Alguns autores da teledramaturgia que andam fazendo falta na TV

Publicado em 24/11/2018

Nesta semana, a morte de Janete Clair completa 35 anos. Ela nos deixou em 16 de novembro de 1983, vítima de câncer. A autora de clássicos como Selva de Pedra e Pecado Capital é a maior autora que tivemos em nossa teledramaturgia para muitos. Infelizmente, a morte já nos privou do talento de muitos grandes nomes, como Jorge Andrade, Bráulio Pedroso, Cassiano Gabus Mendes, Ivani Ribeiro e Dias Gomes, entre outros. Mas e quanto aos novelistas ainda vivos e que no momento estão sem contrato com nenhuma emissora? Ou simplesmente sem escrever novelas há um bom tempo? Em tempos de mudanças constantes na fila das produções de teledramaturgia e carência de boas ideias, não é nada mau relembrá-los.

Há 34 anos estreava Eu Prometo, última novela de Janete Clair

Lauro César Muniz

Dramaturgo dos mais respeitados, autor de roteiros de cinema, Lauro César Muniz é também um dos autores mais ousados da teledramaturgia. Desde sua estreia em 1966 com Ninguém Crê em Mim, na TV Excelsior, até Máscaras (2012), na Record TV, a carreira de Lauro é marcada pela inquietação. E por uma teledramaturgia que não se prenda às raízes latinas, chorosas e exageradas. Marcou grandes momentos na história das novelas, com títulos como Escalada (1975), O Casarão (1976), Espelho Mágico (1977), Roda de Fogo (1986/87) e O Salvador da Pátria (1989). Escreveu para todos os horários, adequando-se a cada fatia do público. No entanto, sem deixar de lado sua preocupação com uma novela nacional e realista.

No campo das minisséries, Chiquinha Gonzaga (1999) e Aquarela do Brasil (2000) recontaram passagens marcantes da nossa História. Em 2015, voltou à Globo, mas por pouco tempo. Com toda a certeza, Lauro é um dos novelistas que mais fazem falta, em tempos de novelas como Segundo Sol (2018), marcadas pela confusão, e O Outro Lado do Paraíso (2017/18), êxito de audiência e fracasso de crítica.

Carlos Lombardi

Carlos Lombardi
Carlos Lombardi<br >Divulgação

Carlos Lombardi construiu, em sua carreira que logo completará 40 anos, um estilo próprio. Novelas com ritmo frenético, muitos acontecimentos, poucos personagens fixos e diversas participações eventuais. Personagens sem papas na língua, dados a trocadilhos e insultos por vezes gratuitos. Humor ácido e/ou negro e vida sexual movimentada. Novelas como Vereda Tropical (1984/85), Bebê a Bordo (1988/89) e Quatro por Quatro (1994/95) têm esses elementos muito marcados. Uga Uga (2000/01) e Kubanacan (2003/04) se juntam a elas entre algumas das mais lembradas novelas das 19h da Globo. No entanto, em parte por questões de liberdade de criação, Lombardi trocou a casa pela Record TV no começo da década. Fez apenas uma novela na emissora, Pecado Mortal (2013/14). Por sinal, uma das melhores dos últimos tempos.

Inexplicavelmente, a Record TV não o aproveitou como poderia e como ele merecia. O vínculo já não está mais em vigor. No entanto, Lombardi segue sem contrato com nenhuma emissora. Com efeito, já passa da hora de sua volta à Globo, ou do aproveitamento por um canal pago, por exemplo. Todavia, fica o questionamento: dados os problemas com a reprise de Bebê a Bordo, teria Lombardi recepção positiva com uma história nova? Considerando-se que não fizesse maiores concessões ao conservadorismo que assola o País.

Antonio Calmon

Antônio Calmon
Antônio Calmon Divulgação

Entre 1989 e 2009, Antonio Calmon escreveu diversas novelas para o horário das 19h da Rede Globo, Posto que atuava como cineasta, trouxe da tela grande o know how com o público jovem. Por consequência, dedicou-se a ele na TV. Antes das novelas, foi um dos responsáveis pela série Armação Ilimitada. Top Model (1989/90), Vamp (1991/92) e Um Anjo Caiu do Céu (2001) foram seus maiores sucessos. As duas primeiras, a saber, já foram reprisadas pelo Canal Viva. Desde Três Irmãs (2008/09) não escreve mais novelas. Recentemente uma que assinaria com Guilherme Vasconcelos, de nome Barba Azul, foi engavetada.

Pontos positivos e negativos da Teledramaturgia da Globo sob o comando de Silvio de Abreu

Ana Maria Moretzsohn

Ana Maria Moretzsohn (Reprodução/TV Globo)
Ana Maria Moretzsohn ReproduçãoTV Globo

Autora de romances juvenis nos anos 1980, seu primeiro trabalho em novelas foi Direito de Amar (1987), colaborando com Walther Negrão. Posteriormente, mais de dez outras novelas, como autora, coautora ou colaboradora. Ao tornar-se autora titular, na Bandeirantes, apresentou duas novelas bastante interessantes. A saber, Perdidos de Amor (1996/97), original seu, e Serras Azuis (1998), baseada no romance de Geraldo França de Lima. Assinou também uma das versões de Meu Pé de Laranja-lima (1998/99). Ainda, Ana Maria escreveu com Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares alguns marcos da teledramaturgia. Só para ilustrar, um foi Tieta (1989/90). Na volta à Globo, escreveu algumas novelas das 18h no começo dos anos 2000, como Esplendor. Esse mesmo horário poderia abrigar suas histórias novamente.

Solange Castro Neves

Solange Castro Neves (Divulgação)
Solange Castro Neves Divulgação

Foi pesquisadora e colaboradora de Ivani Ribeiro e Cassiano Gabus Mendes nos anos 1980 e 1990. Ajudou Ivani a adaptar dois grandes sucessos seus para remakes: Mulheres de Areia (1993) e A Viagem (1994). Marcos da teledramaturgia, entre originais, remakes e reprises as duas novelas juntas somam mais de dez exibições – por enquanto. Entre 2000 e 2001 teve produzidos pela Record TV dois originais seus bem interessantes: Marcas da Paixão e Roda da Vida.

Miguel Falabella

Miguel Falabella
Miguel Falabella DivulgaçãoTV Globo

Miguel Falabella escreveu poucas novelas, apenas quatro. Os problemas de percurso vividos em Negócio da China (2008/09) fizeram o autor desejar nunca mais escrever novelas para o horário das 18h. As outras três ocuparam a faixa das 19h, e apresentaram o estilo próprio do criador. Personagens com nomes inusuais, tramas cheias de romance e relações familiares tumultuadas marcadas por muito colorido. Um clima quase almodovariano em nossa teledramaturgia. A última novela de Falabella até aqui foi Aquele Beijo (2011/12). Entre uma novela e outra, atuou como ator e escreveu para séries. O método de trabalho em novelas é bem diferente do de outros gêneros de ficção. Todavia, boas ideias e um universo diferente como o de Falabella fazem bastante bem ao gênero.

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