Nova das nove

Jéssica Ellen conta que Amor de Mãe ainda terá muitos segredos a serem revelados

Atriz interpreta professora que acredita na educação

Publicado em 04/12/2019

Em Amor de Mãe, Jéssica Ellen vive a jovem professora Camila. Nos primeiros capítulos da trama de Manuela Dias, a personagem emocionou tanto pelo discurso que fez para a mãe durante sua colação de grau, como quando cantou para que os alunos de uma escola pública lhe dessem atenção. Em entrevista ao Observatório da Televisão, a atriz falou sobre sua preparação para a personagem, e sobre seu laboratório vivo: o contato com seus professores na vida real. Confira:

Nós conversamos anteriormente na coletiva de Filhos da Pátria, e você não contou que estaria em Amor de Mãe

Pediram segredo, e eu mantive. Estou reservada para essa novela desde que terminou Justiça. A Manu (Manuela Dias) está escrevendo este personagem há alguns anos. Agora finalmente vamos com tudo.

O que significa Amor de Mãe para você?

Significa um carrossel de emoções porque essa novela é bem intensa. São muitos acontecimentos. Quando você acha que descobriu um segredo, vem outro segredo, e tem muitas tramas se atravessando. Não pode perder um capítulo, senão você perde muita informação.

E sua personagem?

Camila é uma personagem muito especial, é professora de história do estado, e dá aulas para adolescentes. Ela tem uma paixão muito forte pela educação, e acredita que através da educação ela vai conseguir mudar a realidade de seus alunos e com isso investe todo o tempo e dedicação nisso. Mais para a frente ela vai se apaixonar e viver um romance. A relação dela com o Danilo, personagem do Chay Suede, é de muito afeto e troca. Os dois são porto seguro um para o outro. Ela tem uma relação muito forte com a família, gravo muito com este núcleo e damos risada o dia inteiro.

Você acha que no decorrer da novela será revelado sobre quem a abandonou?

Eu não sei, realmente não sei. Espero que sim.

E essa ligação da Camila com a Lurdes?

É muito linda. A Lurdes nunca escondeu que a Camila foi adotada, e ela cresceu tendo uma gratidão imensa por essa mãe que a adotou ainda bebê. Só gratidão e amor.

E ela se dá bem com os irmãos?

Super! Tem aquelas implicâncias bobas de irmãos… A Camila e a Érica são muito amigas, próximas, e o Magno é uma figura mais paternal por ser o irmão mais velho, mas são super afetuosos um com o outro.

Como é para você representar a classe dos professores?

É muito emocionante. Estou dedicando este personagem a todos os meus professores, em especial à Sueli Maria, que foi minha professora de história no ginásio, e toda vez que leio as falas da Camila, eu me lembro muito dela, porque ela era uma professora que instigava a gente para além daquilo o que a gente tinha como realidade, numa escola pública, que muitas vezes acontecem dificuldades, como o professor que não vai, que não recebe como deveria… É uma classe que na minha opinião deveria ser a mais valorizada do nosso país e infelizmente não é, e representa-los, é muito emocionante. Toda vez que faço uma cena penso ‘tomara que os professores gostem’.

E ela vai questionar muito essa crise que vivemos na educação?

Vai. Camila são várias emoções na escola.

Como acontece o envolvimento entre Camila e Danilo?

Eles se conhecem num samba, trocam uma ideia e começam a namorar. A história do Danilo é que ele é superprotegido pela mãe, então quando a Amanda termina com ele, ele pela primeira vez começa a romper essa relação de superproteção com a mãe, começa a querer sair, descobrir um mundo que ele até então não conhecia, e nessas ele conhece a Camila. É bem fofa a trama dos dois.

Qual sua expectativa com a novela?

Estou bem nervosa, porque nunca fiz novela das nove, e sempre rola aquele medinho, de saber se o público vai gostar e receber de forma positiva, mas o bastidor é leve, acolher. A gente se diverte muito e também se emociona porque é uma novela para se ver com a garrafa d’água do lado e um lencinho de papel.

Como está sendo gravar nesses novos estúdios?

Uma coisa que é muito legal no MG4 é que os cenários são fixos, então a casa da Lurdes é realmente a casa da Lurdes. A gente cria uma relação de intimidade com o espaço. Quando vi o colégio que a Camila dá aula por exemplo, lembrei muito do colégio em que estudei (Escola Municipal Joaquim Abílio Borges).

A escola em que a Camila dá aula não tem uma boa infraestrutura. Ela vai passar por alguma situação abusiva com alunos?

Ela não vive nenhuma relação abusiva com os alunos até então porque a figura dela na escola é muito transformadora com eles. Até então tem a diretora, dona Eunice, que faz um contraponto com a Camila porque acredita que os alunos não têm futuro, e a Camila chega para reacender essa chama da educação e com os alunos, cria uma relação de muito afeto.

Camila (Jéssica Ellen) em Amor de Mãe
Camila Jéssica Ellen em Amor de Mãe Divulgação TV Globo

Você acredita sobre o papel social da novela para as pessoas refletirem sobre a situação da educação no país?

Eu acho fundamental. A gente que trabalha com comunicação, quando tem oportunidade de falar sobre assuntos que vão instigar as pessoas, e fazê-las para pensar sobre isso, é uma responsabilidade grande, mas uma sensação gratificante de poder tocar as pessoas.

Saiu uma pesquisa dizendo que mais negros estão se formando nas faculdades, e a Camila se forma no primeiro capítulo. Como é para você representar isso?

Fico muito emocionada, porque me identifico muito com a Camila. Fui a primeira pessoa da minha família a entrar na faculdade. Tem gente que não entende a importância disso. É algo tão simples, mas que significa tanto. Quando eu li a cena estudando o texto, eu chorei horrores, chorei depois assistindo.

Você é formada em artes cênicas?

Eu fiz dois períodos de artes cênicas, mas larguei porque precisava trabalhar, e depois me formei em dança contemporânea.

Você disse que estudou em uma escola pública. Entrar naquele cenário te traz alguma lembrança?

Muitas. Eu tive professoras que assim como a Camila que eram inspiradoras, que acreditaram e acreditam que a educação é um agente transformador. Tenho a sorte de ter muitas Camilas na minha vida, que disseram ‘vamos embora juntas’. Eu tenho lembranças também, que eu sempre participava das atividades culturais como semana da poesia, semana da arte, eu era ativa nisso.

Você chegou a procurar seus professores agora para estudar para a personagem?

Não precisei procurar porque eles nunca se afastaram. Tenho eles no Facebook, inclusive tudo o que sai sobre a novela, mando para eles.

Vai haver algum embate com a mãe do Danilo por causa da superproteção dela?

Até agora dos capítulos que recebi, não tem isso. O que acontece é que a ligação entre eles é curiosa. A Lurdes, mãe da Camila sempre diz ‘minha filha, você só trabalha, precisa namorar’, e a mãe do Danilo sempre diz ‘meu filho, você só fica em casa, precisa sair, precisa namorar’. É assim que acontece (risos). É divertido, pelo menos até os quarenta capítulos que recebi.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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