Muita gente criou expectativa sobre Deus Salve o Rei. Desde o momento em que a Globo confirmou a produção como novela das 19h, se esperou um grande investimento em figurinos, cenários e locações. Em parte, isso tudo foi cumprido, já que a trama tem disponíveis os melhores recursos dos Estúdios Globo.
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Porém, nem tudo deu tão certo assim, já que a novela não é comentada nas ruas e, tampouco, tem índices de audiência surpreendentes. Apesar de manter a Globo na liderança, com folga, Deus Salve o Rei tem sérios problemas que incomodam o telespectador, que não é bobo e sabe identificar uma novela fraca.
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A trama escrita por Daniel Adjafre não tem história potente, instigadora. É lenta, enrolada e sem um grande trunfo. Tanto é que o autor precisou de ajuda para melhorar a situação. Ricardo Linhares passou a mexer no texto, segundo a imprensa. Mas, com meses de exibição, o destino da trama já está fadado ao esquecimento.
Por isso, vamos analisar na seção Lista, do Observatório da Televisão, as cinco principais razões que impediram o investimento milionário da Globo de ser um sucesso absoluto de audiência e crítica.
Personagens – Apesar de os atores apresentarem boas interpretações, os personagens não encantam o público. Já que a trama central não é lá essas coisas, as secundárias não cativam, não conseguem prender o telespectador. Por mais que haja histórias, que no papel são interessantes, como a de Selena (Marina Moschen), simplesmente nenhuma consegue dar base eficientemente bem para o eixo central da novela. A família de Amália (Marina Ruy Barbosa) é um bom exemplo de como todo um núcleo pode despertar atenção nenhuma. Ainda sobre a nobreza, faltou construir uma família real, de fato. Com história e tradições.
Antagonista – Bruna Marquezine e a produção da novela tentaram fazer algo supostamente diferenciado e o público não gostou. Eles deram a entender, então, que quem assiste não compreendeu bem a proposta, que era até vista internamente como correta. Mas o fato é que Catarina é uma vilã sem causa e completamente fora tom. Se esperava uma personagem com algum carisma e com uma história que justificasse seu jeito de ser, ao menos. Porém, nada agrada na personagem que está sempre tramando. Ela sequer respeita o sangue já que traiu o seu reino para ser rainha em outro. Algo impensável na Idade Média.
Protagonistas – Apesar de que Amália é bem realizada por Marina Ruy Barbosa, a personagem não foi até aqui o que se esperava de uma heroína medieval. Caiu em algumas tramas dos antagonistas e até enfeitiçada foi. Já Afonso, de Romulo Estrela, se mostrou sem fibra, fraco. Abandonou o trono por amor e percebeu o erro quando tudo já havia desandado. Poderia ter convencido Amália a viver com ele no castelo quando estava para se tornar rei. Ou seja, errou feio. Porém, a história teria sido mais interessante se ele tivesse que conquistar Amália, enquanto rei. Ela forçada a viver no castelo e aos poucos ir descobrindo sua vocação para o reinado. Porém, não. Se ela morrer no capítulo de hoje, quase ninguém iria no enterro dela, de tão importante que é. Não dá nem para dizer que Amália e Afonso têm uma história de amor daquelas que ficam para a história.
Humor – Quase toda novela das 19h tem doses caprichadas de humor. Porém, em Deus Salve o Rei, o gênero é quase uma piada de tão ruim. Rodolfo (Johnny Massaro) faz um estilo muito pastelão para quem ocupa uma posição tão importante, o que não convence. Toda vez que vai agir se enrola nas palavras, deixa transparecer seu lado covarde… O que gera um estranhamento para uma trama medieval. Se espera príncipe, reis, rainhas com inteligência, glamour e, claro, rivalidades. Tudo isso pode ser feito com humor, humor inteligente, sutil. Porém, a escolha foi pelo estilo de Lucrécia (Tatá Werneck), por exemplo. Ela vai bem, diverte, mas de forma isolada, nada a ver com a trama central, por exemplo.
Locações – Os planos aéreos da novela mostram uma paisagem europeia, porém, quando fecha nos atores, se vê a vegetação típica do Brasil. Aliás, a novela economiza cenários maiores justamente para poder maquiar com e sem chroma key uma locação feita nos Estúdios Globo. Em tempos de grandes produções da televisão mundial, fica completamente evidente esse tipo recurso, feito no quintal. Sem contar que os castelos todos parecem irreais, tudo muito pouco para uma trama que prometeu ser épica.
Roteiro – Todos os outros problemas de Deus Salve o Rei poderiam ser minimizados se o texto fosse incrível. O roteiro é chato, pobre, nada encantador. É tão ruim que matou os protagonistas, que quando se mostram corajosos apresentam algo quase cômico, sem verdade alguma. O texto é lento, cheio de subtramas irrelevantes e sem graça. A história central é uma piada, com uma vilã mal construída e o protagonista masculino lerdo, incapaz de entender o jogo pelo poder, que por si só é uma piada na trama. Protagonistas ruins, antagonista no mesmo ritmo e tramas secundárias irrelevantes. Não, Deus Salve o Rei será esquecida imediatamente ao surgimento da palavra “fim” na tela.