“Globo não sabe fazer novela com favela”, dispara especialista

Publicado em 16/11/2015

A Globo tem apostado em favelas em suas últimas novelas – Babilônia, I Love Paraisópolis e A Regra do Jogo -, mas o especialista Claudino Mayer acredita que o canal não sabe fazer tramas nestes locais.

“Não é só colocar a favela. Os personagens precisam ser construídos de uma forma que passem uma verdade para o telespectador. Precisam extrapolar um pouco a ficção para que haja representatividade. Os únicos personagens de A Regra do Jogo que estão dentro dessa ideia são as duas meninas, Alisson [Letícia Lima] e Ninfa [Roberta Rodrigues]. Nem Adisabeba [Susana Vieira] nem Merlô [Juliano Cazarré] estão convencendo”, avalia o profissional, que é especialista em teledramaturgia pela Universidade de São Paulo (USP).

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Ele detectou o mesmo problema de A Regra em Babilônia e elogiou a Record: “Os autores falaram da favela de uma forma tímida. A novela tinha o nome do morro da trama, e o que se viu dele? Muito pouco. Locação, fotografia, cenário e figurino contam, mas não resolvem se o autor, os atores e a direção não incorporarem, não comprarem a história. Em Vidas Opostas [Record], por exemplo, funcionou. Mesmo sem conhecer aquela realidade o público comprou porque a trama tinha verdade”.

Outro erro apontado por Claudino está no fato do canal veicular duas tramas em sequência com a mesma abordagem. “Agora poderia estar no ar Velho Chico, por exemplo, para quebrar essa tendência, pois a emissora ainda tinha no ar I Love Paraisópolis, outra trama que glamourizou demais uma comunidade com personagens inverossímeis”, completou.

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