Há 25 anos, estreava um programa infantil que não subestimava a inteligência da criança

Publicado em 19/04/2018

Às 8 da manhã de 19 de abril de 1993, a Rede Globo colocava no ar a primeira edição de um novo infantil: TV Colosso, que substituiu o Show do Mallandro e as reprises do Xou da Xuxa nas manhãs da emissora e tinha a missão de manter a ótima audiência que a “Rainha dos Baixinhos” obtinha desde 1986. Com redação de Mauro Wilson, Valério Campos, Luís Gê, Glauco Villas-Boas, Fernando Gonzales, Toninho Neto, Laerte, Newton Foot, José Rubens Chachá, Chico Soares, Toni Marques e Adão Iturrusgarai e direção geral de J. B. Oliveira, o Boninho, o programa tinha como cenário uma emissora de televisão, a TV Colosso do título, que era conduzida apenas por cachorros das mais variadas espécies, sem qualquer interferência humana.

A TV aberta se esqueceu das crianças – menos o SBT

Os personagens eram bonecos criados e manipulados pelo Grupo Cem Modos, trabalho dirigido por Luiz Ferré e Roberto Dornelles. Entre os responsáveis pelos bonecos, além dos dois as presenças de Jacira Santos, Zé Clayton, Totoni Silva, Luiz Rogério, Fernanda Silveira e Sidnei Beckencamp, e na dublagem nomes famosos da atividade como Garcia Júnior, Ísis Koschdoski, Mário Jorge, Sheila Dorfman, Mônica Rossi, Hamilton Ricardo, Márcio Simões, Marco Antônio Costa, Mauro Ramos e Marco Ribeiro. Note-se na equipe de redatores a presença de diversos cartunistas, que com sua cancha para humor deram a leveza e a inteligência necessárias ao projeto e incentivavam a curiosidade, a inventividade e a perspicácia do público infantojuvenil.

O revolucionário Clip Clip saía do ar há 31 anos

Entre um desenho animado e outro – eram exibidos Spiff e Hércules, Taz-Mania, Onde Está Wally?, entre outros, além da série Super Mario Bros. – iam ao ar os esquetes com os 28 bonecos, representando os funcionários da emissora, desde o chefão J. F. e seu assessor puxa-saco Capachão até o operador Borges, um buldogue; o faz-tudo Gilmar; e a produtora e apresentadora Priscila, uma sheep dog, a personagem mais lembrada.

J. F., o mandachuva da emissora, e o bajulador Capachão
J F o mandachuva da emissora e o bajulador Capachão Divulgação

Como atrações da TV Colosso conduzidas pelos próprios cães, uma série de programas – o Jornal Colossal, novelas mexicanizadas, séries como As Aventuras do Supercão, Acredite se Puder (com suas histórias inacreditáveis passadas sempre na Nova Zelândia, apresentadas por Jaca Paladium, paródia de Jack Palance) e Roberval, o Ladrão de Chocolate, videoclipes no Clip-cão e até um esotérico, o Malabi Sabe. Além dos cães, havia as pulgas que atrapalhavam as transmissões, ao tumultuarem o trabalho de Borges de colocar os programas da estação no ar. Os bonecos eram manipulados de forma manual ou eletrônica, e suas vozes eram feitas por dubladores.

A abertura mostrava vários cães de diversas raças, a exemplo dos personagens do programa, sendo penteados e arrumados para um evento importante – assistir ao programa ao vivo em seus estúdios. Ao final da vinheta surgia Priscila no centro do estúdio e diante das câmeras. O tema de abertura era interpretado pelas Paquitas.

O grande sucesso do programa originou uma série de produtos licenciados, como revistas em quadrinhos, itens de material escolar e álbuns de figurinhas, além de dois especiais exibidos no horário nobre da emissora, um em 1993 e outro em 1995. Na hora do almoço, a criançada sabia quando a TV Colosso chegava ao fim graças ao aviso do chef da emissora, que anunciava com seu sotaque – francês, claro – que “Tá na mesa, pessoalll!”, e era atropelado pelos cachorros esfomeados na passagem para o refeitório.

Aos sábados era exibido um compacto da semana, expediente deixado de lado em 1994, quando neste dia passou a ir ao ar o Xuxa Park. Mas em 1995 o compacto da TV Colosso voltou, dividindo as manhãs de sábado com Xuxa. Nesse mesmo ano os programas deixaram de ter apenas a emissora como centro da ação, e os personagens ganharam mobilidade.

Edições inéditas foram exibidas de segunda a sexta-feira até setembro de 1996, quando foi implantado o programa de estreia de Angélica na casa, o Angel Mix, levado ao ar das 11h às 12h. Entre 8h e 11h, a TV Colosso passou a reprisar seus melhores momentos, como forma de manter o bom público das manhãs globais e acostumá-lo aos poucos com a nova apresentadora, egressa do SBT, até 3 de janeiro de 1997, quando o programa da cachorrada saiu do ar de vez, deixando saudade na geração que pôde acompanhá-lo – a deste que vos escreve.

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