Em 1995, Globo tentou unir humor e terror em série e a mistura não deu certo

Publicado em 30/04/2018

No dia 30 de abril de 1995, ainda na etapa de lançamento da nova programação para aquele ano, a Rede Globo colocou no ar às 22h, logo depois do Fantástico, uma nova série cuja proposta era aliar a temática de terror à tônica de humor para alinhavar histórias semanais. Era essa a ideia ao se investir em Casa do Terror, que reaproveitava o nome de uma sessão de filmes desse gênero exibida pela emissora nos anos 1980 – e também se valia de sua vinheta, com algumas modificações para ajudar no tom humorístico.

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A promoção do programa falava em “histórias de terror para rir”, ou “terrir”, termo cunhado pelo cineasta Ivan Cardoso, cuja obra serviu de inspiração para o projeto, além de experiências teatrais, da literatura de Stephen King e da anarquia da TV Pirata.

A primeira história a ser exibida foi “A Vingança de Edmundo”. Nela, o casal formado por Edmundo (Pedro Paulo Rangel) e Barbarela (Ney Latorraca), que gosta de sadomasoquismo, vivencia uma situação traumática: durante uma sessão de tortura que os dois promovem para se excitarem, Edmundo acaba morrendo eletrocutado. O vizinho Tony (Francisco Milani) livra Barbarela do mesmo destino, e os dois acabam se casando e tendo quatro filhos.

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Barbarela e Edmundo
Barbarela e Edmundo
Tony
Tony

No dia do aniversário de 21 anos da caçula Primavera (Luciana Vendramini), que é também aniversário da morte de Edmundo, este ressuscita e surge na casa de sua viúva para se vingar de todos, acompanhado de um grupo de mortos-vivos. Como os três filhos mais velhos de Barbarela e Tony, Huguinho (Guilherme Karam), Zezinho (Rodolfo Bottino) e Luisinho (Luiz Carlos Tourinho, que substituiu Diogo Vilela), aparecem para a festa como drag queens, o episódio escrito por Yoya Wursch, Luiz Carlos Góes e Rosana Hermann tinha o título alternativo “Drag Não É Droga: Pratique!”. No elenco ainda Eva Todor como Lívia, mãe de Barbarela, Isadora Ribeiro e Paulo César Pereio. A direção foi de Roberto Talma e Jodele Larcher.

Huguinho, Zezinho e Luisinho, as drags
Huguinho Zezinho e Luisinho as drags

O segundo episódio, apresentado em 7 de maio, foi “O Bebê de Rosineide”, escrito por Andréa Maltarolli e Emanuel Jacobina e dirigido por José Lavigne. O enredo aqui girava em torno do acolhimento por Rosineide (Lília Cabral) de um bebê que é deixado à sua porta. Acontece que o tal bebê tem por pai o próprio diabo (Ney Latorraca), e após 21 anos ele resolve ir à casa de Rosineide e seu marido Menelau (Stepan Nercessian) para buscar o filho (Luiz Carlos Tourinho).

Lília Cabral como Rosineide
Lília Cabral como Rosineide

Ainda não havia sido inaugurado o complexo dos Estúdios Globo em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, por muitos anos chamado de Projac, e as gravações da série ocorreram na Tycoon, localizados na Barra da Tijuca, bairro da mesma região da cidade. Silicone envelhecido e fios de telefone foram alguns dos elementos utilizados pelos figurinistas Cláudio Carpenter e Chico Spinoza para caracterizar melhor os mortos-vivos, e a preocupação da produção era tanta que no primeiro episódio todas as cenas tiveram efeitos especiais.

Os resultados de audiência de Casa do Terror ficaram abaixo do esperado pela Rede Globo, que não conseguiu enfrentar a concorrência de Silvio Santos com o Topa Tudo por Dinheiro, e o que era para ser uma série ficou apenas nesses dois episódios. O primeiro perdeu para o SBT por 31 pontos a 20, enquanto o segundo obteve 21 pontos contra 32 de Silvio. Já na semana seguinte, no dia 14, a sessão de filmes Domingo Maior passou a entrar no ar mais cedo novamente, já na sequência do Fantástico. Entre as histórias que sequer foram ao ar na Casa do Terror estavam “Ferro em Brasa ou A Volta do Morto Gentinha”, “A Morte Mora ao Lado” e “A Vingança do Alface Rancoroso”.

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