Remake

“Minha mãe sempre quis que eu fizesse Éramos Seis”, revela Carol Macedo

Carol Macedo fará par com Danilo Mesquita na nova versão

Publicado em 13/09/2019

Para muitas atrizes, ficar um longo tempo sem férias é visto como um problema. Mas não para Carol Macedo. Depois de já ter emendando Malhação: Viva a Diferença (2017) com O Tempo Não Para (2018), ela agora encara cheia de entusiasmo seu terceiro desafio profissional seguido em um período tão curto: o remake da novela Éramos Seis, que a Globo estreia no próximo dia 30 (segunda-feira) substituindo Órfãos da Terra.

Carol, aliás, enxerga muitas semelhanças entre sua nova personagem – a romântica Inês – e o papel que interpretou no recente folhetim de Mário Teixeira. “Inês tem uma coisa meio Paulina, de O Tempo Não Para. A Paulina era uma menina muito guerreira, muito determinada, porém super atual. A Inês também tem isso, só que na década de 30. E desde pequena ela já mostra isso“, adiantou ao Observatório da Televisão.

Confira nosso bate papo completo com a estrela de 26 anos.

OBSERVATÓRIO DA TELEVISÃO – Como está sendo pra você a experiência de participar desta nova versão da novela Éramos Seis?

CAROL MACEDO – Eu estou muito, muito feliz! É uma novela que tem uma história muito bonita. Que fez muito sucesso em todas as adaptações que foram feitas a partir do livro. Eu lembro que, quando fiz Passione (2010), a minha mãe encontrou a Irene Ravache no hall do hotel e falou pra ela: ‘Irene, eu sou super sua fã! Eu te amo desde Éramos Seis! Meu sonho é que a Carol faça Éramos Seis‘ [risos] Minha mãe realmente amava essa novela [a versão de 1994]. E aí o Carlinhos [Carlos Araújo, diretor artístico do remake] me convidou pra fazer e eu fiquei surpresa, muito feliz – até porque achava que já estava rolando a preparação e tudo. Então… As palavras têm poder, né?

Você procurou assistir a alguma coisa das outras versões?

Eu preferi não ver nada. Porque a minha personagem é nova e não é. Corresponde à Carmencita [vivida por Eliete Cigarini na versão de 1994]. Mas mudou o nome, mudou boa parte da história. Então eu preferi fazer uma Inês nova. A mãe da Carmencita, por exemplo, era espanhola. Agora a mãe da Inês é baiana. Então a nossa história, nesse núcleo, é toda diferente. Tem a coisa do pai que não é pai e descobre… Então eu preferi não ver nada.

Conta um pouco sobre a Inês.

A Inês é uma menina muito determinada naquilo que ela quer. Eu a considero muito à frente do tempo dela – tanto que escolhe ser enfermeira. Ela passa a infância toda achando que é filha do Afonso (Cássio Gabus Mendes) e, de repente, aparece o pai verdadeiro dela – que é o João Aranha (Caco Ciocler) – e acaba levando ela e a mãe dela para fora de São Paulo. Ele é um cara que tem muita grana e tenta comprar o amor da filha de alguma forma. Eles viajam o mundo todo, moram na Bahia, ele paga todos os estudos dela. Mas isso não basta pra Inês. O que bastava pra ela é o amor que ela tinha pelo Afonso, com quem era muito grudada. A parte da infância da Inês com esse pai é uma graça, porque é um amor muito forte entre eles. Vai dar muito dó! [risos] O Aranha tenta de todas as formas comprar esse amor, mas ela não quer de jeito nenhum.

A Inês terá algum envolvimento romântico na história?

Quando mais nova, ela tem um amor de infância, que era o Carlos (Xande Valois / Danilo Mesquita), e de repente tudo isso é tirado dela: o amor pelo pai, pelo Afonso, pelo Carlos. Então ela é uma menina que, conforme cresce, vai se distanciando do amor, vai deixando de acreditar no amor.

Essa personagem é, então, diferente de tudo o que você já fez?

Acho que é… Só pelo fato de ser época, já é bem diferente de tudo o que eu já fiz. Ela tem uma coisa meio Paulina, de O Tempo Não Para. A Paulina era uma menina muito guerreira, muito determinada, porém super atual. A Inês também tem isso, só que na década de 30. E desde pequena ela já mostra isso, sabe? Que é uma menina ‘pra frente’ da época dela.

E você se identifica com isso?

Muito! As pessoas sempre me perguntam qual é a personagem mais parecida comigo que eu já fiz, e eu sempre falou que é a Paulina. Porque ela era uma menina muito família, a coisa do amor dela pelo avô [Eliseu, de Mílton Gonçalves] é muito parecida com o que eu tenho com o meu pai, que também já é mais velho. Então acho que a Paulina é a mais próxima de mim, e a Inês também.

Como vai ser o romance da Inês com o Carlos? Dizem que a mãe dela, a Shirlei (Bárbara Reis), vai atrapalhar bastante…

Eu e a Bárbara conversamos bastante sobre isso, porque a gente tenta entender o motivo pela qual a mãe dela bloqueia esse amor. Por ele ser filho da Lola (Glória Pires), ou por ela realmente não querer que a filha passe o que ela passou – ela acha que todo homem engana… A gente ainda não conseguiu achar isso, sabe? Mas a mãe tenta de todos os jeitos acabar com esse romance. Até um certo ponto, ao menos. Mas a Inês vai sofrer bastante. Ela cresce desacreditando do amor.

Como foi que você deu à sua mãe a notícia de que ia fazer a novela que ela tanto sonhava para você?

A minha mãe ficou muito feliz! Porque a minha mãe ficava falando: ‘Carol, você sabe que vão refazer Éramos Seis? E eu falava: ‘mãe, eu acho que já tá rolando’. Porque eu terminei O Tempo Não Para e falei: ‘ah, vou aproveitar pra viajar, voltar a malhar, estudar…’ Aproveitar um pouquinho, né? Até porque foi muito emendado com Malhação. E aí logo veio Éramos Seis. Eu fiquei muito surpresa, e a minha mãe amou! Ela ficava perguntando: ‘Será que a Irene vai fazer? Será que ela vai ser a mãe da Lola? O que será que você vai fazer? Será que você vai ser a Lili [personagem de Flávia Monteiro na versão de 1994, agora interpretada na nova versão por Triz Pariz]? Ou a Carmencita?’ E eu perguntava: ‘mãe, quem é Lili? Quem é Carmencita? Eu não sei!’ [risos]

Ela fica querendo te contar as coisas da versão anterior? Como você falou que não queria ver nada…

Sim, ela me conta! Ela fala: ‘ai, o Nicolas [Prattes] vai fazer quem?’ Ele ia fazer o Carlos, agora é o Alfredo… Aí ela responde: ‘ah, porque aconteceu isso e isso com ele, ele vai morrer, etc, etc.’

Quando você vê o amor da sua mãe por essa novela, você entende que não é algo só dela, né?

Não mesmo! Não tem uma pessoa para quem eu fale que vou fazer Éramos Seis e a pessoa não diga: ‘ai, que novela linda! que novela maravilhosa!’

Aí você já pensa na ‘responsa’ que é…

Pois é! Eu tento não pensar muito. Eu tento viver, deixar rolar. A gente teve uma preparação muito boa – está tendo ainda. Eu já gravei algumas ceninhas externas, por conta mais de logística de roteiro. Mas nossa preparação está sendo muito boa, nosso preparador é maravilhoso. A gente está fazendo aula de dança, foxtrote, um pouquinho do maxixe. É bem legal. É outra postura, é outro modo de falar [próprios da época em que se passa a novela]. É um estudo contínuo. A gente estuda aqui [no estúdio], eu chego em casa, fico passando texto, fico vendo porque… É outra embocadura, sabe? Não tem o ‘tá’, por exemplo! Esses dias eu estava gravando uma cena no hospital, conversando bem baixinho com o figurante… Aí falei: ‘ok, doutor’. E eles [os diretores]: ‘não existe ok!’ [risos] E eu perguntei: ‘mas eu falei ok?’ Porque você nem percebe!

Como é para você lidar com um texto assim, mais rígido, do tipo que não admite cacos?

É mais difícil por ser um texto de época. Por mais que, à nossa altura, o texto acaba sendo até atual – a Ângela [Chaves, autora da novela] escreve de uma maneira muito boa, de fácil entendimento pro público e pra gente mesmo. Mas ainda é um texto de época. Fácil, mas é. Então temos que tomar esses cuidados. Eu, quando decoro texto, eu tento entender o máximo possível do texto, até pra poder falar melhor, pra não esquecer na hora e tal. Numa novela atual, o dizer o texto sai mais fluente. Mas de época não: é palavra por palavra, tudo bonitinho. Porque isso ajuda muito na personagem. Por eu ser de São Paulo, pra mim está sendo mais fácil.

Você começou a carreira muito cedo. Como foi pra você essa transição dos primeiros papéis para a carreira consolidada?

Não. Porque meus pais me preparam muito. Dentro de casa, eu tive uma base muito boa. Eu entendo que isso é o ponto inicial, principalmente nessa nossa carreira. Eu comecei muito jovem, e comecei porque gostava, porque queria. Não por uma obrigação. Às vezes eu ia em testes de publicidade, quando eu era mais novinha, e eu via as mães prometendo às crianças: ‘se você fizer o teste, a gente depois vai te levar pra comer um lanche, vou te dar um chocolate’. E eu olhava aquilo e falava: ‘caramba, a menina não quer estar aqui!’ E tinha gente que se jogava no chão, que chorava, porque não queria fazer. E eu não. Quando eu chegava da escola e não tinha nenhum teste pra aquele dia – como era teste de publicidade, praticamente todo o dia tinha, até dois ou três por dia… Eu falava: ‘mãe, e aí? Não tem nada pra hoje?’ Ela respondia que não e eu ficava chateada. Porque eu gostava dessa rotina ativa. Então, desde novinha, eu tive essa coisa ativa já, de trabalho. Mas sempre assim: ‘você está fazendo porque você quer. Se você quiser parar, pode parar, que não tem problema nenhum’. Meus pais sempre deixaram isso muito claro. E eu sempre quis mais. Era mais curso, de teatro, de dança… Eu troquei minha festa de 15 anos por um curso profissional de teatro, que eu já tinha idade pra fazer… Eu fui querendo cada vez mais. Fazia de tudo pra melhorar, porque tinha certeza de que era isso o que eu queria. Às vezes eu pensava: ‘ah, mas e se eu fizer faculdade de alguma outra coisa e tal? Mas não vai adiantar, porque é isso que eu quero!’ Por mais que tenha altos e baixos – e tem, é muito normal isso -, existem outros meios. Além de eu estar sempre estudando, sempre procurar fazer cursos, workshops, o que for… Tem teatro, tem cinema. Fiquei dois anos em cartaz com uma peça, fiz alguns filmes. Então eu sempre procuro estar ativa. E, quando não estou, estou viajando, estou procurando aprender, conhecer novos países. Gosto muito também de moda, então procuro reservar um tempinho pra estudar moda. Quando você está tranquila, quando faz seu trabalho bem, é dedicada, estuda, eu acho que as coisas fluem. E, se não fluir, é porque não era pra ser agora, sabe? Se eu ficar um ano parada, dois anos parada, eu acho que é porque simplesmente não era pra ser! Alguma coisa vai acontecer em algum momento, e no momento certo!

Você se declarou amante da moda. O que está achando do figurino de Éramos Seis?

Eu estou amando! Nunca usei esse tipo de figurino, então eu adoro! A nossa caracterizadora e a nossa figurinista são super parceiras. Deixam a gente dar pitaco, trabalhar junto. Eu estou achando bem legal.

*Entrevista realizada pelo jornalista André Romano

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