Há 19 anos estreava Brida, última novela da extinta Manchete

Publicado em 11/08/2017

No dia 11 de agosto de 1998, a extinta Rede Manchete lançava Brida, novela baseada no famoso best-seller de Paulo Coelho. A emissora, que já andava mal das pernas, apostou todas as suas fichas na novela, na esperança de que ela fosse um grande sucesso como Xica da Silva. No entanto, o sucesso não veio e a novela foi bruscamente interrompida, o que ajudou a afundar de vez a emissora.

Brida contava a história da personagem-título, interpretada por Carolina Kasting. A jovem pensava ser uma mulher comum, mas descobria ser, na verdade, a reencarnação de uma poderosa bruxa. Assim, ela se vê como parte de um mundo de magia, passando a ser perseguida por um feiticeiro rival, Vargas (Rubens de Falco). Além disso, Brida se via num triângulo amoroso, envolvendo seu namorado Lorens (Leonardo Vieira) e o mago Mariano (vivido pelo jornalista Augusto Xavier, hoje apresentador do jornalístico Documento Verdade, da RedeTV!).

A novela era escrita por Jayme Camargo, Sônia Mota e Angélica Lopes, a partir da obra de Paulo Coelho, e era dirigida pelo veterano Walter Avancini. Para transformar o livro em uma novela, os autores se viram obrigados a aumentar a história, criando tramas paralelas diversas. Brida, assim, contava com 40 personagens e um elenco que reunia grandes nomes da televisão, como Othon Bastos, Bete Mendes, Guilhermina Guinle e Marcos Pasquim.

A ideia de adaptar Brida partiu da direção da Manchete, que apostava no sucesso e na popularidade do livro e de seu autor para chamar a atenção do público para a sua nova trama. Além disso, estava de olho no mercado internacional, esperando exportar a novela mundo afora, repetindo o sucesso da obra de Paulo Coelho. Com a nova novela, o canal também esperava “modernizar” sua teledramaturgia, depois de mostrar a pobreza do sertão em Tocaia Grande, a senzala em Xica da Silva e o cangaço em Mandacaru. Brida, assim, vinha com uma embalagem mais contemporânea e arrojada.

Para tornar a novela uma realidade, o canal não mediu esforços e, mesmo com a saúde financeira extremamente debilitada, apostou alto na produção da novela. Para financiar a viagem do elenco à Irlanda, onde gravaram as primeiras cenas, a emissora fez uma série de permutas. Ao mercado publicitário, prometeu que os anunciantes só pagariam pelas suas inserções se a trama alcançasse, pelo menos, 5 pontos no Ibope.

Foi uma estratégia desesperada de sobrevivência, e que se revelou um verdadeiro suicídio. Brida estreou com parcos 2 pontos de média, patinando nos baixos índices ao longo de sua trajetória. Seu recorde de audiência foi de apenas 4 pontos no Ibope. Percebendo o fiasco, a emissora interveio na obra, afastando o autor Jayme Camargo e mantendo a dupla Sônia Mota e Angélica Lopes. A ideia era obter um toque feminino na história, na tentativa de atrair a atenção das telespectadoras.

Brida, então, procurou adotar um tom mais leve e divertido, além de escalar atores conhecidos de outras produções da Manchete, como Victor Wagner, Carla Regina e Tânia Alves. Walter Avancini também contratou Rosane Goffman e Fafy Siqueira, que entraram para aumentar o humor da trama. “Não é exatamente essa a solução que eu gostaria de dar para o problema. Mas é esse o caminho que encontrei dentro das atuais circunstâncias e com os recursos que tenho”, disse Avancini ao jornal Folha de S. Paulo. A emissora também apostou fundo em uma de suas marcas na teledramaturgia, aumentando a dose de sensualidade da trama. Porém, as mudanças não surtiram efeito, e a novela seguiu em baixa no Ibope.

Com o fracasso, cumpriu-se o combinado, e os anunciantes não pagaram para a veiculação de seus anúncios. Sem receita, a novela passou a atrasar os salários do elenco, e os atores se recusaram a gravar mais cenas. Assim, Brida foi encerrada de uma maneira inusitada: sobre cenas já gravadas, um narrador contava o final da história, revelando o destino dos personagens. Brida foi encerrada no capítulo 54, que foi ao ar em 23 de outubro de 1998.

Brida foi substituída pela segunda reprise da novela Pantanal. E a Manchete, depois disso, seguiu ladeira abaixo, saindo do ar definitivamente poucos meses depois, em maio de 1999.

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