Os Mutantes

Diretor da trilogia Os Mutantes, Alexandre Avancini fala sobre excesso de violência nas novelas da Record TV

Atualmente o diretor mora em Los Angeles e produz um longa

Publicado em 29/10/2019

O diretor e dramaturgo Alexandre Avancini, de 54 anos, reconhecido por mais de 20 títulos de sucesso na teledramaturgia brasileira, contou em entrevista exclusiva ao Observatório da Televisão, sobre seus anos de Record TV, onde foi responsável por novelas de repercussão internacional, entre produções líderes de audiência e fenômenos entre crianças e adolescentes como a trilogia de Os Mutantes.

Em 2005 a Record TV lançou o projeto A Caminho a Liderança, com tramas que se aproximaram excessivamente da realidade nua e crua da nossa sociedade, vide A lei e o Crime, Prova de Amor e Vidas Opostas, muito se questionou entre os críticos de TV e telespectadores, sobre uma ‘ordem’ interna, para que autores e diretores aumentassem cenas de violência nas histórias para surtir melhor efeito nos números do ibope. Assunto este, desmentido pelo Avancini.

Caminhos do Coração foi produzida pela Record em 2007
Caminhos do Coração Divulgação Record

Existem temáticas que já puxam para um contexto mais explosivo, A Lei e o Crime por exemplo, que era um embate entre polícia e traficante, temos Vidas Opostas também. São projetos que a dramaturgia já está embasada em cima de um conflito, é muito difícil você não mostrar esta realidade sem contextualizar algum tipo de violência. Mas nunca existiu nenhum planejamento para pesar a mão em termos de violência, pelo contrário, sempre buscamos manter um equilíbrio em que pudéssemos ficar o mais próximo da realidade, sem ultrapassar certas barreiras, violência demais afasta o telespectador“, explicou o profissional.

Alexandre Avancini, hoje morando em Los Angeles e trabalhando novamente com Tiago Santiago em um projeto de ficção, exclusivamente para o cinema, relembrou Os Mutantes como uma obra que pedia cenas mais fortes e conflitos também. “Era dentro de um universo de fantasia, mas tinha o pessoal do DEPECOM (Departamento de Pesquisa e Controle dos Mutantes) que executavam os mutantes, ele [o autor] tentava fazer isso de uma forma puxada bem para a fantasia. E até hoje temos a preocupação de termos um limite, pois, se pegamos muito pesado, sabemos que o pessoal se afasta“, disse.

Alexandre Avancini (Divulgação: Record TV)
Alexandre Avancini Divulgação Record TV

Alexandre Avancini afirma que exste muitas técnicas utilizadas para mostrar menos sangue e não fazer tantos detalhes, mas, quando o texto pede ou a dramaturgia pede o conflito básico, muitas vezes é uma coisa mais que chega as vias de fato e não tem como fugir.

Sempre tivemos cuidados para não ultrapassar limites, Prova de Amor foi um grande sucesso de ibope e critica. Mas não existiu nenhuma coordenada nem diretriz em cima disso em termos de explorar mais [a violência]. É que as temáticas que são escolhidas foram diferenciadas. Vidas Opostas, no caso, foi a primeira novela a abordar mais profunda essa relação da sociedade entre traficantes e policiais, sociedade civil, políticos. E não tem como fugir deste contexto porque o Rio de Janeiro é realmente violente“.

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