“Eu sempre fui namoradeira, era um pouco galinha”, afirma Marília Gabriela

Publicado em 22/05/2017 13:33
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O jornalista Marcelo Bonfá bateu um papo com a grande entrevistadora Marília Gabriela, uma autoridade na arte de perguntar, mas desta vez ela trocou de lugar e teve que responder perguntas sobre vida pessoal e profissional.

Aqui vão alguns trechos do cara a cara com a Gabi:

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“Eu não estou na tevê porque eu cansei, me deu um enorme cansaço. Eu estou na televisão desde os 20 anos de idade. Eu comecei entrevistando pessoas como repórter no Jornal Nacional. Quando eu comecei programas de entrevistas longas, eu vi que era isso que eu queria. Dá tempo de ter um raciocínio completo, dá tempo de passar o nervosismo, do entrevistado fica confortável, de haver a revelação e encerrar numa boa.”

“Hoje em dia eu consigo saber quando o entrevistado está mentido. Alias, isso já ocorre de alguns anos para cá. São sinais mínimos, mas eu percebo.”

“Já fiquei decepcionada com alguns entrevistados. Vou citar uma que muita gente conhece. A Madonna. Eu apanhei muito porque falei mal dela. Eu me preparei para fazer uma grande entrevista com ela, com 49 perguntas. Isso bem aproveitado dá para fazer uma semana de entrevista. Só que não. Ela jogou a entrevista fora. Ela respondeu a todas as perguntas de uma forma irresponsável e superficial. Ela tinha uma pequena platéia no local de gravação. Uns flamboyants. Eles ficaram aplaudindo e apoiando no sim e não da Madonna. Foi triste mesmo. Eu achei que ela ia me dar uma entrevista brilhante. Era o que eu esperava daquela mulher inovadora, cheia de energia, feminina.”

“Na entrevista com o Lair Ribeiro, eu tomei um susto, foi um espanto. Lá no Cara a Cara. há muito tempo, ele escreveu um livro e afirmava que só é pobre quem queria. O que é uma leviandade, na minha opinião. Ele defendeu aquilo com unhas e dentes, apesar de eu chiado, reclamado. Colou. Eu não esperava, eu não imaginava. As pessoas começaram a ligar animadamente perguntando onde comprar o livro, onde ele daria palestras. Eu falei, gente o que está acontecendo aqui que eu não estou entendendo.”

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“O Silas Malafaia é um brilhante orador, ele é um político, mas só tem idéias terríveis, horrorosas. Ele é absolutamente contestável. Isso ficou muito evidente. Quando você evidência do que aquela pessoa é capaz, na minha opinião isso já seria o suficiente. Não é. Não é. Não é. Foi uma entrevista que eu tive um resultado bastante dividido. Gente que percebeu, sentiu, viu ali o perigo que tinha sido aquilo. Ficou chocada com o que este homem falava, em tom preconceituoso, em tom de hostilização mesmo, de incitar ao ódio, na minha opinião. Houve uma outra metade de pessoas que concordam com ele, infelizmente. É assustador.”

“Delfim Netto já recusou uma entrevista. Lula só meu deu entrevistas até chegar a Presidência, depois nunca mais aceitou o meu convite. Eu sempre tive com ele uma relação muito amigável. Eu o conheci como sindicalista e eu como repórter do Jornal Nacional. A Dilma Housseff já recusou. So entrevistei ela como ministra. Depois não consegui mais. O Serra também não aceitou o meu convite para ser entrevistado no Roda Viva no período que ele se candidatou a presidente e recebeu 43 milhões de votos. Depois disso, eu convidei o José Dirceu para ir na TV Cultura e deu muita manchete. Depois de 1 ano, eu soube que caí em desgraça na TV Cultura por ter levado o José Dirceu. O ex-presidente da TV Cultura me disse que o problema dele na Presidência começou depois que eu levei o José Dirceu.”

“Tem toda uma nova geração de entrevistáveis e que são outra coisa, de outra praia, que eu preciso aprender e conhecer. Tem uma geração da era digital que é bom prestar atenção. Para entender o que está acontecendo com o mundo. Esto falando dos jogadores de games, os millennials… Eu não posso perder o bonde da história.”

“Já houve fofocas quando eu era casada que eu estava sendo traída e na verdade estávamos em casa lendo aquilo. Eu achava um absurdo. As fofocas são sempre feitas sobre os meus relacionamentos. Quando eu me separei pela segunda vez, eu tive três casamentos, alguém publicou que eu tinha ido embora com uma mulher para a Europa… Eu estava aqui em SP trabalhando quando li isso no jornal.”

“Você imagina que quando eu fui casada com o Reynaldo Gianecchini, e eu tive um casamento felicíssimo de 8 anos, e aí acabou porque as histórias de amor se transformam. Foi um belíssimo casamento. Vira e mexia, tinha uma história… Ele está não sei onde, foi visto com não sei quem, e ele estava do meu lado e a gente lia aquilo, sempre. Tinha uma espécie de torcida para o nosso relacionamento acabar. O fato de eu ser muito mais velha que ele incomodava as pessoas. Era começo da web e você não sabe o que as meninas escreviam para mim. Nós fomos muito felizes um ano e meio. Depois, o Gianecchini virou galã de novela, todo mundo queria que eu morresse. Você não sabe o que foi. Era uma coisa enlouquecedora mesmo. Eu tive que mudar de telefone, de casa. Ao contrário do que as pessoas pretendiam, essa perseguição nos grudou mais. Nós nos protegemos muito de tudo isso juntos.”

“Eu fui muito namoradeira a vida toda. Digo isso de boca cheia. E fui muito feliz com isso. Namorei quem eu quis e bastante. Eu sou geminiana, sou um pouco galinha. Era, eu quero dizer.”

“Os homens que riram de mim foram os homens que definitivamente me amaram. Que conseguiram achar graça nas minhas discussões, no meu mau humor, na minha loucura. O Gianecchini ria muito de mim. Teve uma época que eu cismei que passar batom borrado era sexy. Então eu saia e borrava o batom. Um dia nós fomos numa peça de teatro, alguém falou sobre o meu batom e Gianecchini falou para deixar para lá… Agora, ela deu para isso.”

“Eu acho que não sou uma pessoa equilibrada. Eu acho que qualquer pessoa que viva intensamente a vida, que tenha indagações sobre ela, sobre o nosso cotidiano, sobre a nossa situação, sobre o que nos cerca, sobre a nossa origem, não pode ser uma pessoa equilibrada.”

“Tudo o que as pessoas sabem de mim é muito pouco porque eu sou uma pessoa extremamente reservada, por incrível que pareça. Quem sabe de mim sou eu.”

Marília Gabriela está em cartaz com a peça “Constelações” no Teatro Tucarena, em SP, até o dia 25 de junho. Os atores Caco Ciocler e Sergio Mastropasqua fazem parte do elenco alternante.

Assista:

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