Nova novela das 18h

Kelzy Ecard será fofoqueira em Éramos Seis e dispara: “Talvez eu desconte o que eu sofri na outra novela”

Publicado em 04/09/2019

Com 26 anos na estrada em peças de teatro, a atriz Kelzy Ecard fez sua estreia recentemente na TV em Segundo Sol, de João Emanuel Carneiro, em 2018. Encantada com a nova fase da carreira através das telinhas, Kelzy encara o segundo desafio nas novelas, ao interpretar a fofoqueira Genu, de Éramos Seis, novo folhetim global das seis.

Em uma conversa com o Observatório da Televisão, Kelzy Ecard falou sobre sua recente estreia nas novelas, comentou sobre sua personagem Genu de Éramos Seis, e com bastante bom humor, falou sobre a fama de fofoqueira que a espera.

Sobre estar em Éramos Seis…

Tô feliz da vida! É outra experiência, diferente. É uma novela de época, com outra linguagem, com outro tempo de acontecimento. A personagem é muito diferente da que eu fazia em Segundo Sol, então estou me divertindo loucamente.

O que você sabe da sua personagem nessa novela?

Eu assisti pouco quando passou a outra versão 25 anos atrás. Eu já tava trabalhando, então quando a gente trabalha muito, não consegue assistir com a frequência que gostaria, mesmo que o produto seja incrível. Mas eu li o livro quando criança, e foi um dos livros que eu mais chorei de emoção. Eu me lembro de correr para a cama dos meus pais pra dar uma choradinha depois de ler. É uma história muito humana, muito verdadeira, muito real possível, independentemente de época.

Roteiro da trama

A novela vai seguir o roteiro original? Terá novos personagens?

Na essência é a mesma novela, mas com uma nova linguagem… O texto é muito bem escrito, diga-se de passagem, pela Ângela Chaves. É um texto de época que no geral dificulta um pouco a embocadura do ator contemporâneo, mas no geral o texto é tão bem engendrado, a gente consegue falar com naturalidade. Então essa adaptação é brilhante, em cima da adaptação do Rubens Ewald Filho e Silvio de Abreu que já era sensacional. Eu leio os capítulos como se estivesse lendo um romance. Estou adorando!

Como será a sua personagem na novela?

A personagem é Dona Genu. Ela é casada com o Virgulino, que pra minha sorte e alegria é o Kiko Mascarenhas, ator que eu amo de paixão, não só a pessoa como ele é um ator extraordinário. Ela é vizinha e a melhor amiga da Lola (Gloria Pires). Ela é fofoqueira, fica o dia inteiro de olho no que está acontecendo com a vizinhança – Mas ela não é maledicente, nem nada, é como se fosse a novela que ela assiste. Numa época que não tinha rádio, não tinha nada, ela só era uma dona de casa que se ocupava de ver a vida dos outros. Na versão anterior um dos passatempos preferidos da Genu era ir a velório, mas não sei nesta versão. Ela vai porque acha que é importante nessa situação. No interior tem uma gente que aparece em enterro que você nem sabe de onde veio, né?

Fofoca

Sobre a fofoca da personagem…

É meio engraçado. Ela não fala da fofoca para os outros, ela comenta dentro de casa. Ela é fofoqueira na verdade porque ela dá conta da vida dos outros. Mas ela não comenta com ninguém. Ela não passa a informação adiante. Dessa vez talvez eu desconte o que eu sofri na outra novela (risos).

Você já conheceu alguém fofoqueira?

Claro, eu sou do interior, e tem muito isso. Hoje em dia, acho que não mais porque tem internet. No interior da minha época, na minha infância, da adolescência, então as pessoas tomavam bastante conta da vida dos outros. Minha mãe já era muito reservada. Quando meus amigos antigos me contam alguma coisa e pedem pelo amor de Deus para não contar para ninguém, eu esqueço. Eu simplesmente apago. Então eu tenho uma amiga mais antiga que fala ‘Você se lembra daquela vez…,’ e eu falo ‘O que? Que vez?’ daí ela tem que contar a história de novo, porque eu realmente esqueço.

Você está preparada para a fama de fofoqueira da sua personagem?

Eu estou me preparando, porque eu sei que vão me parar na minha rua e falar: ‘Não fala da minha vida, não!’. (risos). Ela é fofoqueira, mas ela é uma pessoa do bem. E ela é realmente uma amiga fiel à Lola. Todo mundo vai amar! Se eu fizer alguma coisa, eu estou morta. Ela é amiga, solidária e parceira.

Inspiração

Agora a fofoca mudou, né? Tem até grupos de whatsapp pra passar a fofoca. O que você acha?

A fofoca agora internacionalizou. Você está do outro lado do mundo e fica sabendo de coisas. Eu tenho uma história curiosa para contar: a cidade onde moram meus pais tem 14 mil habitantes, e quando o Facebook chegou lá foi um problema. Aquilo que era falado do outro na intimidade, passou a ser explanado para a cidade inteira. Então as pessoas deixaram de se falar. Levou um tempo até as pessoas se adaptarem nessa nova modalidade da fofoca.

Você se inspirou em alguma fofoqueira da televisão ou teatro para compor a Genu?

Eu confesso que dei uma pesquisada. Tem personagens historicamente maravilhosas. Mas eu tenho um método de composição que eu estudo muito, que eu pesquiso muito, mas tem muita coisa que eu observo sempre. E eu conheci muito dessas mulheres. Tenho uma prima que era tão fofoqueira que inventou um termo com o nome dela que significa fofoca.

Você conseguiu trazer alguma coisa do livro que você leu na infância para a personagem na novela?

Sim. Essencialmente a Genu é muito mais próxima do livro do que na adaptação da novela. A personagem existe do começo ao fim, porque alguns personagens não existem no livro, como o Virgulino. No livro ela é um pouco mais soturna do que a gente procura imprimir na novela, pois ela faz parte de um núcleo leve. Ela é sem noção, fala coisas absurdas, porque simplesmente ela solta as coisas.

Ela tem sotaque na trama?

Olha, a gente procurou neutralizar o carioquês. estou tomando mais cuidando com os erres. Estamos fazendo um sotaque mais neutralizado. Só o núcleo do interior que está fazendo um sotaque pouco mais carregado.

Segundo Sol

As pessoas ainda se lembram da sua personagem em Segundo Sol? As pessoas relataram se viveram algo do tipo? Foi a sua primeira personagem de destaque na televisão, né?

Ela foi a minha primeira personagem em uma novela inteira. Antes eu só tinha feito participações. Ainda hoje tem gente que me reconhece, e ainda recebo mensagens. Outro dia, eu recebi uma mensagem linda de uma mulher falando o quanto foi importante pra ela ter vivido essa história, porque muita coisa foi modificada pra ela no dia a dia. Ela aprendeu a identificar que o que ela passava era uma situação de abuso, porque ela sequer tinha percebido. Olha a responsabilidade que a gente tem, que às vezes nem sabe. O que acontece muito, é falarem que chamavam seus maridos de Agenor. Outro dia eu encontrei um homem que falou ‘Minha mulher fala Sai daqui, Agenor’ (risos). Agora o que está acontecendo muito comigo hoje, é que as pessoas acham que me conhecem de algum lugar e não sabem de onde.

Você acha que demorou para ter esse reconhecimento na televisão, ou foi uma opção sua?

Eu não sei. Eu acho que as coisas tem o seu tempo. No meu caso, acho que foi no momento certo. Eu não sei se há alguns anos eu teria maturidade para essa exposição. A sua vida fica exposta, mesmo que você não queira, mesmo por mais reservado que você seja. No início da carreira, eu não queria fazer TV. E durante muitos anos eu achei que não era uma linguagem que eu gostaria de fazer. Hoje eu estou absolutamente apaixonada por fazer televisão, em fase de encantamento

Babaioff

O que te fez mudar de ideia?

A experiência! Eu não tinha vivido isso, e acho que chegou no momento certo. E eu fui introduzida na tevê que até a demora foi uma sorte. Eu entrei numa novela incrível, que tinha uma equipe extraordinária, que os diretores todos já haviam me assistido no teatro, e com um elenco no meu núcleo familiar que era maravilhoso.

O Babaioff que te colocou na peça. Quando entrevistamos ele e ele falou de você, os olhos dele se encheram de lágrimas…

Eu amo muito esse menino! Eu conheci ele de uma forma muito engraçada. Eu fazia um espetáculo, um musical que eu fiz em 2007, fiz durante um tempo, depois eu fui substituída porque a peça foi pra Portugal e eu já estava em cartaz com outra peça. O Babaioff fez essa viagem á Portugal, a gente não tinha feito a peça junto. Então foram gravar um DVD da peça e o diretor chamou o elenco original, então eu encontrei o Babaioff praticamente em cena. E foi um final de semana, dois dias. E foi tchum. Sabe quando você encontra e o santo bate? E ele virava falando ‘Eu quero muito fazer um trabalho com você!’. E quando surgiu a peça Tom na Fazenda, que ele traduziu, ele me encontrou numa peça que eu estava fazendo, e falou ‘Pelo amor de Deus, você não vai me inventar de não poder, não! Porque eu tô traduzindo com você falando no meu ouvido’. Então foi realmente um encontro. Ele é muito especial. Eu amo o Babaioff.

Você está feliz em repetir a experiência em novelas?

Eu estou muito feliz gravando. Uma das melhores coisas do trabalho são as parcerias. E quando você atua, não tem outra! Não tem como você atuar se você não é parceiro. E tem um núcleo jovem incrível dos meus filhos, que são maravilhosos, tanto as crianças quanto os adolescentes. E meu marido é o Kiko Mascarenhas, na novela eu sou a melhor amiga da Gloria Pires. Bom pra quem isso? Pra mim tá! Vocês não imaginam o prazer, a honra e a alegria que tenho de ser parceira de cena da Gloria Pires. A gente faz melhores amigas nessa novela, e do que gravamos até agora, vou todos os dias para o set como se estivesse indo para o melhor parque de diversões do mundo. Eu aprendo com ela, admiro vê-la fazendo, e além da atriz extraordinária que ela é, a qual considero uma das maiores atrizes que já vi atuando na minha vida, ela é uma parceira generosa, divertida, companheira, e tem sido de uma felicidade sem tamanho essa honra que estou tendo de estar ao lado dela.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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