Precursor do Casos de Família, Márcia marcou os anos 1990 no SBT

Publicado em 20/10/2018

Em meados dos anos 1990, um programa chamou a atenção no SBT. Discussões cujos participantes chegavam por vezes às vias de fato, ofendiam-se mutuamente, descontrolavam-se. Diante de uma plateia não raro estarrecida, uma apresentadora tentava apaziguar os ânimos – por vezes pouco antes exaltados, pode-se dizer, por ela mesma. Assim era o programa Márcia, com Márcia Goldschmidt, atração da emissora de Silvio Santos entre 1997 e 1998.

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Podemos considerar o programa Márcia como um precursor do Casos de Família, que estreou em 2004. O estilo era o mesmo e até cores como o laranja predominam na cenografia de ambas as atrações. No entanto, cabe ressaltar a diferença de tom da apresentadora inicial, seja em relação a Márcia, seja em relação a Christina Rocha. Regina Volpato, hoje no comando do Mulheres, da TV Gazeta, conduzia as discussões de maneira branda e conciliadora, sem incentivar tensões.

Exemplo de tema tratado no programa, numa das chamadas que convocavam os espectadores a participar (Reprodução/SBT)
Exemplo de tema tratado no programa numa das chamadas que convocavam os espectadores a participar ReproduçãoSBT

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Como Márcia chegou à apresentação de um programa com seu nome

Até estrear no SBT, Márcia Goldschmidt era desconhecida do grande público. Proprietária de uma agência de casamentos de nome Happy End, apresentava na antiga Rede Mulher (canal UHF que hoje abriga a Record News) um programa com o nome da empresa. A emissora de Silvio Santos anunciou nos jornais que estava à procura de uma nova apresentadora para uma atração a ser lançada. Márcia suplantou mais de 200 concorrentes entre elas a repórter Magdalena Bonfiglioli. Esta acabou apresentando na mesma época, na Rede Manchete, um similar de nome Magdalena Manchete Verdade.

Márcia tornou-se conhecida em todo o Brasil de um dia para o outro. O programa chamou a atenção em virtude de seus temas polêmicos e dos participantes por vezes chegarem à agressão física. Armados ou genuínos, os desentendimentos provocavam identificação em parte do público. As inspirações do formato, a saber, foram programas norte-americanos como os de Geraldo Rivera (este exibido no Brasil pelo mesmo SBT em 1993, dublado) e Ricki Lake. Inclusive, o produtor Albert Lewitinn, que integrou a equipe de Lake, implantou o programa de Márcia.

De semanal a diário: Márcia ganha espaço devido à repercussão

Com frequentes vitórias sobre a linha de shows da Globo, o programa Márcia atingia em torno de 20 pontos de audiência em seus melhores dias. Tamanho sucesso fez com que a atração se tornasse diária, o que ocorreu em abril de 1998. No entanto, sem conseguir fazer frente ao êxito de Ratinho na RecordTV, a atração mudou de horário, até ser tirada do ar em agosto. O SBT contratou Ratinho e os dois programas eram parecidos, apresentando discussões no palco e questões familiares. Por essa razão, Márcia saiu do ar. Todavia, continuou na casa por mais algum tempo e chegou a apresentar o Programa Livre e o Fantasia.

Posteriormente, a apresentadora comandou programas nas TVs Gazeta e Band. Inclusive o dominical Jogo da Verdade, que atingiu boa audiência. Atualmente, Márcia não trabalha mais na televisão e mora em Portugal.

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