TV Cultura, 50 anos: cinco décadas de uma programação infantojuvenil premiada e fascinante

Publicado em 17/06/2019

Neste mês de junho, a TV Cultura de São Paulo completa cinco décadas de atividades. Desde 1969 a emissora mantém a tradição de levar ao público produções esmeradas em não apenas entreter, como também ensinar. Vamos relembrar alguns dos mais significativos frutos da programação infantojuvenil da TV Cultura.

Nos anos 1970, o dia a dia dos bichos e uma vila inesquecível

Em 1971, estreou o Jardim Zoológico. Apresentado por Renato Consorte, o programa mostrava a cada episódio curiosidades sobre um animal diferente. Ao final do passeio pelo Zoológico as crianças convidadas eram reunidas para um bate-papo sobre tudo que aprenderam. A atração foi exibida até 1977. Em 1972, ganhou da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) o prêmio de Melhor Programa Infantil.

Vila Sésamo: um marco da programação infantojuvenil da TV Cultura (e brasileira)

Em 1972, num regime de coprodução com a Rede Globo, a TV Cultura estreou Vila Sésamo. Adaptada do formato norte-americano Sesame Street, a atração era gravada em São Paulo nos estúdios da Cultura, com elenco global. Armando Bogus, Aracy Balabanian, Sônia Braga, Flávio Galvão, Paulo José, Flávio Migliaccio e Manoel Inocêncio faziam parte do elenco. Além de Laerte Morrone dando vida ao Garibaldo, ave desengonçada e divertida.

Higiene, alfabetização, numerais, cores e comportamento no trânsito estavam entre os temas apresentados às crianças. Sempre em quadros curtos de no máximo três minutos. A curta duração dos esquetes foi definida em virtude de uma constatação. Crianças pequenas, com idade entre 3 e 5 anos, não costumam manter a atenção quando os conteúdos são muito longos. Isso explica o porquê de filmes comerciais de 30 segundos, por exemplo, atraírem mais os pequenos do que programas completos.

A partir de 1974, apenas a Globo produziu e exibiu Vila Sésamo, que ficou no ar até 1977, a saber. Em 2007, a TV Cultura voltou a produzir o programa, agora sozinha e com modificações em relação ao original.

Bambalalão: um marco da TV Cultura para a geração que hoje gira pelos 40 anos

Embora tenha estreado em 1977, o Bambalalão marcou a década de 1980. “Olha o trenzinho que carrega a alegria, e que me leva todo dia pro mundo da fantasia… Bambalalão é um lugar de encantamento, com arte a todo momento; aprender é divertimento!” Esses eram os primeiros versos do tema do programa, apresentado por Gigi Anhelli, que ao longo dos 13 anos de exibição teve ao seu lado também Silvana Teixeira, Chiquinho Brandão (o cientista Professor Parapopó), Marilam Sales (o palhaço Tic-Tac), João Acaiabe e Ed Lito, entre outros. Além disso, não podemos esquecer os fantoches criados por Memélia de Carvalho e Fernando Gomes: Maria Balinha, João Balão, os macacos Chiquinho, Chiquinha e Agapito, o Bambaleão e Boninho.

Até 1982, o Bambalalão era gravado. Daí até 1990, quando saiu do ar, as edições passaram a ser apresentadas ao vivo, diretamente do Auditório Cultura, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Gincanas entre crianças da plateia, histórias interpretadas pelo elenco da atração e as que eram contadas no quadro “Quem Quiser, Que Conte Outra” fizeram a glória da garotada na época. Posteriormente, em ocasiões especiais como aniversários da emissora, algumas edições do Bambalalão foram reapresentadas.

Anos 1980: mais infantis históricos e êxitos juvenis com o conhecimento como atração

Além do Bambalalão, ao longo da década de 1980 surgiram outros êxitos na programação infantojuvenil da TV Cultura. A partir de 1981, foi ao ar o Curumim, dedicado essencialmente às crianças em idade pré-escolar. Sérgio Mamberti, Nilda Maria e Ney Sant’Anna estiveram entre os apresentadores do programa. Exibido até 1985, Curumim foi substituído pelo Catavento, que através de situações do cotidiano introduzia a audiência em conteúdos do ensino pré-escolar. Só para ilustrar, Luís Melo (como Gororoba), Verônica Julian e Roberto Domingues compunham o elenco.

“A nossa escola é boa, é boa, é boa… E nós viemos pra ganhar!”

Em 1981, foram lançados dois programas lembrados até hoje pelas crianças e jovens que puderam acompanhá-los. Falamos de É Proibido Colar e Qual É o Grilo?. O primeiro era uma gincana de estudantes exibida nas tardes de sábado, apresentada por Antonio Fagundes e Clarisse Abujamra. A saber, eles eram casados à época. Os participantes eram alunos de escolas públicas. Ao passo que o segundo era efetivamente uma aula na TV, embora conduzida de forma divertida. Carlos Arena e Neide Alexandre comandavam o programa, que tinha a participação de alunos da 5ª à 8ª séries.

Anos 1990: prêmios e o início de uma franquia de sucesso para a TV Cultura

Em 1990, estreou na TV Cultura o Rá-Tim-Bum, produzido com aporte financeiro da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) de um milhão de dólares, cerca de 18 milhões de cruzados novos em moeda da época. Com o slogan “A pré-escola na TV”, a emissora mantinha nesse programa o filão dos espectadores entre 3 e 7 anos, essencialmente. “Senta que lá vem a história!”, a frase dita antes de cada trecho das histórias apresentadas em “capítulos” ao longo de cada programa, marcou os espectadores. Bem como diversos quadros e personagens do Rá-Tim-Bum: Euclides (Carlos Moreno), Máscara (Paulo Contier), Cacilda (Eliana Fonseca), Nina (Iara Jamra)…

“Diretamente do Mundo da Lua, onde tudo pode acontecer…”

No ano seguinte, começaram a ir ao ar os 52 episódios de Mundo da Lua, grande êxito da TV Cultura, uma vez que a levou a índices em torno dos 20 pontos de audiência. Com toda a certeza, um resultado incomum para uma TV pública. Criada de Flávio de Souza e dirigida por Roberto Vignati, a série girava em torno da vida de Lucas Silva e Silva (Luciano Amaral), que completa 10 anos de idade no episódio de estreia. O garoto tem uma imaginação muito fértil e, fazendo uso de um gravador presenteado pelo avô paterno, Orlando (Gianfrancesco Guarnieri), desenvolve histórias que mostram como ele gostaria que as coisas fossem. No entanto, as próprias histórias oferecem a Lucas a percepção de que seus desejos não levam as situações a bom termo e os adultos é que têm razão…

Elenco de Mundo da Lua
Elenco de Mundo da Lua divulgação

No decorrer de toda a década de 1990, outro sucesso da programação infantojuvenil da TV Cultura foi o Glub Glub. Apresentado por Carlos Mariano e Gisela Arantes (e também por Andrea Pozzi a partir da terceira temporada), o programa intercalava desenhos animados de todo o mundo com as conversas entre os personagens. Algumas das animações apresentadas, só para exemplificar, foram Bertha, Zeca e Joca e Arrume Tudo e Pare Com Isso. Com efeito, não pode deixar de ser citado o Castelo Rá-Tim-Bum, que estreou em 1994. Você pode ler um especial sobre os 25 anos do programa clicando aqui.

Revista eletrônica infantil chegou a 10 temporadas

Com efeito, o X-Tudo também foi um fruto emblemático da programação infantojuvenil da TV Cultura. Transmitido entre 1992 e 2002, inicialmente semanal e a partir de 1994 apresentado diariamente, o X-Tudo era uma revista eletrônica para crianças, com quadros de curiosidades, reportagens, dicas de culinária e leitura. Gerson de Abreu, Márcio Ribeiro, Norival Rizzo, Joyce Roma, Rachel Barcha, Oscar Simch, Fernanda Souza e Rafael Meira fizeram parte do elenco ao longo das várias temporadas. Entre os roteiristas, Dan La Lanna Sene, Lilian Iaki, Regina Soler e Rosana Hermann, e Maísa Zakzuk foi uma das diretoras.

Um pai, quatro filhas e uma série de situações do cotidiano adolescente

Confissões de Adolescente marcou a programação infantojuvenil da Cultura nos anos 1990. Exibida em 1994, foi dirigida por Daniel Filho e surgiu do texto teatral escrito por Maria Mariana, que também interpretou a mais velha das quatro filhas de Paulo (Luís Gustavo), Diana. As outras, a saber, eram Bárbara (Georgiana Góes), Natália (Daniele Valente) e Carol (Deborah Secco). As dúvidas, problemas, descobertas e vitórias da adolescência, com roteiro de Euclydes Marinho e diversas participações afetivas, fizeram bastante sucesso e ganharam depois uma nova temporada, na Rede Bandeirantes.

Cocoricó estreou em 1996. Inicialmente planejado como Fazenda Rá-Tim-Bum, com a intenção de que o garoto Júlio e seus avós fossem humanos e não bonecos. No decorrer do processo de criação do programa, ocorreu a opção por todos os personagens serem representados por bonecos, manipulados por Fernando Gomes e sua equipe. Alguns dos animais que moravam no sítio com Júlio eram a vaca Mimosa, o papagaio Caco, o cavalo Alípio e as galinhas Lola, Zazá e Lilica.

De 2000 para cá: após um período sem maiores novidades, atrações inéditas na programação infantojuvenil da TV Cultura

Ademais, em 2002, foi ao ar Ilha Rá-Tim-Bum, que dava prosseguimento à franquia de sucesso da programação infantojuvenil da TV Cultura. Rouxinol (Greta Antoine), Gigante (Paulo Nigro), Majestade (Thuanny Costa), Raio (Abayomi de Oliveira) e Micróbio (Rafael Chagas) estão a caminho de uma apresentação do coral de sua escola. Inesperadamente eles acabam indo parar numa ilha que não consta dos mapas. Lá, eles enfrentam diversos perigos, em virtude da presença do vilão Nefasto (Ernani Moraes). Ao mesmo tempo que contam com a amizade da aranha Nhã-nhã-nhã (Ângela Dip) e da bruxa Hipácia (Graziella Moretto).

Quintal da Cultura: um dos poucos programas infantis da TV aberta atualmente

Em contraste com as emissoras privadas, que praticamente aboliram todos os programas infantis, no ano de 2011, estreou um sucesso recente da emissora: o Quintal da Cultura. José Eduardo Rennó (Ludovico), Helena Ritto (Doroteia) e Jonathan Gouveia (Osório) começaram encenando quadros ao vivo, exibidos de forma intercalada com desenhos animados na grade da emissora. Joyce Roma, Cristiano Gouveia, Mafalda Pequenino, Henrique Stroeter e Paola Musatti passaram a integrar o elenco no decorrer das temporadas.

Pedro e Bianca: os gêmeos que representavam os conflitos dos adolescentes na programação infantojuvenil da TV Cultura

No ano seguinte, a série Pedro e Bianca, criada por Cao Hamburger, fez sucesso em suas apresentações semanais. Os personagens-título são irmãos gêmeos, mas Pedro (Giovanni Gallo) nasceu branco, enquanto Bianca (Heslaine Vieira) é negra. Eles reproduzem a cor dos pais, a branca Zuzu (Gorete Milagres) e o negro Edson (Thogun Teixeira). Através do cotidiano dos dois adolescentes, a série trata de problemas comuns a essa fase da vida, como as experimentações, a necessidade de ser aceito, as amizades e a transição para a fase adulta. Pedro e Bianca recebeu prêmios importantes, como o Emmy Kids Internacional na categoria “Melhor Série” e o Prix Jeunesse para o episódio de estreia.

Em 2014, a programação infantojuvenil da TV Cultura estreou mais um programa com a marca do trabalho de Cao Hamburger, analogamente a Pedro e Bianca e Castelo Rá-Tim-Bum. Que Monstro te Mordeu? trouxe como personagem principal Lali (Daphne Bozaski), a saber. Seus amigos são Luísa, uma poltrona cor-de-rosa, bastante tímida; Dedé, um monstro feito de chiclete, que às vezes deixa sua hiperatividade tomar conta; e Gorgo, uma lata de lixo pouco seletiva quanto ao que come. Esses são os amigos de Lali, nessa série que desmitifica a imagem dos monstros, que não passam de representações dos nossos medos e apreensões.

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