Dono da Rede TV!, Marcelo de Carvalho destaca que crise da Abril é culpa da Globo: “Espécie de propina”

Publicado em 22/01/2019

Nesta terça-feira (22), o jornal Folha de S. Paulo publicou inesperadamente um texto escrito por Marcelo de Carvalho, um dos donos da Rede TV!. Com o título O responsável pela morte da Abril, a publicação fala sobre o grande quantidade de verba publicitária que é destinada à Globo – o que seria um dos motivos da grande crise enfrentada pela empresa.

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“E por que não há dinheiro? Porque a maior parte das verbas publicitárias vai para a Globo devido ao BV (bonificação por volume), um rebate de bilhões pagos para agências de publicidade. Para se ter uma ideia, só no meio TV, a Globo, com apenas 33% de audiência, fica até com 90% do dinheiro do mercado – em anos de crise como os últimos, em que há um natural enxugamento de verbas dos anunciantes, esse ralo passa a chupar também as verbas dos outros meios”, destacou surpreendentemente o empresário.

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“Esse, sim, é o verdadeiro vilão da derrocada da Abril e do sufoco do mercado como um todo: o BV, eufemisticamente chamado de ‘Planos de Incentivo’, uma espécie de propina legalizada. Nos grandes mercados do mundo, especialmente os EUA, essa prática é crime. Foi proibida, pois, ao passar um benefício ao intermediário, na melhor das hipóteses, este pode ser tentado a alocar os investimentos de seus clientes onde lhe é mais rentável, e não onde é mais rentável para o anunciante”, explicou o famoso.

Coincidência…

“Não há cálculo de mídia, de rentabilidade ou adequação de público que justifique a concentração de até 90% das verbas em um veículo que tem 33% de audiência. E aí mínguam os anúncios na Veja, na Claudia e, por consequência, míngua a Abril. Essa prática foi consagrada por uma lei do ex-presidente Lula em 2010, por coincidência às vésperas do mensalão, por coincidência coordenado por um publicitário, Marcos Valério, por coincidência julgado o caixa pagador do propinoduto com muitos recursos que teriam vindo… Por meio do BV”, apontou  inesperadamente o comunicador.

Monopólio?

Contudo, o artista disse que a situação não pode ser generalizada. “A publicidade brasileira está lotada de profissionais sérios e brilhantes, que fazem o melhor pelos clientes. Mas, enquanto não for proibida essa prática, continuaremos a ver um verdadeiro assassinato em massa dos outros veículos, um atentado à liberdade de imprensa, a continuação da hegemonia de um só microfone em detrimento dos demais”, avaliou Marcelo.

“Enquanto não for endereçada a questão do BV, será impossível termos a real pluralidade de comunicação, fundamental para uma democracia e uma sociedade complexa como a nossa”, concluiu, enfim, Carvalho.

Pelo Facebook, a  Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP) fez uma postagem após a polêmica. “Sobre a lenda do BV, artigo esclarecedor do presidente da ABAP, Mario D’Andrea, hoje na página 3 da Folha de S. Paulo. Vale a leitura”, escreveram, colocando o link do texto. Leia aqui.  A saber, procurada, a TV Globo declarou ter o mesmo posicionamento.

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