A novela Espelho Mágico terminava há 40 anos

Publicado em 05/12/2017

No dia 05 de dezembro de 1977, terminava a novela Espelho Mágico. Escrita por Lauro César Muniz, a trama exibida na faixa das oito da Globo mostrava os bastidores de uma telenovela. Não foi um sucesso, mas tornou-se cult pela ousadia de trazer uma narrativa metalinguística.

Diogo Maia (Tarcísio Meira) e Leila Lombardi (Gloria Menezes) são atores de televisão extremamente populares no Brasil. Eles são os astros da novela Coquetel de Amor, um grande sucesso da TV, escrita por Jordão Amaral (Juca de Oliveira) e dirigida por João Gabriel (Daniel Filho). Apesar do sucesso de Diogo e Leila, o casal tem alguns percalços pessoais que precisa enfrentar, sobretudo Beatriz (Lídia Brondi), filha adolescente do primeiro casamento de Leila, e que não suporta Diogo. Para ela, a mãe deve voltar para os braços de seu pai, nada menos que Jordão Amaral.

Mas Jordão é casado com Norma Pelegrine (Yoná Magalhães), uma atriz veterana que passou anos longe da TV. Acostumada a ser protagonista, Norma retorna à telinha em Coquetel de Amor, mas num personagem coadjuvante. E a situação a deixa bastante descontente.

Espelho Mágico também trazia vários outros personagens que retratavam os tipos que circulam no meio artístico, como a ambiciosa atriz Cynthia Levy (Sônia Braga), ou a ex-atriz de pornochanchadas Diana Queiroz (Vera Fischer), que buscava uma outra direção para sua carreira. Outros destaques são os jovens atores Nestor Rey (Kito Junqueira) e Paulo Morel (Tony Ramos). Enquanto o primeiro vem do interior para tentar a sorte no Rio de Janeiro, o segundo experimenta o sucesso ao ser chamado às pressas para substituir um dos protagonistas da peça Cyrano de Bergerac, adaptada pelo dramaturgo Gastão Cortez (Sérgio Britto) e estrelada por Diogo Maia.

Com Espelho Mágico, o autor Lauro César Muniz procurava mostrar o artista além do glamour do cenário artístico, abordando seu cotidiano e seus problemas pessoais. Por conta disso, a trama tinha três grandes núcleos centrais, que focavam: a televisão, por meio da novela Coquetel de Amor; o teatro, mostrando a peça Cyrano de Bergerac; e o teatro de revista, representado pelo palhaço Carijó (Lima Duarte) e sua filha Lenita (Djenane Machado).

Para criar sua história metalinguística, o autor acabou aproveitando muitos elementos da vida real de seus atores. Diogo Maia e Leila Lombardi, por exemplo, faziam alusão aos próprios intérpretes Tarcísio Meira e Gloria Menezes. Vera Fischer, estreando em novelas, vivia uma personagem com trajetória semelhante à sua: uma ex-miss que tentava a carreira de atriz, na qual já havia participado de alguns filmes da pornochanchada e era convidada a estrelar sua primeira novela.

Com esta proposta, Espelho Mágico acabou exibindo uma novela dentro da novela, já que o público também acompanhava as emoções de Coquetel de Amor. Nesta trama, Muniz buscou homenagear cenas clássicas da dramaturgia brasileira, fazendo uma mistura de situações bastante típicas dos folhetins televisivos. Segundo o site Teledramaturgia, a trama de Coquetel de Amor foi acusada de plágio, principalmente em seu entrecho central, que lembrava nitidamente O Semideus (1973-1974), de Janete Clair. A autora não teria gostado da situação.

Ousada, Espelho Mágico não caiu nas graças da audiência, e a Globo experimentou uma grande queda de audiência em seu horário de exibição. Por conta disso, o autor acabou tirando o foco dos bastidores da fama, mostrando mais os conflitos da vida pessoal de seus personagens. Mas não adiantou. Mesmo assim, Espelho Mágico foi premiada pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como Melhor Novela de 1977. Lídia Brondi ganhou o prêmio de Revelação e Lima Duarte foi o Melhor Ator.

Com 150 capítulos, Espelho Mágico teve direção de Daniel Filho, Gonzaga Blota e Marco Aurélio Bagno, e direção-geral de Daniel Filho.

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