Lu Grimaldi) são os pais de Tony e também de Rudy (Petrônio Gontijo) e Gigi (Karen Junqueira). Rudy não é mais nenhum garoto, mas segue inconsequente e problemático, envolvido com drogas. Gigi, a caçula, apaixona-se por Téo.

Com toda a certeza, o casal formado por Nina (Patrícia França) e Pedro (Guilherme Boury) também teve bastante destaque. Filho de Bruno e Maura, o rapaz se apaixona perdidamente por Nina, que tem o dobro de sua idade. Ela foge de seu passado, que inclui um ex-marido violento, (Milhem Cortaz).

Vânia, irmã de Maura e com quem o cunhado Bruno às vezes se diverte, também foi uma personagem interessante. Idem para o pai das duas, Armando (Cecil Thiré), e para uma das poucas pessoas que diziam o que pensavam do vilão, sua sogra Dulce (Eliana Guttman).

O delegado Telônio também tinha um núcleo para além de subordinados e colegas. Vivia um relacionamento com a parceira de trabalho Marília (Maria Ribeiro) e ainda contava com a presença de sua mãe, Sônia (Marly Bueno). No entanto, após a morte de Marília, Téo passa a ser alvo do assédio de Gigi, a despeito da diferença de idade.

Algumas curiosidades em torno de Poder Paralelo

A exemplo de Cidadão Brasileiro (2006), seu trabalho imediatamente anterior, no qual uniu elementos das novelas Escalada (1975) e O Casarão (1976), ambas escritas para a Rede Globo, em Poder Paralelo Lauro César Muniz também fez referências a criações suas. Desta vez, foi principalmente Roda de Fogo (1986), escrita com Marcílio Moraes, que o inspirou a resgatar alguns pontos.

Através das personagens Fernanda e Bruna Maria (Bruna Pietronave), o autor fez referências, reverenciou e criticou o mundo da dramaturgia, especialmente a televisão e o cinema. Ideia semelhante foi desenvolvida por ele em Espelho Mágico (1977), a qual inclusive também tinha uma personagem de nome Bruna Maria (Pepita Rodrigues), atriz de televisão.

Só para ilustrar, Luciano Szafir e Carla Regina tiveram os nomes divulgados para Poder Paralelo, mas acabaram sendo deslocados para outras produções da Record TV na época. A saber, Promessas de Amor e Bela, a Feia, atualmente em reprise, respectivamente. Fernando Pavão e Luciana Braga assumiram os personagens, que entraram na novela com cerca de dois meses no ar.

Inicialmente, mais de um ano antes da estreia, a intenção de Lauro César Muniz era contar uma história de nome Machos, baseada numa série de TV do Chile, totalmente diferente desta. Mas problemas com os direitos autorais da obra que seria adaptada e outras indefinições acabaram por mudar os planos, e Lauro partiu para uma novela baseada no romance de Sílvio Lancellotti Honra ou Vendetta, cuja história trata da máfia italiana e de um plano de vingança.

Um reality show e um esticamento no caminho de Poder Paralelo

Com a estreia do reality show A Fazenda, em junho de 2009, os capítulos deixaram de ir ao ar aos sábados e durante a semana o horário passou a flutuar na grade. Além disso, o capítulo de 10 de novembro de 2009 foi reapresentado na noite seguinte devido a um blecaute que atingiu quase a totalidade do país.

Em novembro de 2009, ocorreu a estreia de uma nova temporada de A Fazenda. De tal forma que os capítulos passaram a entrar no ar entre 22h30 e 23h. Chegou-se a mesmo a ter o início às 23h15min, a saber. O fato desagradou muito a Lauro e ao diretor-geral Ignácio Coqueiro, que se manifestaram publicamente a respeito. Ademais, alguns problemas nos preparativos iniciais da novela substituta, Ribeirão do Tempo, fizeram com que Poder Paralelo chegasse aos 237 capítulos. Com efeito, sem exibição aos sábados na maior parte do tempo que ficou em cartaz, a novela pareceu mais longa do que de fato foi.

Além disso, o sotaque italianado de alguns intérpretes foi bastante criticado. Mas nada que tenha comprometido o bom trabalho de Lauro, que uma vez mais se exibiu como um mestre da telenovela. Com ele, escreveram Poder Paralelo Dora Castellar, Aimar Labaki, Newton Cannito, Mario Viana e Rosane Lima. Além de Coqueiro, dirigiram a novela José Carlos Pieri, Leonardo Miranda, Marcus Coqueiro e Sacha Valente.

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