Saiba tudo sobre O Natal Perfeito, especial que a Globo exibe na noite de natal

Publicado em 24/12/2018

Um mundo criado a partir de tudo o que já existe, onde é possível ressignificar, transformar e reciclar. Roupas, objetos de decoração, moradia, alimentos, brinquedos. Todos produzidos a partir da necessidade de serem consumidos. Em contraponto, um mundo onde tudo se compra e é alcançado com o dinheiro. Mundos distintos e tão próximos, separados apenas por um muro. O Natal Perfeito é uma fábula sobre amizade, consciência ambiental e ética. O especial de fim de ano, que vai ao ar na noite do dia 24 de dezembro, conta a história de Catarina (Melissa Nóbrega), uma menina que vive em um condomínio de luxo e decide fugir de casa porque seus pais não compraram o presente que ela esperava.

Ao cruzar o muro, desmaia e é resgatada por Jonas (Cauã Antunes), menino órfão que mora em um ferro-velho e constrói a sua realidade a partir do lixo, cercado por acessórios e engenhocas feitos de sucata. Jonas não desperdiça os recursos e tem um amigo que é sua melhor companhia, o Senhor Perfeito (Caio Blat). Uma figura completamente imperfeita e desfigurada, mas que se conecta genuinamente com o outro. Daí sua perfeição. Com direção artística de Vinícius Coimbra e texto de Priscila Steinman, o especial ‘O Natal Perfeito’ traz o conceito de reaproveitamento e economia de recursos, com a valorização das coisas simples da vida.

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Conceito

Para a autora Priscila, o público terá a oportunidade de se encantar com uma história de amizade, poética, com um discurso social que fala sobre a realidade brasileira. “O ‘Natal Perfeito’ invoca o espírito da fé. A fé no outro, no coletivo, nas suas ações, na transformação. Somos nós que precisamos agir para que as coisas possam melhorar. O especial é esteticamente belo e fala de temas importantes e necessários para refletirmos. Adoraria que essa história se encaminhasse para um lugar de questionamento sobre o nosso mundo, nosso comportamento. Seria uma realização muito potente se as pessoas se emocionassem com essa possibilidade de transformação e se na prática mudassem alguma atitude da vida delas”.

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Palavra do diretor

O diretor artístico Vinícius Coimbra destaca a força do projeto. “É fantástico trabalhar com crianças em um universo fabular. Quando a ideia é boa, carrega toda a equipe, contagia porque tem uma força própria. É a primeira vez que dirijo protagonistas crianças e está sendo uma experiência fantástica. Não tenho dúvida de que quem assistir vai se emocionar. Tem muita poesia e emoção no texto. As pessoas são necessariamente afetadas. Espero que reflitam sobre o Natal e sobre o que a gente pode produzir”.

O Natal Perfeito é escrito por Priscila Steinman, com direção artística de Vinícius Coimbra. No elenco, estão Bruno Cabrerizo, Tainá Müller, Caio Blat, Alexandre Zachia, e as crianças Cauã Antunes e Melissa Nóbrega, além da participação especial do bailarino Tadashi Endo. O especial vai ao ar no dia 24 de dezembro, após a novela ‘O Sétimo Guardião’, e será reprisado no dia 25, após a ‘Sessão da Tarde’.

Direção de arte traz o conceito de ressignificar

Um especial que enaltece o consumo consciente e o reaproveitamento de materiais não poderia ter outro caminho: o grande desafio da direção de arte foi utilizar o máximo de material já existente nos Estúdios Globo. Segundo o diretor de arte Moa Batsow, o primeiro passo foi reaproveitar o material descartado no complexo de estúdios. “Temos uma central de lixo bem grande, onde o material é todo reciclado. Acessamos esse lixo e o acervo. Fizemos uma grande peneira para ver o que poderíamos aproveitar e fomos a depósitos externos. Tivemos uma economia de 70% pelo menos”, ressalta ele.

No cenário, foram aproveitadas sucatas para formar a escada que leva ao jardim, onde a horta é feita com vasos e louças de banheiro. Eletrodomésticos velhos e amassados compuseram o ambiente. “Também usamos sucata eletrônica e quase um contêiner inteiro de pneus que era do lixo dos Estúdios Globo. Todos os objetos de cena foram elaborados, mexidos, texturizados e ressignificados.

Não tem nada que foi colocado lá do jeito que era. A mesa, por exemplo, é uma tábua de passar roupa”, destaca o diretor, que contou com o artista plástico Anderson Dias para montar o corpo do Senhor Perfeito. A cadeira de rodas do personagem foi encontrada em um ferro velho, assim como a cadeira de avião, que forma o todo. Já o pescoço é de mola e as demais partes do corpo são compostas por um ventilador, secador de cabelo e pedaços de manequim.

 Caixinha de música

Outra engrenagem de destaque na história é a “caixinha de música” que se transforma em um chuveiro. A estrutura é uma junção de sobras de cano e a parte maior é um tambor interno de máquina de lavar roupa com uns parafusos que batem em colheres e emitem o som. Já o lixão é limpo, diferente de um aterro sanitário. É um ferro-velho com material reciclável, sem lixo orgânico ou plástico.

O ônibus, local onde mora Jonas, traduz a consciência do menino, que aproveita tudo o que encontra. É dividido em banheiro, quarto, sala, cozinha e copa. As mesas são feitas de tábua de passar roupa e sucata de máquina de café; o chuveiro e o semáforo se transformam em porta-treco; a lupa da mesa é segurada por uma luminária articulada com uma mão de manequim; e a pia é uma peça de balança, com uma luminária.

“É um trabalho muito vivo porque as ideias do projeto vêm a partir do momento em que você encontra as peças. Elas falam para você o que vão virar. Montamos um núcleo de criação com os objetos que encontrávamos. Todo mundo virou criança. Foram três semanas com a mão na massa”, lembra Moa.

 A paleta do lixão é básica, neutra, mais voltada para cinza, prata, preto. A cor viva é presente na plantação, com o verde, e o vermelho em poucos figurinos e alimentos. Já o chão, formado por 25 metros cúbicos de saibro no piso do estúdio, é da paleta mais avermelhada, fazendo uma referência a Marte.

Produção do cenário

Para a produção do cenário, foram utilizadas três toneladas de pallet de spray cor natural prensado, cinco toneladas de perfis de alumínio pós-industrial, cinco toneladas de panelas, uma tonelada e meia de aço inox, três toneladas de perfil de alumínio natural prensado, três de aço estrutural misto e cinco de tubos de rodas, além de cinco gabinetes de geladeira.

Figurino acompanha o conceito do reaproveitamento

O figurino, assinado por Marie Salles, se destaca pela criatividade e objetos inusitados, como os utilizados para formar a roupa de Raul (Alexandre Zachia) e o colete do Jonas (Cauã Antunes). Para compor o visual do menino que mora no lixão, Marie ressignificou as próprias coisas do personagem, inclusive a roupa, que é feita de telefone, fita cassete, peças de computador, teclado, catavento, latinha, concha, peneira, colher, baterias… Tudo de alumínio para não pesar.

“Esse mundo foi ele que fez, por isso que tudo é meio mambembe. Ele é um inventor, vai consertando relógios que pega e mistura as partes com fio de telefone, por exemplo. Tudo tem um porquê”, ressalta a figurinista. O figurino de Raul (Alexandra Zachia) representa o plástico, considerado um grande vilão do meio ambiente. “Ele usa um poncho, que teve inspiração no Bispo do Rosário. O Raul tem uma calça do cobertor de prensado (aquele cobertor de mendigo), um boot todo de fita isolante porque é muito velho, e tem o chapéu.

É um homem meio viking, que usa uma cabeça de lobisomem e no sonho de Catarina a roupa dele é de pelo, feito de uma pelúcia falsa. Trash na visão de uma criança. Fizemos como se ele emergisse da terra, com um quimono de atadura. Costuramos várias e fizemos o tecido, que tem folhas também”, destaca a figurinista.

Família de Catarina 

Já a família de Catarina (Melissa Nóbrega) é vintage por ser atemporal. Marie compara a uma família ideal das décadas de 50 e 60. Segundo ela, o vermelho na roupa de Catarina está relacionado ao crescer, à mudança, ao que colhe.

Entrevista com a autora Priscila Steinman

A autora morou em Israel, onde trabalhou como professora de imigrantes etíopes, estudou em uma faculdade de educação não-formal, morou em um Kibutz e trabalhou como palhaça médica no hospital Hadassa, em Jerusalém. Neste período, escreveu, dirigiu e atuou em sua primeira peça de teatro, em hebraico. No Brasil, se formou nas faculdades de artes cênicas e cinema. Trabalhou como atriz em 6 filmes nacionais, como “Pequeno Dicionário Amoroso 2”, “Segundo Tempo”, “4×100”.

Na televisão, se destacou como a vilã Sofia, da novela “Totalmente Demais”, além de interpretar outros papéis em projetos como “Justiça” e “Questão de Família”. Já atuou em mais de dez espetáculos teatrais, como “Rita Formiga”, “Como a Gente Gosta”, “O Céu está Vazio”, “O Diário de Anne Frank”, etc. Como roteirista, colaborou no programa ‘Na Moral’ (2012) e em ‘Malhação: Intensa’ (2012). ‘O Natal Perfeito’ é sua estreia como redatora final.

Motivação para escrever o especial

O que a motivou a escrever este especial?

Eu tive a ideia a partir de uma obra de arte que vi na China. Era uma maquinária enorme e aparentemente sem sentido, mas que ao se movimentar emitia um som estranhamente harmonioso. Isso me instigou e pensei como essa sensação poderia ser traduzida em um personagem. Foi quando eu associei essa experiência à origem do Senhor Perfeito (Caio Blat). Um ser que aparentemente se mostraria imperfeito, mas que se conectaria com o outro através de sutilezas, provocando uma nova percepção da perfeição. Achei que esse discurso se adaptaria bem ao universo infantil.

Penso que é necessário dialogarmos sobre novas possibilidades de construções em uma linguagem voltada para crianças, onde o caráter está sendo construído. Depois vi uma exposição dos Gêmeos, em Nova Iorque, onde o universo me inspirou bastante e me remeteu ao filme Wall-E, outra inspiração. A partir dessas motivações, decidi falar sobre temas que acho valiosos como: diversidade, empatia, amizade, reciclagem, consciência ambiental, ética, moral e valores. Aí me veio o Jonas (Cauã Antunes), com a perpectiva da solidão e a necessidade da conexão.

Para evidenciar as características dele, nada melhor do que ter um oposto. Aí surge a Catarina (Melissa Nóbrega) junto com a vontade de falar sobre simplicidade e a valorização das relações. O ‘Natal Perfeito’ não levanta a bandeira de nenhuma religião, mas invoca o espírito da fé. A fé no outro, no coletivo, nas suas ações, na transformação, de que as coisas podem melhorar a partir de nós.

Parceria com diretor

Fale um pouco sobre a parceria com o Vinicius.

O especial não podia estar em melhores mãos. Nós temos muita afinidade artística. Isso contribui no trabalho porque nosso diálogo é fluido e construtivo. Trabalhamos em parceria, nos escutamos, nos afetamos pela opinião do outro. Foi nossa primeira experiência juntos na televisão, no formato autora–diretor.

Já trabalhamos no teatro em uma peça de Shakespeare que ele dirigiu e atuei e coproduzi. Ele não chega para gravar com uma coisa pronta, datada, fechada, quadrada. Ele chega disponível, sabe muito bem o que quer. É exigente, meticuloso, detalhista, faz um trabalho primoroso. É um artista, tem ideias geniais e é muito sensível. Ele leu o texto, se emocionou e se conectou.

Como participou da escolha do elenco?

Confio no Vinícius. Ele sabe o caminho que pretende fazer com o elenco e onde quer chegar. Eu escrevi os textos dos testes porque no processo de criação dos atores, esse material poderia servir como memórias dos personagens. Acompanhei os ensaios e foi um processo riquíssimo. Foi lindo ver o desenvolvimento dos atores mirins.

Redação final

Como está sendo a experiência como redatora final? Fale um pouco sobre o início da carreira.

Comecei a trabalhar cedo, com 15 anos já substituía os momentos de lazer por responsabilidades profissionais. Me sinto realizada e com a sensação de que tudo o que estudei e busquei ao longo do meu processo está se concretizando. Tudo o que vivi foi para hoje estar aqui falando sobre o que acredito. Comecei a me dedicar exclusivamente para vida de roteirista. Como atriz, meu primeiro trabalho na Globo foi aos 19 anos e aos 22 comecei a escrever em projetos da empresa. Na época, me falaram que eu era a autora-colaboradora mais nova contratada.

E hoje, com 30 anos, me disseram que sou a autora titular mais nova. Sempre estudei e investi muito para conquistar o meu ofício. Nunca consegui nada de “mão beijada”, corri muito atrás do que queria e tentei absorver ao máximo as oportunidades que se apresentavam. Quando eu cursava a faculdade de teatro e cinema, conheci a Rosane Svartman e ela me encomendou alguns textos. Foi quando entrei na minha primeira equipe de autores, e fiquei dois anos escrevendo ‘Malhação: Intensa’. Depois conheci o Pedro Bial em uma palestra na faculdade.

Ele me chamou para uma reunião do programa “Na Moral”, onde trabalhei durante a segunda temporada e assinei com a Rosane o roteiro sobre Medo. Já me dediquei exclusivamente à atuação e ao roteiro e hoje pretendo conciliar as duas profissões. Elas me preenchem diferentemente e são complementares. São processos que se misturam, se afetam e enriquecem um ao outro. Busco partir sempre nos meus trabalhos da emoção, da liberdade, do mergulho, do mistério, do abismo.

 Expectativa

O que o público pode esperar?

O Natal Perfeito tem como motor a emoção. O espectador pode se identificar tanto pelo entretenimento de observar uma história de amor, poética e esteticamente linda, quanto se interessar em absorver um conteúdo com um discurso potente, de cunho social, que dialoga sobre temas que estão em pauta e necessitam reflexão. Adoraria que essa história se encaminhasse para o lugar da reflexão, do questionamento sobre o nosso mundo, nosso comportamento. Seria uma grande realização se as pessoas se emocionassem com essa possibilidade de transformação e se, na prática, mudassem alguma atitude da vida delas despertadas pela história.

Você conhecia o Tadashi? Fale um pouco sobre esse encontro.

Sou admiradora do trabalho dele e sempre o pesquisei. Eu e Vinícius fomos em um workshop dele proporcionado pela Globo. Lá Vinicius trouxe a ideia brilhante do Tadashi participar de alguma maneira do especial. Achei  genial a proposta dele e concordei na hora. Já existia no texto uma cena em que Jonas estaria menlancólico e a partir do encontro de um significante ele transformaria o seu sentimento em esperança. E não existia melhor momento do que esse para a entrada da arte do mestre do Butoh.

Conversamos com o Tadashi, que se encantou pela a história e aceitou o convite. Transformei a cena de maneira que ele desse vida ao Ser Fantástico e que através da dor, convidaria e conduziria o Jonas a ressignificar a sua solidão em uma nova possibilidade de afeto. Fui no estúdio ver a gravação e todos ali se emocionaram. É de arrepiar a presença do Tadashi no especial. Costurou perfeitamente. 

Entrevista com o diretor artístico Vinícius Coimbra

O diretor artístico Vinícius Coimbra, que está há 18 anos na Globo, trabalhou em minisséries e novelas como ‘Sabor da Paixão’ (2002), ‘Celebridade’ (2003), ‘JK’ (2006), ‘O Profeta’ (2006), ‘Três Irmãs’ (2008), ‘Queridos Amigos’ (2008). Ao lado de Dennis Carvalho, assinou a direção geral das novelas ‘Insensato Coração’ (2011), de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, e ‘Lado a Lado’ (2012), de João Ximenes Braga e Cláudia Lage, que ganhou o Emmy Internacional de melhor telenovela (2013).

O diretor também comandou a 21ª temporada de ‘Malhação’ (2013). Em 2015, lançou dois filmes: “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, vencedor do prêmio de melhor filme no Festival do Rio e “A Floresta que se Move”, com Ana Paula Arósio e Gabriel Braga Nunes no elenco. Como diretor artístico assinou recentemente a minissérie ‘Ligações Perigosas’ (2016) e as novelas ‘Liberdade, Liberdade’ (2016) e ‘Novo Mundo’ (2017).

 Projeto

Como nasceu o projeto?

A partir de uma obra dos Gêmeos em Nova Iorque. Eu e Priscila achamos legal a reutilização das coisas para transformar em obra de arte. Ela é muito ligada nessa questão social, reciclagem, como o objetivo de melhorar o mundo com coisas que estão ao nosso alcance e simples atitudes. Sinto que ela vai juntando na cabeça várias pequenas cenas, elementos e de repente vem uma ideia, como essa do especial. Tenho percebido que o Natal foi deixando de ser uma data especial e virando uma obrigação das famílias estarem juntas, comprar presente.

O especial é uma forma de tentar reverter um pouco isso e mostrar que pode ser uma cerimônia bonita, emocionante, com significado para as famílias. Isso foi uma motivação. É fantástico trabalhar com crianças em um universo fabular. O projeto foi ganhando força e quando a ideia é boa vai por si só. Carrega todo mundo, toda a equipe e contagia. Acho que foi isso que aconteceu. Fui abduzido. É a primeira vez que dirijo protagonistas crianças e está sendo uma experiência fantástica. Gosto de dirigir ator, independentemente da idade.

 Elenco

Como foi a escalação do elenco?

A escalação foi um processo difícil porque uma criança de 10 anos ainda não é um ator formado. Tivemos três semanas para prepará-los, com a ajuda da fonoaudióloga Leila Mendes e da preparadora Cris Bittencourt. Fizemos um ensaio intensivo. Criança consegue se transformar mais rapidamente do que os adultos. Escolhemos Melissa Nóbrega e Cauã Antunes acreditando no potencial deles.

Já o Caio Blat foi uma escolha minha. Esse personagem tem uma doçura na voz, o que é muito importante no Senhor Perfeito, e Caio tem isso. Ele é doce não só na voz. Achava importante que fosse um boneco carismático que não assustasse as crianças e conquistasse as pessoas que estivessem vendo. A parte dos pais de Catarina tratei com um pouco de surrealismo, Tim Burton. Aquela cara de família perfeita, rica, que mora em um condomínio de luxo, para dar um contraponto com o mundo do Jonas (Cauã Antunes). Demos um tom um pouco farsesco e Bruno Cabrerizo e Tainá Muller foram perfeitos, assim como o Alexandre Zachia, que faz o Raul.

Como foi o processo de pós-produção?

O que é interessante, até por ser um trabalho infantil e fantástico, é que vamos criar um universo que não existe. Um lixão que vai ficar com uma cara de Marte. Tem uma coisa futurista naquele lixão sujo, repugnante. Criamos o universo do Jonas (Cauã Antunes) e a pós-produção foi fundamental, pois criou a profundidade já que estávamos limitados no estúdio. Foram três meses de trabalho.

 Priscila

Fale um pouco sobre a parceria com a Priscila.

É a primeira vez que trabalhamos juntos na televisão. Está sendo maravilhoso porque gosto muito de me meter no texto e é muito importante que o autor me dê essa liberdade, essa licença. Sou roteiristas dos meus filmes, já fiz bastante novela, acho que tenho alguma coisa pra contribuir com o texto, sempre. E ela é humilde nesse aspecto, aberta. Acho que é uma via de mão dupla. Eu sugiro coisas no texto e ela na direção. Isso é bom. Existe uma confiança no trabalho do outro. É uma multiplicação que acaba acontecendo.

Como surgiu a ideia de convidar o coreógrafo Tadashi Endo para participar do especial?

Às vezes é difícil explicar porque a gente tem umas ideias. Sinto que as cenas que mais gostei de ter feito na vida tinham algo de inexplicável. Me interessa muito quando você consegue fazer um pouco de arte nos trabalhos. Quando as decisões não passam só pela razão. Tínhamos trabalhado juntos no filme “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” (ele preparou o ator João Miguel) e depois o Tadashi veio fazer um workshop com uns atores na Globo. Quando o encontrei, achei que ele tinha a ver com o nosso universo. Pensei que o Jonas (Cauã Antunes) podia encontrar esse fantasma, esse japonês no meio desse lugar, em um momento de desesperança. E penso que deu certo.

O que pode destacar da trilha sonora?

Teremos Tchékhov do Cisne Negro com a dança do Tadashi Endo, o Gilberto Gil regravou a voz na música “What a Wonderfull World” e as demais canções foram compostas pelo produtor musical Sacha Amback. Confio muito no trabalho dele e dá sempre certo. Nosso último trabalho juntos foi em ‘Novo Mundo’.

Especial

O que o público pode esperar receber na noite de Natal?

Não tenho dúvida de que quem assistir vai se emocionar. O especial tem muita poesia e emoção no texto. Necessariamente as pessoas serão afetadas. Acredito muito no resultado. O elenco é bom, assim como o cenário, a fotografia, o figurino. Espero que as pessoas se emocionem e reflitam sobre o Natal, assim como sobre o que a gente pode produzir. O produto que envolve protagonistas crianças envolve a família e todo mundo vai assistir junto. Estou otimista.

Qual a importância de exibir esse especial nesse momento?

Eu acho necessário. As pessoas gostam de ver coisas violentas na televisão, como suspenses, assassinatos. Eu acho bom que a gente pese a balança para o outro lado. Que mostre mais poesia nas obras. Se a gente faz uma obra pura e tem beleza a gente também influencia a sociedade. No sentido de melhorar, de pensar coisas bacanas, belas.

Quais foram suas referências?

O Wall-E foi minha única referência. O pouco que vi já me deu tanta informação. Fui ali e deixei a minha cabeça trabalhar.

Perfis dos personagens

Catarina (Melissa Nóbrega) – Filha de Vinicius (Bruno Cabrerizo) e Vitória (Tainá Muller), vive em um condomínio de luxo e decide fugir de casa na noite de Natal ao perceber que não ganhou o presente esperado. É uma menina extremamente mimada, que sempre recebeu tudo de mão beijada dos pais.

Jonas (Cauã Antunes) – Órfão, mora em um ferro-velho e constrói a sua realidade a partir do lixo, cercado por acessórios e engenhocas feitos de sucata. Vive em um ônibus sucateado. É um pequeno grande sábio. Aparentemente pobre, vive com o mínimo necessário, cria tudo o que tem. É um pequeno batalhador.

Vinicius (Bruno Cabrerizo) – Casada com Vitória (Tainá Muller) e pai de Catarina (Melissa Nóbrega). Sofre ao descobrir que a filha sumiu.

Vitória (Tainá Muller) – Casada com Vinicius (Bruno Cabrerizo) e mãe de Catarina (Melissa Nóbrega). Sofre ao descobrir que a filha sumiu.

Senhor Perfeito (Caio Blat) – Uma figura especial, completamente imperfeita e desfigurada no primeiro momento, mas que se conecta genuinamente com o outro, principalmente com Jonas (Cauã Antunes), e daí sua perfeição. Aparentemente esquisito, traz essa doçura. É o analista do Jonas, com quem ele abre o coração e conversa. É um ser que se conecta com o menino e não deixa de ser imaginação. É a projeção dos questionamentos dele.

Raul (Alexandre Zachia) –  Representa o plástico, vilão do meio ambiente. Aparece como lobisomem em sonho e aterroriza as crianças, mas esconde um mistério por trás dessa imagem.

Ser Fantástico (Tadashi Endo) – Aparece para Jonas (Cauã Antunes) trazendo a esperança de um mundo melhor em um momento triste na vida do menino.

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