Há 18 anos, Tom Cavalcante tentava voo solo na Globo com Megatom

Publicado em 20/02/2018

No dia 20 de fevereiro de 2000, a Globo lançava o humorístico Megatom, protagonizado por Tom Cavalcante. Exibido nas tardes de domingo, antes do Domingão do Faustão, o programa estreou em meio a muitas polêmicas, que iam desde fofocas acerca de tentativas de cancelamento, até um mal estar causado pela intempestiva saída de Tom Cavalcante do elenco do Sai de Baixo, onde vivia o porteiro Ribamar.

Megatom era um projeto antigo de Tom Cavalcante, humorista que fazia sucesso desde que apareceu na Escolinha do Professor Raimundo como o bêbado João Canabrava, e que vinha há alguns anos dando vida ao porteiro Ribamar, no humorístico Sai de Baixo. Assim, o comediante passou a desenvolver um formato no qual pudesse interpretar vários dos tipos criados por ele. A atração, então, começou a ser desenvolvida ainda em 1999, com a ideia de ser um programa noturno. Entretanto, Megatom teve sua estreia adiada por várias vezes. Ao mesmo tempo, Tom resolveu deixar o Sai de Baixo para se dedicar ao novo projeto, o que gerou um mal estar com a direção da Globo e deu margem a boatos de que Megatom seria abortado. Matéria da Folha de S. Paulo afirmava que Tom precisou se explicar junto à alta direção da Globo para ter seu projeto levado adiante.

Quando o projeto finalmente engrenou, a direção da emissora avisou que Megatom não seria mais um programa noturno, e sim exibido nas tardes de domingo. Naquela época, o Domingo Legal, de Gugu Liberato no SBT, começava a ser uma ameaça à Globo, que fazia de tudo para reforçar sua programação dominical. Megatom, então, teve que passar por um processo de “suavização” em seu texto para se adequar ao novo horário. Assim, finalmente, teve sua estreia marcada para fevereiro de 2000, o que causou estranheza, já que a Globo costumava realizar suas estreias apenas em abril. Muitos acreditavam que esta estreia antecipada significava que o Megatom estrearia como um teste.

E então, após muitos adiamentos e disse-me-disse, Megatom entrou no ar. O programa reunia esquetes protagonizadas pelos personagens de Tom, entre eles os conhecidos João Canabrava e o Velho Venâncio. Além destes tipos, Tom lançava novos personagens, como Figueira, um pão-duro inveterado; Ivonete, uma grã-fina metida à besta; Merval, um tipo ingênuo que era sempre enganado por todos; e Raymond, um cabeleireiro gay que vivia sendo assediado por mulheres. Além destes, Tom ainda lançava no Megatom um dos seus tipos mais marcantes, o Pitbicha, um homossexual que “era macho até debaixo de outro macho”.

Megatom, como o Sai de Baixo, era quase todo gravado no Teatro Ópera, em São Paulo, mas alguns esquetes eram gravados em ambiente externo. E, logo que estreou, o programa não escapou de uma saraivada dos críticos, que avaliaram que os tipos criados por Tom eram comuns e pouco criativos. Até mesmo Chico Anysio chegou a afirmar que Venâncio era uma cópia de seu personagem Pantaleão. O quadro de Venâncio, aliás, também sofreu um revés, já que ele contava com a participação de Scheila Carvalho, a então “morena do Tchan”. Como a dançarina não possuía registro de atriz, acabou sendo obrigada a deixar o elenco.

A audiência não chegou a decepcionar, já que Megatom conseguia manter a liderança da Globo em seu horário de exibição (das 15h45 às 16h45), perdendo para o Domingo Legal apenas uma vez. No entanto, a direção da emissora não ficou plenamente satisfeita com a atração, e Megatom não escapou de profundas mudanças. Sendo assim, a partir de abril de 2000, começaram estudos para uma reformulação do formato do humorístico. Segundo a Folha de S. Paulo de 12 de abril de 2000, as mudanças foram motivos de divergências entre Cláudio Paiva, que respondia pela redação da atração, e o diretor Maurício Tavares. Paiva queria priorizar os esquetes, enquanto Tavares queria explorar o lado “showman” de Tom, com imitações e números musicais.

E as mudanças aconteceram. Os esquetes realmente saíram de cena, eliminando boa parte dos personagens criados por Tom. O humorista, então, voltou a encarnar o Ribamar, do Sai de Baixo, além de manter João Canabrava, Ivonete e Pitbicha. Seus personagens remanescentes passaram a interagir com famosos em várias ocasiões, sejam em passeios ou em visitas às casas dos convidados. Esta fase mostrou Ribamar visitando o set de gravação do seriado Sandy & Jr, ou Ivonete como uma espécie de Hebe Camargo, entrevistando famosos em suas casas.

O Megatom permaneceu com este formato mais flexível por um bom tempo, até passar por uma nova reforma em 2001. Os esquetes voltaram, e Tom Cavalcante voltou a encarnar outros tipos, que, desta vez, dividiam um mesmo cenário, os diferentes ambientes de uma estação de televisão, a TV Rodoviária. Esta fase durou pouquíssimo tempo, já que, em abril de 2001, o Megatom foi suspenso por quatro semanas devido às transmissões do Campeonato Paulista de Futebol. Depois desta pausa, a direção da emissora resolveu cancelar o programa de vez, e Tom Cavalcante levou João Canabrava, Pitbicha e Ribamar para o Zorra Total, onde ficou até 2004, quando migrou para a Record.

Megatom era escrito por Márcio Wilson, Adriana Chevaliera, Bernardo Guilherme, Marcelo Gonçalves, Beatriz Brandão, Giovana Hallack, Lena Gino, Chico Soares, Léo Jayme, Adão Iturrusgarai, Luiz Campos, Odete Damico, com supervisão de textos de Cláudio Paiva. Seus diretores foram Maurício Tavares, Mário Meirelles, Edson Erdmann e Roberto Talma.

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Reveja uma edição do Megatom:

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