Juliana Paes conta detalhes de A Dona do Pedaço e fala de problema na garganta: “Tenho que fazer terapia para a vida inteira”

Publicado em 15/04/2019

Juliana Paes fará sua segunda protagonista seguida em A Dona do Pedaço, trama de Walcyr Carrasco que substituirá O Sétimo Guardião, no horário nobre da TV Globo. Na novela ela será Maria da Paz, uma mulher batalhadora, que mesmo com os problemas da família e passando por diversas dificuldades, conseguirá se tornar uma empresária de sucesso.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, Juliana comentou detalhes sobre sua personagem e ainda falou sobre o problema que teve na garganta no final do ano passado. Confira:

O título da novela remete a você, porque você é uma pessoa assim, não é?

“Eu acho que eu tenho essa energia de gostar das pessoas. De chegar e contagiar as pessoas positivamente, nesse sentido talvez se refira a mim. Mas, por outro lado acho que A Dona do Pedaço fala com todas as mulheres. Eu estou muito feliz ao criar essa personagem, porque A Dona do Pedaço vai conversar com todas as mulheres que são donas de si, que se fizeram pelo próprio esforço. E que são a razão do próprio sucesso.

Esse é o sentido de ser a dona do seu próprio pedaço, da sua própria vida, da sua própria história. Nesse sentido a personagem vai falar muito com o público feminino. Essa palavra do empoderamento que está na moda agora e eu acho muito bom que esteja, tem tudo haver com essa Maria da Paz que estamos trazendo.”

Personagem

Como vai ser a Maria da Paz?

“A gente tem uma passagem de tempo grande no início da trama. O primeiro bloco da novela vem mostrando o passado, de onde vem essa mulher. A Maria da Paz vem de uma família do interior, uma cidade fictícia que se chama Rio Vermelho. É uma família de matadores e existe uma outra família rival de matadores também, isso nos anos 90, então existe nesse contexto um clima de Romeu e Julieta. Mas no sentido de que são famílias inimigas. E claro que os protagonistas se apaixonam, a Maria da Paz se apaixona pelo Amadeu (Marcos Palmeira). Mas só descobrem tudo isso depois que já estão completamente apaixonados.

É a primeira vez que ela mostra a razão pela qual tem esse nome, ela quer promover a paz entre essas famílias. Chega um momento que ninguém sabe mais o porque de tudo isso, quem começou com tudo isso. Ela quer viver esse amor, ela já teve um noivo que foi morto pela família e ela propõe esse pacto. Mas esse pacto não se concretiza. A partir daí ela passa por poucas e boas, tem que fugir para São Paulo porque ela fica jurada de morte. Sem ninguém, sem saber para onde está indo, sem conhecer ninguém e conhece pessoas que acolhem ela.

A única coisa que ela sabe fazer é bolo, que ela aprendeu com a avó. Então ela começa assim, vendendo bolo na rua em uma carrocinha, depois em uma portinha de garagem e aí a coisa começa dar certo. Ela tem esse jeito doce, generoso, amoroso com as pessoas e ela coloca tudo isso nos bolos. Existe um pouco de lúdico nessa história toda. Passam vinte anos e ela se transforma em uma grande dona de um império da confeitaria.”

Confeitaria

Você fez muito bolo, mas você aprendeu ou já sabia?

“Eu não sou muito de ir para a cozinha, mas quando eu vou é para fazer sobremesa. Claro que fazer um bolo comum, um bolinho de banana sempre foi fácil para mim. Mas eu tive aulas de uma culinária mais avançada existem segredinhos e jeitos de fazer no manejo, que são mais profissionais. Quebrar o ovo com uma mão só, dar um toque diferente no brigadeiro para ele ficar um pouco mais cremoso. Eu sempre untei a forma do bolo colocando manteiga e farinha, mas dá para fazer também colocando só papel embaixo.”

Você saiu de uma bandida e agora será uma mulher batalhadora. Como é isso para você?

“Eu gosto muito dos processos criativos antes da novela, para mim essa é a parte mais saborosa. Quando eu começo a fazer um bolo e começo a entender como são as mãos dessa mulher, como é que ela se comporta, como ela era como menina. Tudo isso a gente vai colocando num caldeirão de ideias e vai criando o corpo do personagem, mas eu preciso puxar uma brasa para uma parte importante que é a caracterização. Cinquenta por centro do trabalho do ator, está nesse trabalho da equipe, que é quando entra o figurino, o cabelo e a maquiagem.

Porque uma vez que você coloca a roupa do personagem, o cabelo, a maquiagem e você se olha no espelho vendo essa figura, imediatamente é um outro corpo em você. E isso me ajuda de uma maneira que eu não sei explicar. Eu conto muito com isso, para mim os dias de prova de figurinos, é um dia de muita concentração, porque eu sei que ali eu vou achar meu personagem definitivamente. Para mim aquilo é uma viagem que eu começo a entender quem é essa mulher. O cabelo dela é assim, mas porque ela não teve muito tempo de fazer, é um trabalho de elaboração. Quando entra essa parte, fecha o pacote e o trabalho não está terminado, as primeiras cenas vão finalizando esse processo.”

Sucesso

Você nunca ligou muito para o sucesso, né?

“Eu sempre achei muito chato essas pessoas que se sentem descoladas das outras profissões porque são artistas. Eu acho que o trabalho do artista é como o trabalho de qualquer outro profissional, eu não consigo achar que a gente está descolado em nenhum quesito. O que a gente tem de diferente é a visibilidade, a gente fica em uma vitrine o tempo todo. E ninguém consegue enxergar isso como um bônus. Mas isso é difícil, porque são expectativas que você tem que atender o tempo todo. Por outro lado o bônus para mim é poder viver personagens diferentes, estar cada dia em um lugar, cada dia com uma equipe. O que as pessoas julgam que as vezes é o grande bônus, não é.”

Como está sendo a troca com o elenco?

“Eu estou muito feliz com esse elenco, não poderia estar mais feliz. O Marcos a gente já tinha trabalhado antes, então a gente já tinha essa troca de amizade. Ele é muito pé no chão, muito simples. É um cara nada deslumbrado. Acaba uma novela e ele volta lá para a fazenda dele, eu volto para a minha turma de São Gonçalo e é mais um dia, vida que segue.”

Saúde

No final do ano passado você teve um problema na garganta. Ficou tudo bem?

“Quando você descobre calos vocais ou cistos vocais, fica uma cicatriz e por mais que você cuide e tenha disciplina, a cicatriz fica. Eu tenho que sempre fazer a minha fisioterapia vocal. Chego aqui e pego o meu tubinho, faço os exercícios, é algo que vou ter que cuidar pelo resto da minha profissão.

É comum em jogadores de futebol ter que fazer fisioterapia antes e depois do jogo, eu tenho que fazer antes e depois das gravações tenho que cuidar da minha voz. Quando você é jovem, pode correr, pular e dançar, que nada acontece. Mas depois de muito uso, muito abuso e grito, eu tive esse acidente e agora tenho que fazer essa terapia para a vida inteira. Mas está tudo perfeitamente normal dentro desse quadro.”

Quando você se sente a dona do pedaço?

“Eu me sinto a dona do pedaço, quando eu consigo dar conta de muitas coisas ao mesmo tempo. Quando eu consigo gravar, chegar em casa, tomar conta da merenda das crianças, fazer dever de casa, colocar para dormir, leio uma historinha, deito e ainda vou assistir um filminho. É aí que eu falo que estou me sentindo a dona do pedaço.”

Cobrança

Você se cobra por isso?

“Muito. Eu acredito que ser mãe é viver com uma parcelinha de culpa sempre, você pode ser a mais analisada do mundo, faz a terapia que for. Eu nunca fiz terapia, estou querendo, mas não tenho tempo. Sempre a gente tem a sensação de que alguma coisa faltou, é difícil dar conta, mas o final de semana eu levo para a praia ou fico em casa com eles.”

Como é educar dois filhos homens em um universo tão machista?

“É uma missão, uma tarefa complicada. Porque a gente não educa os filhos sozinhos, tem as pessoas em volta que são parte da formação da mentalidade de uma criança, essa parte é mais difícil. Tem o que eles assistem na televisão, no celular, tem o que o avô que é de uma geração anterior fala: ‘Ei, para de chorar, menino não chora’. Outra dia eu ouvi e gritei: ‘Chora sim!’. Tem que educar com muito amor, porque eu não acredito no pé na porta, mas sim na palavra doce e amorosa. Mas às vezes é bom chegar para o homem e falar para deixar ele ser como quiser, escolher a cor que quiser e se expressar como quiser.”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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