Nos 35 anos da Rede Manchete, relembre o jornalismo da emissora

Publicado em 05/06/2018

O jornalismo de qualidade foi uma marca da Rede Manchete ao longo de seus quase 16 anos no ar. Mesmo nos períodos de maiores dificuldades financeiras, com greves de funcionários, atrasos nos pagamentos de salários e mudanças constantes na programação, os noticiários sempre tiveram espaço assegurado e uma audiência cativa que buscava se informar além das emissoras concorrentes.

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Um jornalismo analítico, comentado, explicado ao espectador sem chamá-lo de bobo, que destacasse os mais variados assuntos de interesse público: nasceu com essa proposta o primeiro e principal noticiário da emissora: o Jornal da Manchete, que estreou no dia seguinte à inauguração, 6 de junho de 1983. O jornal estreou com cerca de duas horas de duração, divididas em blocos temáticos como Manchete Panorama, sobre artes e espetáculos, e Manchete Esportiva, este depois transformado num programa à parte. Ao longo dos anos estabilizou-se em 60 minutos diários e mais 30 na Segunda Edição, levada ao ar em torno da meia-noite, concorrendo pelo público do Jornal da Globo. O tema de abertura (de nome “Videogame”) foi composto pelo conjunto Roupa Nova, e ficou na memória dos espectadores.

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Em 1984 foi lançado o Jornal da Manchete – Edição da Tarde, exibido na hora do almoço e que teve época de ouro entre o fim dos anos 1980 e começo dos 1990, com Leda Nagle e Carlos Bianchini.

Entre os apresentadores do Jornal da Manchete estiveram Carlos Bianchini, Ronaldo Rosas, Luiz Santoro, Leila Richers, Eliakim Araújo, Leila Cordeiro, Márcia Peltier, Augusto Xavier e Cláudia Barthel.

Nos últimos dias da Manchete, já na transição para o que se tornaria a Rede TV! (sem o “Rede” na frente), apenas um noticiário ia ao ar: o Primeira Edição, novo nome do Jornal da Manchete, que permanecia no mesmo horário, por volta de 20h40min, e com a mesma apresentadora, Cláudia Barthel, que permanece até hoje na Rede TV!.

Marcou época o Programa de Domingo, revista semanal da emissora criada por Fernando Barbosa Lima. Estreado em 1983, o Programa de Domingo só saiu do ar em 1999 e teve como apresentadores, entre outros, Carlos Bianchini, Ronaldo Rosas, Maitê Proença, Carolina Ferraz, Geórgia Wortman, Lilian Fernandes e Florestan Fernandes Jr., além de Paulo Alceu, que depois tornou-se diretor da atração.

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Fossem remodelações de noticiários da emissora ou projetos novos, os jornalísticos sempre estiveram em constante renovação e como alvo da atenção da Manchete. No final da noite, nos anos 1990 o Jornal da Manchete – 2ª Edição deixou de ter esse nome e, com mudanças de formato, foi rebatizado como Noite Dia, em 1991, com Renato Machado; Edição Nacional, em 1994, com Ronaldo Rosas; e Manchete Verdade, em 1996, com Marcos Hummel. Nessa passagem de Hummel pela emissora também foi criado o Na Rota do Crime, surgido na onda do Aqui Agora, do SBT, e que teve seu público. Foi fruto de mais uma passagem de Fernando Barbosa Lima pela Manchete.

No final da década de 1980, estreou o programa Documento Especial, criado por Nelson Hoineff. Apresentado por Roberto Maya, era ousado na temática e nas entrevistas, e exibiu reportagens sobre temas como o preconceito social, a decadência do futebol brasileiro (já na época), relacionamentos extraconjugais, surf de trem, as dificuldades da vida em condomínios e outros.

Após a transferência do programa de Hoineff para o SBT, foi criado o 24 Horas, com Solange Bastos, que seguia mais ou menos a mesma linha, com sensacionalismo, temas polêmicos e até certo ponto inusitados, no tema em si ou na sua abordagem. Marcos Wainberg também apresentou o programa, numa fase posterior e mais leve.

Mais ou menos na mesma época Márcia Peltier passou a apresentar semanalmente o jornalístico Márcia Peltier Pesquisa, com pautas desenvolvidas a partir de dados estatísticos.

Faz falta na televisão brasileira um jornalismo como o da Rede Manchete, que se preocupava em estar em cima dos fatos, com dinamismo, mas não deixava que uma pressa desnecessária comprometesse a boa transmissão da informação e abria espaço para comentaristas de diversas áreas destrincharem os fatos de seus focos de análise.

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