Julia Dalavia revela detalhes de sua personagem em Órfãos da Terra: “De repente ela vê a vida virar de cabeça para baixo”

Publicado em 15/03/2019

Prestes a estreia como a protagonista Laila, na novela Órfãos da Terra, a atriz Julia Dalavia passou por um intenso trabalho de preparação para viver uma refugiada síria na trama. No folhetim que tem como autoras Thelma Guedes e Duca Rachid, Laila passará por grandes dificuldades ao fugir do seu país com sua família e, se refugiar no Brasil.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, na noite de lançamento da novela, a atriz falou sobre a expectativa para a estreia e muito mais. Confira:

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Quem é a Laila?

“A Laila é uma menina que vive na Síria e de repente vê a vida dela virar de cabeça para baixo. Com a guerra, ela perde metade da família. Tem que passar por mil coisas nessa travessia até o Brasil e é uma heroína, uma mulher forte, uma menina que tem que tomar as rédeas da família e enfrentar muita coisa. Segurar uma barra para conseguir levar eles também. É legal ver a mulher nesse lugar, em um papel importante, um papel que age e que leva todo mundo nas costas.”

Você é uma mulher que sempre está envolvida nessas questões militantes. Como é estar nesse papel em que ela é uma das mulheres de um Sheik?

“É isso que é interessante, ela está lá e não aceita. Ela foge e enfrenta tudo isso, vai contra a cultura dela. A princípio, a Laila é uma menina que apesar de ser árabe, ela é de uma nova geração que questiona essa cultura, esse valores e de certa forma ela não aceita. Mas é muito legal ver uma mulher nesse lugar de uma protagonista forte.”

Protagonista

Como está sendo a sua primeira protagonista?

“É uma personagem que passa por tanta coisa nesse processo de criação, a nossa cabeça está em outro lugar e eu não fico pensando nessa coisa de protagonista ou não protagonista, mas é legal estar trabalhando com esse ritmo mais pesado.”

Você se inspirou em alguém?

“Eu me inspirei em uma menina que eu conheci na preparação, chamada Tülin Hashemi. Ela é uma refugiada árabe e tem 25 anos, mas veio para cá aos três anos. Ela é completamente moderna, hoje em dia ela é praticamente uma brasileira, carioca. Ela faz gastronomia e tem a cabeça muito pra frente, a gente bateu esse papo e ela questionava os valores do país dela, ela questionava as questões do feminismo e ela me inspirou. Ela deu essa realidade para a Laila de que existem mulheres feministas e fortes no mundo árabe.”

Como é para você ser mãe pela primeira vez na ficção?

“É estranho. Legal também, uma hora iria acontecer. Eu já engravidei em outros trabalhos, mas nunca cheguei a ter o bebê. Dessa vez eu vou ter o filho, mas faz parte.”

Críticas

Você sente algum tipo de peso em relação críticas ou rejeição por ser a protagonista?

“Olha, eu tento não pensar nisso, eu estou focando mais na parte boa.”

Tem algumas situações horrorosas de refugiados, inclusive a sua personagem pode ter passado por isso. Teve alguma situação que te marcou?

“Acho que todas são muito delicadas, até na hora de compartilhar, os refugiados, as pessoas com quem eu conversei são muito fechados para isso. Mas eu conversei com uma mãe que perdeu os filhos, e ela não conseguia falar. Foi quando eu vi um mundo, uma história inteira se contando no silêncio dela. É uma coisa que não dá para explicar, mas eu não passei por isso, não é um lugar de fala, só é muito triste.”

Como foi o processo de estudo da diferença de cultura?

“Foi uma pesquisa em que ficamos dois meses estudando a cultura árabe. Estudando a língua, a culinária, aula de dança também e foi preciso uma imersão nesse universo porque é tudo diferente. O alfabeto é diferente, o jeito de se vestir, o jeito de se relacionar é diferente, uma postura de cumprimentar, de conversar… Então a gente foi absorvendo isso aos poucos, todo mundo unido para aprender.”

Cultura Árabe

O que você achou mais interessante dessa cultura?

“Olha eu gosto muito da comida, tem muita coisa interessante que eu não estou conseguindo pensar agora, mas eu adoro a comida. Eu acho que tem uma pureza que eles trazem, que eu acho que vem com uma timidez, um certo jeito e um afastamento. Isso também traz uma pureza que eu vejo em todas as pessoas que eu conversei.”

E esse amor que ela vai viver?

“Eles se encontram no campo de refugiados, quando ela chega com a família e são impedidos de se conhecer pela mãe. Nesse mesmo tempo o Sheik pede a mão dela em casamento para o pai. Mas ela passa por mil desventuras, mil desencontros, até que eles se encontram de novo no navio vindo para o Brasil e aí eles se conhecem de verdade. Como isso desenrola vocês vão ter que assistir.”

Você acredita que na vida a gente tem um grande amor?

“Eu acho que a gente tem vários grande amores. Um é muito pouco! Um só? Eu acho que a gente pode se apaixonar todos os dias e desapaixonar também. Cada história tem a sua importância, sua beleza.”

E no amor à primeira vista, você acredita?

“Eu acho muito bonito, mas eu pessoalmente não confio muito nisso. Eu acho que existem muitas coisas à primeira vista, atração, desejo… Mas o amor é uma que se constrói no dia a dia, é uma coisa que se cria. Os dois tem que ter vontade de viver um amor, é uma coisa mais sólida.”

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