O Clone terminava há 15 anos

Publicado em 15/06/2017

No dia 15 de junho de 2002, a Globo reapresentava o último capítulo da novela O Clone, um grande sucesso assinado por Gloria Perez. A trama marcou por apresentar Giovanna Antonelli como uma protagonista de novela pela primeira vez, e por ter Murilo Benício interpretando três papéis: o mocinho Lucas, seu irmão gêmeo Diogo, e Léo, o clone de Lucas.

No início da década de 2000, a discussão acerca da clonagem estava em alta. Dolly, a ovelha, primeiro clone de um animal, ainda era assunto nos jornais, passados pouco mais de três anos de seu nascimento, e muitos especulavam os limites da ética na engenharia genética acerca da clonagem humana. No meio desta discussão, entrava a religião, e os que se opunham à clonagem de seres humanos eram firmes na opinião de que o “homem não tinha o direito de brincar de Deus”. Com um olhar atento diante dos assuntos da contemporaneidade, Gloria Perez transformou tal discussão numa novela, na qual contrapôs a ciência e a religião.

A partir daí surgiu a história do Dr. Albieri (Juca de Oliveira), um cientista brasileiro que faz a primeira experiência de clonagem humana ainda nos anos 1980. Ele é muito amigo do marroquino Ali (Stenio Garcia), um homem conservador, criado nos mandamentos da religião muçulmana. A ideia era fazer valer os dois extremos da discussão sobre clonagem humana, contrapondo um cientista fascinado pela ideia de recriar um ser humano, e um muçulmano submisso a Deus, que não poderia conceber a ideia de tamanho “absurdo”.

Mas, claro, como se trata de uma novela, tal temática foi contada em meio a uma grande história de amor, que envolvia Lucas (Murilo Benício), afilhado de Albieri, e Jade (Giovanna Antonelli), sobrinha de Ali. Filho do milionário Leônidas Ferraz (Reginaldo Faria), Lucas tem um irmão gêmeo, Diogo (Murilo Benício), um rapaz cheio de vida. Quando Diogo morre num trágico acidente, Leônidas cai em tristeza, enquanto Albieri passa a considerar a hipótese de trazê-lo de volta à vida. Para isso, ele usa material genético de Lucas e faz um clone, inseminado em Deusa (Adriana Lessa), que sonha em ser mãe.

Neste contexto, Jade e Lucas se apaixonam, mas passam a viver um amor impossível. Isso porque Ali quer que Jade se case com um muçulmano, como manda a tradição. Assim, Jade acaba se casando com Sayid (Dalton Vigh), enquanto Lucas se envolve com Maysa (Daniela Escobar), uma ex-namorada de Diogo. Enquanto isso, Deusa cria Léo como filho, sem saber que, na verdade, ele é um clone de Lucas. Albieri fica fascinado com seu feito e passa a perseguir Deusa, fazendo todos acreditarem que, na verdade, Léo é seu filho com a mulher. Incomodada com a perseguição do doutor, Deusa decide afastar seu filho dele.

Os anos passam, e Jade e Lucas se reencontram. Ela vive infeliz em seu casamento, mas não consegue se separar de Sayid com medo de perder a filha, Khadija (Carla Diaz). Já Lucas tem problemas em casa por causa da dependência química de sua filha Mel (Débora Falabella). Os reencontros constantes dos dois reacendem a paixão, mas o tempo os deixou diferentes, e os conflitos familiares tornam tudo mais difícil. Até que Léo (Murilo Benício), já adulto, retorna, se encontra com Jade e se apaixona por ela. E Jade vê no jovem o homem que Lucas já foi um dia e pelo qual se apaixonou. Enquanto isso, Leônidas fica fascinado com a existência de Léo, enxerga nele seu filho Diogo, e vai para os tribunais disputá-lo com Deusa.

O Clone foi um grande sucesso, graças à trama inusitada e irresistível de Gloria Perez. Além da trama principal, a novela fez sucesso devido à gama de personagens populares que povoavam as inúmeras tramas paralelas. Um dos principais cenários era o bar da dona Jura (Solange Couto), uma mulher divertida que recebia celebridades no seu estabelecimento e repetia o bordão “né brinquedo não!”. Ao redor dali viviam os atrapalhados Raposão (Guilherme Karan) e Ligeiro (Eri Johnson), a divertida dona Odete (Mara Manzan), que queria usar a filha Karla (Juliana Paes) para dar o golpe da barriga, entre outros. O Clone também fez uma intensa campanha contra as drogas ao narrar a saga de Mel, Nando (Thiago Fragoso) e Lobato (Osmar Prado). Também se destacou a vilã Alicinha (Cristiana Oliveira), sobrinha de Albieri e Edna (Nívea Maria), que se aproximou de Escobar (Marcos Frota), marido de Clarisse (Cissa Guimarães), para aplicar um grande golpe. E, ainda, a divertida Yvete (Vera Fischer), que vivia um amor vai-e-volta com Leônidas, a quem chamava de “Leãozinho”.

O Clone estreou em novembro de 2001, quando o ataque terrorista ao World Trade Center, nos EUA, ainda era recente. Por conta disso, houve um temor de que a trama não fosse bem aceita, por causa da temática que envolvia a religião muçulmana. Outra curiosidade é que a novela teve vários problemas de escalação de elenco. Giovanna Antonelli foi escolhida como Jade após a recusa de Letícia Spiller. A atriz acabara de viver Capitu em Laços de Família, seu primeiro papel de destaque na Globo, e foi alçada ao posto de estrela, o qual ocupa até os dias de hoje. Fábio Assunção, Eduardo Moscovis e Raul Cortez foram outros atores que recusaram papéis na trama, enquanto Stênio Garcia teve que “morrer” em A Padroeira para poder viver o tio Ali.

O Clone se tornou uma das novelas mais exportadas da Globo, ganhando até uma versão internacional. Obteve uma média geral de 47 pontos no Ibope e ganhou uma reprise em 2011, no Vale a Pena Ver de Novo. Foi dirigida por Teresa Lampreia e Marcelo Travesso, teve direção geral de Jayme Monjardim, Mário Márcio Bandarra e Marcos Schechtman e direção de núcleo de Monjardim.

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Reveja a cena em que Lucas encontra seu clone Léo. Neste capítulo, O Clone alcançou 56 pontos no Ibope, com picos de 63 e 73% de participação:

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