Saiba tudo sobre A Lei do Amor, que estreia hoje

Publicado em 03/10/2016

O amor pode ter várias faces e definições, mas será sempre uma lei essencial, um sentimento que nos move desde o início da humanidade. O casal Helô (Isabelle Drummond/ Claudia Abreu) e Pedro (Chay Suede/ Reynaldo Gianecchini) é a personificação romântica deste sentimento, do tipo de amor que resiste ao tempo e às adversidades. “A novela é uma história de amor em todas as suas formas: paixão, amor romântico, amores passados, amores que morreram ou se transformaram. Os que se quebraram. Os que foram vividos precariamente ou nunca chegaram a ser vividos”, define Maria Adelaide Amaral, que assina com Vincent Villari A Lei do Amor, próxima novela das nove, que estreia hoje, dia 03 de outubro, com direção artística de Denise Saraceni.

Existem aqueles que são obstinados pelo poder, que põem em foco a ganância, a vingança ou a inveja. O confronto destes sentimentos norteia a história da família Leitão, a mais poderosa da fictícia São Dimas. É uma família cheia de nuances, que guarda muito segredos. Um deles, crucial, mudará definitivamente o destino do patriarca Fausto Leitão (Tarcísio Meira). “É uma novela sobre os laços que construímos e as escolhas que fazemos para ocupar o tempo de existência que a natureza nos concedeu. Família, amigos, amores românticos. Dinheiro, poder, sucesso. O que realmente importa?”, pontua Vincent Villari.

A família Leitão

Magnólia (Vera Holtz) ou Mág é a matriarca da família Leitão. Mulher de várias facetas, forte, autoritária, é vista como uma santa pelos moradores da fictícia São Dimas. Para outros, é lobo em pele de cordeiro, disfarçada sob o manto da caridade. Fausto (Tarcísio Meira) é seu marido, empresário do ramo de tecelagem, um homem ambicioso, prestes a ingressar na carreira política. Para os dois, muitas vezes “os fins justificam os meios”, tanto nas relações pessoais quanto nas profissionais.

Pedro (Chay Suede/ Reynaldo Gianecchini) é o contraponto. Filho do primeiro casamento de Fausto com a falecida esposa, é um homem justo, determinado, mas, ao mesmo tempo, de fala mansa. Formado em Arquitetura, tem paixão por veleiros e uma relação muito próxima com a natureza. Feliz e em paz, ele é o tipo de pessoa que todos querem ter por perto. Em quase nada se parece com o pai e com os meios-irmãos, Hércules (João Vitor Silva / Danilo Granghéia) e Vitória (Sophia Abrahão/ Camila Morgado).

Enquanto Pedro é a personificação da firmeza, Hércules não tem nenhum atributo físico ou intelectual que faça jus ao nome que recebeu. O rapaz não tem motivação nem para terminar os estudos. Já Vitória tem o mesmo ímpeto de viver de Pedro, mas é mais frágil e a sua natureza é menos combativa.

Pedro conhece o amor de sua vida, Helô (Isabelle Drummond/Claudia Abreu), no momento mais difícil da vida da jovem. Sem recursos e sem esperanças, ela mal consegue ajudar no sustento da família. A mãe, Cândida (Denise Fraga), tem leucemia em estágio avançado e o pai, Jorge (Daniel Ribeiro), sofre de alcoolismo e acaba de ser demitido. Eles tinham tudo para viver em lados opostos, afinal, foi o pai de Pedro que demitiu Jorge do emprego, o que marcou a vida da família de Helô para sempre. Mas ninguém manda no coração. Helô e Pedro se apaixonam.

A jovem perde o pai no mesmo dia em que Fausto lança candidatura a prefeito da cidade. Em seu coração, o ódio e o amor convivem em descompasso. Helô ameaça acabar com todos da família Leitão, mas deixa seu então namorado a salvo de seu rancor. O amor entre os dois é verdadeiro, forte e ameaçador. Sim, para Mág (Vera Holtz) é um risco ver seu enteado tão próximo de alguém cujo desejo é destruir sua família. Por isso, ela resolve pôr um fim neste relacionamento e promete acabar com o sentimento que une Pedro e Helô. E não sossega enquanto não consegue.

20 anos depois

O rompimento com Helô (Isabelle Drummond/Claudia Abreu), armado por Mág (Vera Holtz) e Fausto (Tarcísio Meira), e a sordidez política que sua família representa afastam Pedro de São Dimas e o faz viver por muitos anos num veleiro fora do Brasil.

Quando volta para sua cidade natal, a pedido de seu pai e para estar presente na festa de seu aniversário, Pedro ainda conserva um senso de justiça e ética que destoa de quase todo o resto de seus consanguíneos. Neste retorno a São Dimas, tem também a oportunidade de rever Helô, atualmente casada com o megaempresário Tião Bezerra (Thiago Martins/José Mayer) e mãe de dois filhos, Edu (Matheus Fagundes) e Letícia (Isabella Santoni).

A essa altura, Fausto não esconde que foi capaz de quase tudo para chegar aonde chegou. É um homem bem-sucedido, mas agora, ele não se orgulha da trajetória que o levou ao topo. Ele fraudou, foi corrompido e corrompeu. Mas está esgotado. Quer jogar tudo para o alto e ir embora com sua amante, Suzana (Regina Duarte). Está disposto a recomeçar. Mais uma vez, o amor aparece como protagonista desta história, com o poder de transformar o caráter de um homem.

Mas a teia política em que Fausto se meteu é muito mais sórdida do que ele próprio poderia imaginar. Um jogo perigoso culmina em um atentado que o silencia. Ou, pelo menos, tenta silenciar. Os inimigos de Fausto são muitos. Vários têm motivos de sobra para encomendar sua morte. Com o atentado, Tião, o marido de Helô, se aproxima de Mág. Mas o motivo dessa aproximação, com fachada de acolhedora, nem passa pela cabeça da matriarca.

“Pedro precisa não apenas resgatar o amor da mulher que ele perdeu, mas precisa também salvar sua família e a cidade que, de certa forma, se tornou refém dos atos ilícitos e de má-fé cometidos justamente por entes de sua família. É uma história sobre a salvação pelo amor”, antecipa Vincent Villari.

O retorno de Pedro

A paisagem deslumbrante de Paraty, no Rio de Janeiro, é o palco do reencontro de Pedro e Helô. Vinte anos depois, no mesmo lugar onde eles fizeram juras de amor, Helô procura o símbolo daquele romance que ainda hoje lhe tira o fôlego: um anzol em formato de coração, enferrujado, mas resguardado pelo tempo. Foi a lembrança de uma viagem que o casal fez na adolescência. Pedro escolheu uma das árvores de um píer para pendurá-lo, uma forma de eternizar aquele momento e o calor daquela paixão.

A nostalgia da memória deste passado é interrompida por uma surpresa: Pedro está de volta ao Brasil e reencontra Helô onde tudo começou. Revê-lo naquele cenário tão simbólico traz à tona o amor nunca esquecido, mas também a mágoa por uma noite que mudou o curso daquele romance. Helô nunca esclareceu o flagra de uma traição de Pedro – que, na verdade, não passou de uma grande armação de Magnólia (Vera Holtz).

Já prevendo problemas com Helô, que não escondia seu rancor pela família Leitão, Mág (Vera Holtz) pediu para que Gigi (Mila Moreira), sua amiga e dona de uma agência de modelos, lançasse a jovem numa carreira internacional. Mas nem uma longa viagem esfriou a relação do casal. Magnólia, então, contratou uma secretária, Suzana (Gabriela Duarte/ Regina Duarte), com segundas intenções. Fez com que a moça se aproximasse de Pedro armando uma cena quase inquestionável de traição.

O feitiço deu certo, mas se virou contra o feiticeiro. Magnólia contratou Suzana para afastar Helô do enteado, mas esta acabou se envolvendo verdadeiramente com Fausto (Tarcísio Meira).

O fato é que o esclarecimento desse desencontro de Pedro e Helô só é revelado porque Fausto (Tarcísio Meira) está disposto a começar uma vida nova. Assim que Pedro volta ao Brasil, ele revela: “Um remorso imenso me consome…Houve uma armação para separar você e Helô.”

A verdade corrói Pedro e o faz lembrar por que decidiu abandonar sua casa e sua cidade. Ao mesmo tempo, é libertadora. Ele consegue entender a profunda mágoa de Helô e o casamento com Tião (Thiago Martins/ José Mayer). E, claro, serve como estopim para que ele faça tudo para reconquistá-la.

Fausto, no entanto, ainda não revela os motivos que o fizeram tomar a decisão de desistir de sua carreira política e muito menos de seus planos de partir com Suzana (Gabriela Duarte/ Regina Duarte). Ele ainda precisa reunir algumas provas e teme pela segurança do filho.

No retorno à casa dos Leitão, Pedro se depara com a fragilidade daquele ambiente e de sua família. A irmã, Vitória (Sophia Abrahão/ Camila Morgado), vive presa a um casamento com um homem que mal a olha, Ciro (Maurício Destri/ Thiago Lacerda). O outro irmão, Hércules (João Vitor Silva / Danilo Granghéia), continua aprisionado pela autoridade dos pais. Ficou viúvo da primeira mulher, com quem teve três filhos, Tiago (Humberto Carrão), Ana Luiza (Bianca Muller) e Camila (Bruna Hamu), e agora é absolutamente obcecado por Luciane (Grazi Massafera), ex-garota de programa cujo sonho é se tornar primeira-dama.

A festa de aniversário e o atentado

A festa de aniversário do patriarca é um espetáculo à parte, muito bem capturado pelas lentes de Ana Luiza (Bianca Muller), uma das filhas de Hércules (Danilo Granghéia) e neta de Fausto (Tarcísio Meira), que sonha em ser documentarista. Ana Luiza tem uma percepção crítica e registra diversos momentos comprometedores que observa naquela poderosa família.

Entre os convidados estão Helô (Claudia Abreu) e sua família. Mesmo lutando para ficar longe de Fausto e seus herdeiros, o acaso insiste em aproximá-la dos Leitão. Isso porque sua filha, Letícia (Isabella Santoni), acaba se apaixonando por Tiago (Humberto Carrão), um dos netos de Fausto, e jamais a perdoaria se faltasse àquela comemoração.

Helô chega à festa sozinha, depois que Tião (José Mayer) e Letícia (Isabella Santoni) já estão no local. E antes mesmo de entrar, se depara com Pedro (Reynaldo Gianecchini) que, já ciente de toda a verdade, consegue finalmente conversar com o grande amor de sua vida e esclarecer o mal-entendido que os separou por 20 anos.

Dentro da mansão da família Leitão, a festa já começa com confusão. O atual prefeito de São Dimas, Augusto (Ricardo Tozzi), invade a comemoração para tomar satisfação sobre um boato de gay envolvendo seu nome, espalhado por seus opositores. No meio da discussão, Fausto perde o controle e acaba agredindo Augusto.

A presença de Tião gera outro momento de tensão, devidamente registrado pela câmera curiosa de Ana Luiza (Bianca Muller). Num escritório da casa, longe de todos os convidados, Fausto aparece extremamente exaltado diante de Tião, que não perde a serenidade. O que teria feito Tião para tirar o dono da casa do sério?

Magnólia (Vera Holtz) também não escapa ilesa. A chegada de Suzana (Regina Duarte), que a essa altura já virou amante “oficial”, irrita a anfitriã.

Suzana sabe que não é bem aceita naquela casa, mas sua preocupação é outra: precisa falar com Fausto o mais rápido possível para mostrar a ele as últimas provas que conseguiu reunir sobre uma descoberta que envolve sua vida política e familiar. No escritório, longe de todos, Fausto desaba, inconformado com o que acaba de ver e exausto por estar no centro daquele picadeiro.

Antes de ir embora, Suzana avisa a Pedro que a verdade é estarrecedora e que Fausto precisava ver tudo com os próprios olhos para poder acreditar. Pedro fica angustiado com a situação e decide confrontar o pai. Quer entender por que ele o chamou de volta ao Brasil, que revelação tão desprezível é esta que fez com que Fausto decidisse abrir mão de tudo o que conquistou.

Mas, diante dos documentos, Fausto resolve que não vai colocar a vida de ninguém em risco, e está disposto a pagar o preço para recomeçar sozinho. Ele então reúne tudo o que conseguiu e vai embora com Suzana. Porém no caminho acaba vítima de um atentado.

Muitos são os suspeitos de tentar tirar a vida de Fausto. Líder político da região, ele prejudicou muita gente e tem outras provas que podem pôr uma dezena em situação bem delicada. Em sua própria família, já não sabe mais em quem confiar.

Com o pai em estado grave, Pedro fica obstinado em desvendar a verdade, mas isso não impede que também continue lutando por seu grande amor, Helô.

Os empecilhos do romance

A reaproximação entre Pedro (Reynaldo Gianecchini) e Helô (Claudia Abreu) se torna inevitável depois de tudo esclarecido entre eles. Mas 20 anos se passaram, e a vida não é mais a mesma. Helô é casada e tem dois filhos. Letícia, sua filha mais velha, tem a saúde frágil e acaba de terminar um tratamento contra a leucemia, a mesma doença que sua mãe Cândida enfrentou. E Tião (Jose Mayer) usa essa situação para chantagear Helô.

Mesmo sabendo da reaproximação com Pedro, Tião tenta manter – a qualquer custo – seu casamento. Ele sabe bem que Helô não o ama mais e que quer recuperar os anos longe de seu grande amor, mas parece obcecado em manter a relação. Mas o que justificaria tamanha obsessão?

Helô ainda não tem a resposta, mas desconfia da aproximação cada vez maior de Tião com a família Leitão. Depois do atentado, especialmente, ele se mostra exageradamente solícito com Magnólia (Vera Holtz) e aposta todas as fichas no casamento de Letícia com Tiago (Humberto Carrão), neto de Fausto.

Tiago (Humberto Carrão) é mesmo o genro que todo sogro gostaria de ter. Apaixonado por Letícia (Isabela Santonni), esteve ao lado dela nos piores momentos do tratamento. Faz uma festa quando ela tem alta, mas é justamente quando a maré começa a melhorar que o romance parece querer nadar em águas mais mornas. A paixão que os une cede lugar ao ciúme e a insegurança, e abre passagem para que o jovem se interesse genuinamente por outra pessoa.

A pressão de Tião para o casamento dos dois, no entanto, é intimidadora. Ele usa a imagem da família Leitão para expor na mídia o compromisso da filha com Tiago, antes que este desista. Assim, Letícia, que é essencialmente uma jovem afetuosa, torna-se obcecada pela ideia de não perder Tiago e não permitir que Helô abandone o pai, ainda mais para ficar com um homem como Pedro, a quem ela considera um desagregador e mau caráter.

As verdadeiras motivações de Tião estão em seu passado. Passado que Helô pouco conhece e que ele faz questão de não dar muitos detalhes. O único que sabe de toda a verdade da trajetória do empresário é Miro (Jorge Lucas), seu fiel motorista. Os dois foram muito amigos quando jovens, na época em que Tião trabalhava na olaria do pai de Magnólia.

Salete e os frentistas

No dia do fatídico atentado, dois motoqueiros param para abastecer antes de seguir o carro onde estavam Fausto e Suzana. Salete (Claudia Raia), a dona do famoso posto de gasolina de São Dimas, identifica os rapazes ao ver o vídeo da polícia rodoviária, mas não diz nada por medo de se envolver e sofrer retaliação.

De origem humilde, Salete é a euforia em pessoa. Expansiva e espontânea, ela suportou a infidelidade e a incompetência administrativa do marido e fez o que pôde para não deixar o posto falir e dar um lar decente às filhas Jéssica (Marcella Rica) e Flávia (Maria Flor), esta adotada ainda bebê pela dona do posto. Após a morte do marido, Salete toma a frente dos negócios e, para saldar as muitas dívidas, tem uma grande ideia. Contrata frentistas bonitões para trabalhar. E dá muito certo! O posto vira notícia e sai do vermelho.

Salete não tem pudor algum em levar a vida deste jeito, pois trabalhou muito, foi fiel ao marido e fez tudo pelas filhas. Curiosamente, é com Flávia (Maria Flor) que Salete mais se identifica. Jéssica, a filha biológica, se envergonha daquela mãe excessivamente eufórica e da cafonice daquele posto de gasolina, e faz de tudo para esconder das amigas ricas sua origem.

As viagens

Ao todo foram quase 45 dias de viagem para gravar as primeiras cenas de A Lei do Amor. A equipe, formada por pouco mais de cem pessoas, viajou para quatro locais diferentes: Piraí, no interior do Rio de Janeiro; Paraty, na região Costa Verde entre Rio e São Paulo; Campinas, no interior de São Paulo e na capital paulista

As gravações começaram em junho, por Piraí, onde Isabelle Drummond, Chay Suede, Denise Fraga e Daniel Ribeiro registraram as cenas de seus personagens na represa de lajes e em um casebre montado em cima de um deque, cenário da casa de Helô (Isabelle Drummond) na ficção.

Em Paraty, as gravações foram feitas no centro histórico da cidade, em uma praia deserta e até em alto-mar. Lá foram gravadas cenas com Reynaldo Gianecchini e Claudia Abreu, que interpretam Pedro e Helô na atualidade.

Um dos grandes eventos realizados na cidade foi uma feira de artesanato para uma cena em que Helô vislumbra a ideia de trabalhar com arte popular brasileira no futuro. Para isso, a equipe de produção de arte trabalhou com alguns artesãos locais e montou uma feira com cerca de dez expositores, com peças em madeira, cerâmica e até cestaria.

As gravações em alto-mar, que duraram quatro dias, também tiveram uma logística elaborada, incluindo barcos, lanchas, veleiros do personagem Pedro e um catamarã. Em Campinas, a principal produção aconteceu para a quermesse da fictícia São Dimas. A equipe gravou também na Estação Cultural e no Aeroporto de Viracopos.

O último destino foi São Paulo, com pouco mais de dez dias de gravação. Na capital, gravaram atores como Isabella Santoni, Humberto Carrão, Thiago Martins, Otavio Augusto, Alice Wegmann, Camila Morgado, Pierre Baitelli, Titina Medeiros, José Mayer, entre outros. As principais gravações foram realizadas em locais bastante conhecidos do público, como Parque do Ibirapuera, Pinacoteca, MAM, prédio da Bienal, Estação da Luz, Metrô da Sé, entre outros.

A produção de arte

O grande desafio da equipe de produção de arte de ‘A Lei do Amor’ foi conseguir materiais da década de 1990 usados, com alguma vivência, mas ao mesmo tempo em bom estado. “Traduzir esta época na ficção é complicado porque são apenas 20 anos que nos separam. Os anos 1990 são difíceis de imprimir. Os objetos não estão em casas de antiguidade. Estão espalhados por aí. É difícil encontrar tudo em um só lugar”, explica Flavia Cristófaro, que assina a produção de arte junto com Guga Feijó.

O que faz a diferença para pontuar esta década na história são especialmente os objetos tecnológicos, os carros e o figurino. “Conseguimos reunir tudo original. Não adaptamos nada. Até os computadores são de fato da década de 1990”, lembra.

Já para os dias atuais, a equipe mergulhou numa pesquisa sobre veleiros e arte popular brasileira, universos do casal principal, Pedro (Reynaldo Gianecchini) e Helô (Claudia Abreu). Além dos barcos das duas épocas e das indumentárias marítimas, Flávia buscou peças deste universo para compor um cenário especial para uma cena emblemática, quando Pedro dá um anel que foi de sua mãe para Helô.

Já para o cenário da galeria de arte de Helô, a produção contou com a ajuda de um curador que procurou por todo Brasil mais de 30 artistas que terão suas peças expostas na galeria de arte da personagem. “Ao longo da novela vamos reciclando estas peças e ao final elas devem ser levadas para um museu no Rio de Janeiro para uma exposição”, adianta.

Outro grande evento preparado com bastante antecedência pela equipe foi a quermesse, para uma cena será exibida logo nos primeiros capítulos da novela. A produção foi realizada em Campinas, no interior de São Paulo, e contou com três mil flores de papel, banda, diversas barraquinhas, brechó de roupas, estandartes, centenas de lâmpadas, carrocinhas, vendedores ambulantes e até uma roda gigante iluminada. “Foi uma festa bem interiorana e aproveitamos muito os fornecedores locais, especialmente para as comidas típicas”, conta Guga Feijó.

O figurino e caracterização

O figurino de A Lei do Amor é naturalista e leve. Tem, claro, a aproximação com a realidade, mas mantém sempre a leveza, especialmente na palheta de cores dos primeiros capítulos, ambientados na década de 1990. “A exceção dessa palheta é propositalmente o personagem Fausto (Tarcísio Meira), que tem cores mais voltadas para o preto e azul marinho. Ele tem essa sobriedade porque precisa estar destacado”, explica a figurinista Gogoia Sampaio.

Para a composição das peças dos personagens dos anos 1990, a figurinista Tereza Nabuco fez uma pesquisa no Rio de Janeiro e em São Paulo de indumentárias emblemáticas do período. “Tivemos uma grande mudança na tecnologia, mas no vestuário nem tanto. Optamos por usar algumas roupas mais marcantes da década de 1990, como a cintura alta e o jeans”, exemplifica.

Independentemente do período, no entanto, o figurino segue sempre as características marcantes de cada personagem. Magnolia, por exemplo, que será interpretada por Vera Holtz, tem um tom vitorioso e sofisticado, que aparece em todo o seu visual. Já Helô, embora se case com um empresário riquíssimo, conserva sua essência simples e leve. “Usaremos peças bonitas, mas simples e modernas”, conceitua Gogoia.

Para o protagonista Pedro, papel de Chay Suede e Reynaldo Gianecchini, a equipe de figurino mergulhou numa pesquisa sobre velejadores e suas vestimentas. “É um guarda-roupa bem específico, de alguém que precisa levar tudo o que tem dentro de um barco. São peças resistentes e que poderiam facilmente durar por décadas”, adianta a figurinista.

Para aproximar os personagens dos dias atuais, a equipe de figurino e caracterização trabalhou com detalhes que fazem toda a diferença no ar. Com a consultoria do inglês Mark Coulier, que trabalhou com a diretora Denise Saraceni em ‘Saramandaia’, a equipe apostou num conceito de emparelhamento dos personagens entre as diferentes épocas.

As fotos da atriz Claudia Abreu de 1995, por exemplo, serviram como referência para o visual de Isabelle Drummond para viver a Helô na juventude. “Usamos até um cordãozinho de couro que a Claudia Abreu usava em ‘Pátria Minha’. São detalhes que fazem a diferença no contexto”, descreve Gogoia.

Estas sutilezas que aproximam os atores, que interpretarão o mesmo papel, nem sempre seguem semelhanças apenas na caracterização ou no figurino. A diretora Denise Saraceni fez um trabalho em conjunto com o elenco justamente para aproximá-los. “Eles assistiram às gravações de seus personagens na pele dos outros atores, e trabalhamos na preparação em parceria. Às vezes, um sorriso é esse elo, ou um ângulo diferente para determinado ator”, pontua Denise Saraceni.

Cenografia

A cidade cenográfica de A Lei do Amor é dividida entre a fictícia São Dimas e a mansão da família Leitão. No local, além das fachadas, a equipe montou os interiores da igreja, da casa de Salete (Claudia Raia), da loja de conveniência e do posto de gasolina, que teve inspiração nas décadas de 1950 e 1960. “É um estabelecimento mais antigo, típico de algumas cidades de interior, com uma arquitetura art decô misturada a um letreiro com neon”, adianta o cenógrafo Alexandre Gomes.

Além destes cenários, também são fixos a galeria de arte de Helô (Claudia Abreu), o apartamento de Tião (José Mayer) e Helô e a holding do empresário. Os ambientes foram montados num espaço próximo à cidade cenográfica e não serão desmontados até o fim da novela, o que não é comum. Todos têm exterior e interior no mesmo local e só o apartamento dos personagens de Claudia Abreu e José Mayer conta com 450m2, o que revela a suntuosidade de Tião Bezerra. “Por conta disso, pudemos usar materiais reais, como mármore e madeira no escritório, por exemplo”, explica o cenógrafo.

No estúdio, serão gravados mais doze cenários, entre eles a pensão de Zuza (Ana Rosa). A pensão é um dos ambientes que foi reformulado na passagem de tempo da história, que começa em 1995 e chega aos dias atuais. “Mantivemos a arquitetura da antiga chácara da família Leitão, mas com outra decoração, já que a Zuza (Ana Rosa) transformou o local numa pensão”, descreve Alexandre.

A tecelagem, de Fausto Leitão (Tarcísio Meira), onde acontecem grandes cenas no início da história, também aparece remodelada nos dias atuais, usando a mesma estrutura inicial. “Só que mais decadente, com as paredes descascadas. Mostramos neste cenário que a tecelagem deixou de ter tanta importância para aquele empresário (Fausto), que enveredou para a política”, ressalta o cenógrafo.

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