Roberto Carlos revela planos futuros de sua carreira e fala sobre posse de arma: “Desculpe se eu vou decepcionar alguns de vocês”

Publicado em 19/02/2019

Roberto Carlos está comemorando os 15 anos do projeto Emoções, Cruzeiro que realiza para que os fãs possam curtir shows privados do cantor. Em entrevista ao Observatório da Televisão, o cantor revelou que está bastante feliz em comemorar o sucesso do projeto e revelou também detalhes de sua carreira e projetos futuros. Confira:

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São 15 anos desse projeto Emoções. Qual o balanço que você faz desse tempo e qual o momento inesquecível?

“Esses 15 anos foram maravilhosos. É um projeto que realmente me dá muito prazer em fazer, e me surpreende que estejamos fazendo há 15 anos, só tenho a agradecer as pessoas que me prestigiam e me acompanham. 30 por centro das pessoas que estão aqui já vieram outras vezes, então tenho um público fiel. Só tenho a agradecer”.

Como é que está o coração? Está aberto a um novo amor, ou até mesmo um antigo? A Miriam Rios chegou a fazer uma declaração para você.

“Meu coração está aberto realmente, mas não existe nada entre a Miriam e eu. Foi bom enquanto durou, e a respeito muito. Quem sabe? Tudo pode acontecer a qualquer momento”.

Time do coração

Vamos falar de um outro amor que você tem: o amor pelo Vasco. Nesse momento Fluminense e Vasco estão jogando a final da Taça Guanabara no Maracanã.

“A gente sabe que o fluminense é um grande time e teve partidas maravilhosas. Logicamente como torcedor do Vasco, estou torcendo pelo Vasco”.

Você está comemorando 60 anos de carreira. O que você faz para continuar humilde?

“Sou simplesmente o que sou. Não faço nada para ser humilde não. Sou assim desse jeito, e obrigado por vocês terem me atribuído essa qualidade”.

Primeiro Disco

Em 2019 completam 60 anos do seu primeiro disco. Uma das músicas, João e Maria, é uma composição sua com o Carlos Imperial. Como é a história dessa composição?

“Carlos Imperial foi uma cara muito importante na minha carreira, me ajudou muito. Foi quem me levou para a CBS naquela época, hoje em dia, Sony Music. Essa música, Imperial fez, me mostrou e comecei a mexer na música, alterar algumas frases, e ele disse ‘então você vai ser parceiro’, e eu disse ‘tudo bem, se você me der essa honra’. Mexi em algumas coisas, mas a música é dele”.

Foi sua primeira composição?

“Minha primeira composição eu nunca gravei. A primeira música que compus, acho que não coloquei nome. Eu tinha 16 anos, estava começando a compor, não é uma música que eu sinto que poderia gravar hoje. As coisas melhoraram e eu aprendi muito de lá para cá. Eu mesmo critico essa primeira música dizendo que ela não tem a qualidade das músicas que tenho incluídas nos meus outros discos de modo geral”.

Vida privada

Como durante tantos anos sendo ‘o rei’, consegue manter a vida privada de Roberto Carlos de certa forma intacta?

“Você não sabe o trabalho que dá (risos). O que eu tenho transpirado para manter minha vida privada, de forma privada dá muito trabalho realmente. São tantas maneiras de proteger a minha intimidade que acho que tenho conseguido de certa forma, mas não tenho conseguido totalmente não”.

Você vai cantar em Londres. Qual repertório você vai cantar? Escolheu algo em português e inglês?

“Não sei porque demorei tanto para fazer show em Londres, já fiz em Paris e Itália. O que eu fiz lá foi mais privado, mas show aberto ao público é o primeiro. Vou cantar lá para todo o tipo de público que tiver, principalmente em espanhol porque tem muitas pessoas que falam língua espanhola lá, mas pode ser que cante algo em inglês também”.

Sem preconceitos

Os homens vestem azul e as mulheres vestem rosa, e hoje Roberto está de rosa. Acho que esta é uma pergunta de todos que estão na plateia.

“Estou vestindo rosa porque estou querendo fugir um pouco do azul porque virou um TOC realmente, e porque me garanto como homem”.

Eu sei que você já assistiu ao filme do Erasmo, e gostaria de saber se você gostou do ator que representou você.

“Gostei. Gabriel [Leone] mandou muito bem, muito bem mesmo. O Chay Suede também mandou muito bem representando o Erasmo. O filme me emocionou muito principalmente em determinadas cenas. A cena do amigo me fez chorar, estava do lado do Erasmo enquanto assistia, e chorei pra caramba, estou quase chorando agora de novo. O filme é muito bem feito, direção muito boa, é verdadeiro, tem muita graça, e muito humor”.

Planos futuros

Você planeja levar o projeto Emoções para o exterior?

“A gente tem falado um pouco disso”.

Sabemos que você já fez mais de 600 composições. Por que nenhuma para corno?

“Outro dia estava analisando o meu repertório, e tudo o que tenho cantado e gravado e percebi que nunca cantei ou fiz músicas falando de cornos. Acho que esse tema nunca me interessou. Eu tenho medo de falar desse tema. Já fiz músicas falando de amores mal-sucedidos, amores que não deram certo, mas nunca falei de traição. Muita gente cantando sobre isso, muita gente até assumindo, mas eu estou fora (risos)”.

Referências

Como você vê esses jovens cantores que têm você como referência? Você consome música nas plataformas digitais? Está antenado?

“Sim. Quando vejo um jovem ouvindo música minha ou se interessando em cantar comigo, isso me deixa muito feliz. Sinto que eles gostam do que faço e que consigo chegar aos jovens com a música que faço. Sobre as plataformas digitais, não tenho muito tempo para isso, mas no tempo que tenho, estou ligado”.

O Caetano Veloso conta no livro Verdade Tropical sobre sua visita a ele, no tempo em que ele esteve exilado. Na ocasião, você compôs a canção Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos para ele em 1971, no auge da ditadura miliar. No mesmo ano você gravou Como Dois e Dois, que expressa a angustia do exílio. Queria saber se o ato de gravar essa música foi apenas um ato de solidariedade ou também uma crítica ao regime da época.

“Não. Na realidade eu fiz essa música porque me comovia muito a situação de Caetano lá fora. Eu voltei de lá e fiz a música no Brasil, e isso ficou na minha cabeça. A tristeza e o drama que ele estava vivendo, e gravei porque é uma música bonita, tem uma letra linda, mas não gravei por nenhuma razão política não”.

Especiais

Seus especiais de 1974 até 2018 têm músicas populares brasileiras. Você deixou um arquivo para no futuro os jovens pesquisarem sobre a música?

“Pode até resultar nisso, a intenção é fazer um especial que agrade o público. Que o telespectador fique contente com o que está vendo, e a preocupação realmente é essa. Mas se os especiais resultarem nisso, ficarei mais contente ainda”.

O Caetano elogiou muito o especial do ano passado. O que você tem a dizer a mais sobre o Caetano?

“Caetano é um grande compositor, um grande artista, o respeito muito por tudo. Politicamente temos ideias completamente diferentes, estamos em lados opostos, mas temos que respeitar a opinião de todos”.

Posse de arma

A situação da violência está cada vez pior em várias cidades, não só no Rio de Janeiro. O presidente da República quer que cada cidadão tenha uma arma em sua casa. Você é a favor, contra?  O que pensa a respeito?

“Desculpe se eu vou decepcionar alguns de vocês, mas acho que nós vivemos uma guerra atualmente, e uma guerra em que um lado está armado e o outro está desarmado. Isso é um problema muito sério para andarmos desarmados. Eu cresci vendo meu pai ter uma arma em casa, numa gavetinha com chave, que eu não mexia por não ter acesso. À noite ele colocava perto dele na cabaceira, pela preocupação que ele tinha com qualquer tipo de violência ou invasão à nossa casa. Ele protegia nossa casa dessa forma. Acho que essa é uma coisa que precisa ser analisada com muito cuidado, porque realmente vivemos uma guerra de um lado armado e outro desarmado, que é o nosso. Para se ter uma arma, tem que ter muito cuidado”.

Erasmo Carlos

Você falou sobre o filme do Erasmo e eu queria saber sobre o seu, que estava previsto para o segundo semestre deste ano. Como é que está?

“As filmagens é que estão previstas para o segundo semestre deste ano. Está indo. As coisas comigo não andam muito rápido não porque eu sou muito chato com as coisas que faço e tudo gosto de analisar com muita calma. A história tem sido contada com muito cuidado, estou tendo reuniões com o Breno (Silveira), Gloria Perez, e tudo isso leva muito tempo porque algumas coisas gosto, outras não estou de acordo. O filme está seguindo uma linha de muita verdade sobre minha vida e história. Estou animado com o filme, e logicamente queremos fazer uma coisa muito bem-feita, e isso leva tempo. A pressa é inimiga da perfeição”.

Cinema

Eu queria que você falasse um pouco da sua trajetória no cinema, e também das suas músicas que estão em trilhas sonoras de vários diretores consagrados.

“A minha trajetória no cinema foi curta. Fiz três filmes, e eu gostei muito do que fiz. Depois até pensei em fazer outro, mas minha carreira começou a ter uma velocidade muito grande, e comecei não encontrar tempo para fazê-lo. Fui empurrando e chegou ao ponto de não ter feito mais. Entrar em trilha sonora é sempre uma coisa boa para o artista e para o compositor. Analiso com muito cuidado onde entra a minha música, em que personagem, em que momento, etc, mas é sempre muito bom ter uma música em um filme ou novela”.

Qual a expectativa para seu show de Londres?

“Minha expectativa é ter a casa cheia e que as pessoas fiquem contentes com o que vou mostrar lá, com o que vou cantar. Que eu agrade a todos, de hispânicos, brasileiros, ou até ingleses”.

Álbum em outros idiomas

Você lançou um álbum em espanhol. Tem mais projetos pela frente? A Marina Elali está em turnê pelo Brasil fazendo shows em homenagem a você. Por que você nunca fez uma parceria com ela?

“A Marina Elali é muito boa. Gosto muito dela. É uma grande cantora e o projeto dela está dando muito certo, fazendo muito sucesso. Só posso desejar sucesso para ela e dizer que um dia cantaremos juntos. Quanto aos novos projetos, estou tentando fazer um disco em português há mais de cinco anos, mas toda hora pinta alguma coisa, algum outro projeto que me toma muito tempo.

Retomei minha carreira lá fora, e isso começou a me incomodar, porque eu tinha deixado de usufruir do mercado latino. Agora quero gravar um disco em italiano, porque senti um interesse grande da Sony italiana. Comecei a falar italiano de novo, vou gravar um disco em português esse ano, um italiano, e talvez em espanhol ano que vem. Não sei quando termino, mas vou começar esse ano”.

Roberto Carlos no cinema

Você já tem um ator para ser Roberto Carlos no cinema? O Gabriel Leone ganhou sua confiança como Roberto, e está na sua preferência para te interpretar novamente no cinema?

“Olha com certeza o Gabriel Leone fez muito bem meu papel. Ele é um grande ator. A gente ainda não decidiu quem vai ser o ator, mas vendo o filme dele, vemos que ele mandou muito bem. Quem sabe?”

A agenda desse ano prevê uma série de shows principalmente no exterior, mas a festa de aniversário do Roberto Carlos, não tem programação ainda. 

“Realmente esse ano está complicado. Meu aniversário vai cair na sexta-feira da Paixão. Normalmente eu faço um show para festejar meu aniversário no palco, mas sendo sexta-feira da Paixão está meio difícil saber o que vou fazer, e onde. Acho que vou ficar em casa”.

Ir ao cinema

Você foi ao cinema recentemente assistir ao filme do Erasmo. As fãs podem contar com a chance de te ver novamente por aí em algum cinema?

“Eu não vou muito ao cinema. O filme mais recente que assisti no cinema foi Titanic (risos). Tenho sempre a preocupação de combinar com o gerente de entrar só quando a luz apaga, para ser o mais discreto possível, mas quando fui ao cinema fiquei maravilhado, deslumbrado em como é maravilhoso ver um filme no cinema. Digo isso, porque tenho visto sempre na televisão, então aquele som, aquela tela grande. Fiquei igual a um menino lá dentro, parecia que era a primeira vez que eu estava indo ao cinema. Fiquei muito animado em armar uma forma, um esquema para de vez em quando ir ao cinema. E eu vou”.

O que na música te aborrece?

“O silêncio. Quando não tem música, isso me aborrece”.

60 anos de carreira

Sessenta anos de carreira, único artista fazendo show só para mulheres. Existe possibilidade de você fazer uma música exclusiva para o cruzeiro do ano que vem?

“O show só para as mulheres, não posso negar que para mim é um prazer todo especial. Me perdoem os homens, amigos, parentes, mas realmente uma plateia só de mulheres é uma sensação muito maravilhosa. Fico em êxtase (risos). Fico muito bom realmente porque existe uma intimidade entre as mulheres e eu que é uma coisa muito gostosa. Não é só uma intimidade, é uma liberdade, e delas também de dizerem o que querem.  Quanto à música, não sou de fazer música encomendada.

Tenho que sentir, e fazer sem nenhum planejamento. A única música que fiz sob encomenda foi Sereia, que a Gloria Perez me pediu para fazer para a novela A Força do Querer. Falo isso inclusive no show. Perguntei para ela quem era a atriz que iria interpretar a sereia, e ela disse que seria Isis Valverde. Em cinco dias a música estava pronta (risos).  Isso é motivação”.

Novos tempos

Antigamente os artistas ganhavam com a venda dos discos, mas com esse avanço tecnológico isso ficou para trás. Na sua visão, isso atrapalhou ou foi um grande benefício?

“Durante algum tempo achei que isso tinha atrapalhado o faturamento, mas agora não. A coisa já está organizada”.

Já que você está solteiro, será que a gente conseguiria encontrar você pelo Tinder?

“Olha, sempre existem chances, seja pelo Tinder, ou passando na rua. Em todos os lugares, no navio, enfim… É uma questão de afinidade. Você olha alguém, uma foto. O amor é uma coisa imprevisível”.

Música atual

O que a música representa hoje na sua vida?

“Representa tudo. Na minha música tenho falado da minha vida, tenho falado da coisa principal que é o amor. Música é tudo para mim”.

Você é o homem mais desejado do Brasil. Qual foi a grande loucura que você fez por alguém?

“Eu já fiz tantas loucuras de amor que é difícil selecionar uma. Mas é melhor não falar. Loucuras de amor fazem parte da minha vida, já fiz muitas”.

* Entrevista feita pelo jornalista André Romano
Colaboração João Paulo Reis

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