Nos 90 anos de Hebe Camargo, algumas curiosidades “obscuras” de sua vida e carreira

Publicado em 08/03/2019

Neste 8 de março, celebram-se os 90 anos de nascimento de Hebe Camargo. Filha da cidade paulista de Taubaté, a 130 km da capital do estado, ela marcou a televisão brasileira como a maior de suas apresentadoras. Em setembro se completarão sete anos sem ela, falecida em 2012. Hoje o Observatório da Televisão relembra o aniversário de Hebe com algumas curiosidades pouco difundidas sobre sua vida e carreira.

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A maratona de Hebe na TV em seus primeiros tempos como apresentadora

O carisma, a simpatia, a desenvoltura de Hebe no trato com os convidados e a igualdade entre artistas, políticos, intelectuais e gente do povo foram ingredientes que construíram seu sucesso, com toda a certeza. Na segunda metade da década de 1950, quando se lançou oficialmente como apresentadora, Hebe chegou a ter simultaneamente seis programas. Só aos sábados ficava fora do ar na TV Paulista. Segunda-feira, só para ilustrar, era o dia dos Espetáculos Piraquê. Terça, Com a Mão na Massa, que distribuía prêmios. Quarta-feira, O Mundo É das Mulheres, carro-chefe da linha de shows da emissora. Na quinta, Musical Manon, na sexta Maiôs à Beira-mar e aos domingos os Espetáculos Toddy. Inesperadamente, até mesmo a Praça da Alegria Hebe apresentou, durante férias de Manoel de Nóbrega.

Uma indelicadeza inesquecível quase levou Hebe a parar de cantar em público

Foi em 1974. Hebe enfim levava seu programa ao ar através da pioneira Rede Tupi, que lutava contra a já instaurada hegemonia da Globo. O produtor, diretor e apresentador Wilton Franco foi incorporado à equipe responsável pela atração. A relação dos dois não era das melhores, em virtude do jeitão de Wilton, um pouco grosseiro no estúdio, por exemplo. No entanto, uma atitude sua em especial magoou Hebe profundamente. Como era usual, uma noite Hebe abriu o programa cantando. Na ocasião em questão, a música era “Universo No Teu Corpo”, de Taiguara. Ainda nos primeiros versos, Hebe ouviu no ponto a seguinte declaração de Wilton: “Alguém precisa ensinar essa velha a cantar. Como desafina!”. Wilton falava com um colega da equipe, mas Hebe ouviu e prometeu para si mesma nunca mais cantar em público. Menos ainda gravar discos. Felizmente, ainda que passados muitos anos, ela voltou atrás.

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O estilo espontâneo e desbocado de Hebe, sem roteiro e sem amarras, começou no rádio

Até os anos 1970, quando fez uma de suas pausas nos programas de televisão, Hebe Camargo em geral obedecia a um roteiro pré-estabelecido. Especialmente em relação às perguntas, apesar de dar à condução do espetáculo seu toque especial de graça e simpatia. Todavia, na segunda metade da década de 1970, ao apresentar um programa matutino na Rádio Mulher, foi que Hebe iniciou o estilo que as gerações mais jovens conhecem. A necessidade de uma opinião própria, bem como a liberdade do microfone aberto para dizer o que lhe desse na telha, moldou o estilo de apresentação de programas de Hebe na televisão de 1979 em diante.

Hebe na teledramaturgia e no humor

Ao longo de sua carreira, Hebe Camargo fez algumas aparições em programas humorísticos e novelas. Em algumas ocasiões interpretou personagens fictícias, ao passo que em outras foi “ela mesma”. Nos anos 1960, participou de episódios do humorístico A Família Trapo e do Show do Dia 7, espetáculo mensal da Record. Tornou-se célebre a versão de Romeu e Julieta protagonizada por Hebe e Ronald Golias, posteriormente refeita duas vezes no SBT.

Em 1971, quando a Record exibia a novela As Pupilas do Senhor Reitor, Hebe entrou na história no papel de uma cantora, Magali do Porto. O texto era de Lauro César Muniz e a direção, de Dionísio Azevedo, que também vivia o Senhor Reitor do título. Anteriormente, em seu tempo de “apenas” cantora, Hebe havia usado o nome de Magali Porto durante curto período. Supõe-se por isso que ela tenha sugerido o nome da personagem na novela. Em 1995, quando o SBT refez a novela, Lucinha Lins viveu Magali, a saber.

Hebe também apareceu em O Profeta (1977/78), de Ivani Ribeiro, na Tupi. O protagonista Daniel (Carlos Augusto Strazzer) se apresentou no programa dela. Entretanto, não deixa de ser curioso que na “vida real”, à época, Hebe não estivesse atuando na TV. Em outra novela sua, já na Bandeirantes, Ivani voltou a contar com Hebe. Ela foi uma grande amiga de Joana (Márcia de Windsor) numa participação mais do que especial em Cavalo Amarelo (1980). Além disso, a loira apareceu de novo em novelas vivendo a si mesma em Amigas e Rivais (2007/08), no SBT. Aqui o texto era de Letícia Dornelles, a partir do original de Emilio Larrosa e Alejandro Pohlenz.

Hebe na Globo?

Nunca aconteceu, ao menos não com Hebe como contratada da casa. Mas foi por pouco. Em 1982, ao trazer Chacrinha de volta após 10 anos de afastamento, a Rede Globo também pensou em ter Hebe. Os dois comporiam uma tarde de sábado imbatível, a saber, Hebe das 14h às 16h e Chacrinha daí até as 18h. Não houve acerto em virtude da apresentadora não concordar com o horário, e ficou por isso.

Ressalte-se a ótima fonte que foi o livro de Artur Xexéo, Hebe – A Biografia, lançado em 2017 pela Editora Best Seller. Indicado ao Prêmio Jabuti na categoria Biografia, o livro é leitura indispensável para estudiosos e fãs da loira, e uma fonte preciosa.

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