O que você faria por amor? Essa era a pergunta que movia a saga de uma das melhores e mais queridas Helenas da galeria do autor Manoel Carlos. Pela segunda vez vivida por Regina Duarte, a Helena que fazia de tudo pela filha Maria Eduarda (Gabriela Duarte), protagonista de Por Amor, encerrava sua saga no dia 22 de maio de 1998.
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Em cartaz pela segunda vez no canal Viva, e desta vez na faixa das 23h30, reservada aos grandes clássicos, Por Amor é uma obra reverenciada por fãs e espectadores. A Helena da vez é uma mulher forte e contemporânea, mãe de Eduarda e apaixonada por Atílio (Antonio Fagundes). Vivendo uma nova paixão, Helena terá de enfrentar a fúria da vilã Branca Letícia de Barros Mota (Susana Vieira), a sogra de Eduarda, que nutre uma paixão por Atílio. Já Eduarda vive os primeiros momentos do casamento com Marcelo (Fabio Assunção), o filho preferido de Branca, e também tem alguém em seu encalço: a desequilibrada Laura (Vivianne Pasmanter), ex-namorada de Marcelo.
E é neste cenário que algo inusitado acontece: mãe e filha engravidam praticamente juntas. Helena e Eduarda curtem juntas esta bela fase, e os bebês de ambas nascem no mesmo dia. No entanto, o bebê de Eduarda nasce morto, e a mimada filha de Helena não poderá mais engravidar. Compadecida da filha, Helena, junto com o médico César (Marcelo Serrado), decide trocar os bebês. Ela entrega seu filho, vivo, para Eduarda, enquanto mente para Atílio que o bebê deles nasceu morto, para a tristeza dele.
Apenas no último capítulo, a verdade vem à tona. Eduarda lê o diário no qual a mãe confessa o que fez, e Helena é obrigada a admitir a troca de bebês. Atílio, ao saber da verdade, questiona a mulher num diálogo memorável: “como você é capaz de achar que o seu amor pela sua filha é maior que o meu amor pelo meu filho?”. Helena, aos prantos, nada responde, num dos últimos capítulos mais tensos e dramáticos de todos os tempos.
Por Amor fez história com o melhor da crônica cotidiana de Manoel Carlos. O autor ofereceu, aqui, o melhor do seu estilo, fazendo o público se apaixonar por personagens memoráveis. As frases cortantes e as armações de Branca fizeram história, bem como o amor “caliente” de Nando (Eduardo Moscovis) e Milena (Carolina Ferraz), um dos casais mais queridos da história da teledramaturgia. Manoel Carlos, como sempre, tocou em temas polêmicos, e com bastante sensibilidade. Destacaram-se o alcoolismo de Orestes (Paulo José), pai de Eduarda e da doce Sandrinha (Cecília Dassi), o racismo de Wilson (Paulo César Grande), ou a bissexualidade de Rafael (Odilon Wagner).
Também ficou famoso o “ódio” que Maria Eduarda despertava na audiência. Voluntariosa, mimada e bem egoísta, a personagem vivia destratando a mãe, o pai Orestes, e quem mais passasse pelo seu caminho. Assim, numa era bem anterior às redes sociais, Eduarda ganhou de “presente” um site, que tinha o singelo nome de “Eu Odeio a Eduarda”.
Por Amor teve média geral de 43 pontos no Ibope, ficando um pouco abaixo da meta da Globo para o horário na época. Uma das razões para o fato foi a concorrência com o apresentador Ratinho, que se tornava um verdadeiro fenômeno com o “telebarraco” Ratinho Livre, exibido no mesmo horário da novela pela Record. Mesmo assim, o tempo tratou de imortalizar a obra, que ganhou status de cult graças aos seus fãs. Tanto que foi reprisada uma vez na Globo, no Vale a Pena Ver de Novo, e já está em sua segunda reexibição no canal Viva.
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Veja a cena em que Atílio descobre a verdade sobre a troca de bebês: