Novela das sete

Fabíula Nascimento defende personagem em Bom Sucesso: “Não tem nada de burra”

Par com Lúcio Mauro Filho vem dando o que falar

Publicado em 27/09/2019

Uma das novelas de maior repercussão do cenário atual, Bom Sucesso brinda diariamente o público com uma galeria de personagens interessante. Nana é sem dúvida uma delas. Mesmo entregue à manipulação do marido psicopata, Diogo (Armando Babaioff), ela acaba abrindo uma brecha para a aproximação de seu eterno apaixonado Mário (Lúcio Mauro Filho).

A personagem é bastante humana. Como todos nós, erra e acerta o tempo inteiro, e está sempre em busca de melhorar. Embora não pareça, porque ela é muito durona, sisuda. Mas é uma criança por dentro. Muito emotiva, muito mexida com tudo“, analisa a intérprete da moça, Fabíula Nascimento.

Confira nosso bate papo completo com a atriz.

OBSERVATÓRIO DA TELEVISÃO – Esta novela é realmente um Bom Sucesso! O que você tem sentido da reação do público a respeito da sua personagem?

FABÍULA NASCIMENTO – Só ouço comentários positivos, sobre a obra como um todo. Realmente esta novela é um grande presente, não só no que diz respeito à minha personagem. A gente precisa de uma novela com essa leveza, com dramas familiares, sem questão de vingança ou de ódio. Eu acho que é uma novela que traz muito essa leveza, fala sobre a possibilidade de você mudar, através da empatia, do contato com as outras pessoas. Acho que é uma novela bem positiva, e isso escorre pra todos nós. Então está todo mundo muito feliz com a novela.

Por falar em mudança, a Nana tem vivido muito isso, não é? Principalmente na relação com a filha, Sofia (Valentina Vieira).

É, tem um caminho longo aí pela frente… A personagem é bastante humana. Como todos nós, ela erra e acerta o tempo inteiro, e está sempre em busca de melhorar. É uma personagem muito movida pelo afeto. Embora não pareça, porque ela é muito durona, sisuda. Mas ela é uma criança por dentro. Muito emotiva, muito mexida com tudo. Acha que está acertando, como a gente, muitas vezes, acha que está acertando e está errando.

Dá tanta raiva quando ela não vê o quanto o marido a sacaneia! A gente fica torcendo para ela enxergar logo quem é o Diogo.

É porque não é um machismo convencional, né? Ele não é o tipo do homem que poda ou coloca limites [na mulher]. O Diogo é um psicopata. Ele é manipulador, ele é perigoso. E, dentro da família dela, a única pessoa que acolhe, que está o tempo inteiro à disposição, o tempo inteiro dizendo que a ama, é esse homem. Então não existe a menor desconfiança de que ele seja assim.

Houve uma cena em que ele transa com ela desacordada. Qual a importância de falar desse assunto na TV?

É importante, mas a gente não fez [a cena] de uma maneira que abrangesse tanto. Estamos num momento muito difícil no país, está muito polarizado. Mas ficou o recado ali que aquilo é um abuso. Por mais que você seja marido, não tem direito sobre o corpo de ninguém.

Todos estamos torcendo muito pela Nana com o Mário. Vocês estão shippadíssimos! O que vai rolar daqui para a frente?

Ah, eu espero que sim, que eles formem mesmo um casal. São duas pessoas que se conhecem há muito tempo. Ele sabe quem ela é, quais são os valores dessa mulher. É um cara completamente apaixonado. E eu acho que o amor é capaz de modificar muita coisa. Independente de ser um homem de homem e mulher, o amor é transformador. E é muito legal, porque temos duas pessoas de 40 anos falando um texto de pessoas de 40 anos. É um casal muito real.

E tem a história da gravidez da Nana também…

Sim, mas isso é pra frente. Não tenho nada pra falar sobre isso ainda. [risos]

Você estreou nas novelas em Avenida Brasil (2012), que agora vai ser reprisada. O que você achou dessa novidade?

Eu amo, né? Foi minha primeira novela, uma experiência maravilhosa, uma personagem [Olenka] maravilhosa, uma novela incrível! É aí que você há quanto tempo está na televisão, né? Se a novela já está passando no Vale a Pena Ver de Novo, é porque você já está há muito tempo trabalhando na TV! [risos]

E você gosta de se ver na telinha?

Ah, eu gosto sim!

A Nana foi concebida para ser uma antagonista da Paloma (Grazi Massafera), sobretudo nos primeiros capítulos. Mas nós estamos vendo como o público tem gostado da sua personagem. Tem a ver com a forma como você a humaniza?

Sim. Acho que rola uma identificação total. Ela é muito todo mundo, né? É uma pessoa que está ali, tentando salvar uma empresa que é uma herança de família – não é o que ela queria, mas é o que ela tem. Tem boas relações, é uma pessoa inteligente, é uma boa executiva. Não é uma boa mãe, mas porque está repetindo valores e padrões que aprendeu dentro de casa. Ninguém pode dar aquilo que não recebe, né? E quando ela erra, erra porque é teimosa, porque não escuta, porque tem ciúme. Porque age como menina de vez em quando. Como todos nós, né? E essas coisas de voltar ao passado mexem com ela. O Mário traz isso pra ela também, porque conviveu com ela uma vida inteira.

Nas redes sociais, muita gente comparou a Nana à Maria da Paz (Juliana Paes) quando ela contou à Gisele (Sheron Menezzes) que havia tido um caso com o Mário. Você sente que a Nana às vezes é ingênua demais?

Não, não recebi dessa forma. Essa personagem não tem nada de burra! Nada! Zero burra. Ela não tem motivo pra desconfiar. É uma pessoa segura no relacionamento, uma pessoa segura nas amizades. Ela não faz isso por burrice, faz porque a Gisele é uma pessoa que está próxima a ela, em quem ela confia. Não tem a ver com burrice, porque não existem indícios. Você não descobre um psicopata facilmente. Um machista você vê, mas não é o caso. Não acredito que seja uma relação de extremo amor – acho que totalmente de comodismo e praticidade. Acho que ela vive muito segura nessa relação, porque é uma coisa que não dá trabalho a ela – quem dá trabalho é o pai [Alberto, de Antonio Fagundes].

Você acha que o fato de ela ter beijado o Mário foi uma traição ao Diogo?

Não acho que ela veja como uma traição. Ela simplesmente pensa: ‘não posso seguir com isso’. O Mário é uma pessoa tão de dentro da vida dela que ela nem sente como se fosse uma traição. Mas ao mesmo tempo acelera o coração dela de um outro jeito, abre um outro espaço.

Existem dois relacionamentos extraconjugais: o do Diogo com a Gisele, e agora o da Nana com o Mário. Você sente que as pessoas – nas redes sociais, por exemplo – reagem de forma diferente a essas duas relações?

É que, como eles [telespectadores] têm o pensamento de que a Nana deve se livrar logo desse cara [Diogo], todo mundo torce [por Nana e Mário], é imediato! É um cara bacana, que gosta dela de verdade, é bonito quando eles estão juntos… Eu e Lucinho [Lúcio Mauro Filho] somos amigos há muitos anos, a gente se ama. Então temos a maior troca, sempre conversamos sobre o que a gente quer fazer. O texto da Rosane [Svartman, co-autora de Bom Sucesso com Paulo Halm] é um primor! São duas pessoas de 40 anos, a gente não fala nem uma palavra adolescente – na TV, estamos acostumados a ver casais de uma certa idade falando como se fossem adolescentes. Então a torcida é muito grande pra que ela descubra quem é esse traste e fique com o Mário.

Por falar nisso, como você acha que vai ser a reação da Nana quando ela finalmente descobrir quem o Diogo é de verdade?

Não faço a menor ideia! Mas acho que ela seria muito fria com isso tudo. Não acho que seria uma coisa passional. Principalmente porque [a relação de Nana com Diogo] não envolve amor.

Você já viveu uma descoberta desse tipo com alguém na vida real? Fosse um namorado ou mesmo só um amigo?

Não, graças a Deus. Nunca.

A sua personagem fala, no contexto da novela, sobre temas delicados de tratar – como, por exemplo, o estupro marital, cometido pelo Diogo contra a Nana. Você acredita que a novela é um espaço importante para se tocar nesse tipo de temática?

Qualquer lugar onde você possa colocar a voz e tratar dessas coisas, eu acho super válido. Claro, cada um tem uma opinião. Eu não posso te entubar goela abaixo a minha. Mas eu acho que tratar dos temas com leveza, sim.

Que reflexão você faria sobre os erros e acertos da sua carreira, da estreia em Avenida Brasil até aqui?

Eu não errei nada, eu só acertei. [risos] Mas, falando sério, eu acho que todos os meus erros são acertos. Eu faço isso [ser atriz] há 23 anos. Então não tem mais como dar errado. Acho que quando você passa mais de metade da sua vida desempenhando uma profissão – estou com 41, tenho 23 anos de carreira – é assim. Realmente acho que todos os meus erros foram grandes acertos. Acho que, em primeiro lugar, você precisa ter muito respeito pelo que você faz, pelas pessoas que estão com você. E, graças a Deus, eu trabalho com entretenimento! Não estou colocando agrotóxico no legume de ninguém, não estou fazendo nada de ruim pra ninguém. Estou apenas entretendo, levando leveza, levando reflexão através do meu trabalho, seja no palco, no cinema ou na televisão.

Como está sendo contracenar com Antonio Fagundes, que vive seu pai em Bom Sucesso?

Ótima! Aqui a parceria rola salta! Não tem nem o que falar, gente, esse elenco é um presente: Grazi, Fagundes, Rômulo [Estrela, intérprete de Marcos], que é como se fosse meu irmão. Eu tenho um amor por ele de irmão mesmo. Lucinho, Baba [Armando Babaioff], que é meu amigo, meu parceiro, tão talentoso. É tão lindo vê-lo brilhar. A minha filha [da ficção, Valentina Vieira], que é uma princesa. A menina é danada! Um elenco super jovem – tem muita gente que nunca fez nada [antes], como a Bruna [Inocêncio, intérprete de Alice] -, mas que está fazendo um trabalho lindo. A gente tem o maior respaldo aqui dos nossos preparadores.

(entrevista realizada pelo jornalista André Romano)

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