Vivendo Daniel e Danilo em Espelho da Vida, Rafael Cardoso fala sobre a abordagem do tema espírita: “Gosto, curto e acredito”

Publicado em 30/01/2019

Em Espelho da Vida, o ator Rafael Cardoso dá vida ao Danilo e Daniel, diferentes personagens, que vivem em diferentes épocas. A trama de Elizabeth Jhin entra em nova fase, cheia de mistérios e intrigas. Em entrevista ao Observatório da Televisão, o ator falou dos novos rumos da história, e ainda sobre a abordagem do tema espírita, sequência de trabalhos e muito mais. Confira:

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O que você acha do tema espírita? Gosta? Curte? Acredita?

“Eu gosto, curto e acredito. Na verdade a gente já fez Além do Tempo com a Elizabeth (Jhin), e frequento de tudo um pouco, desde centro espírita, casa de umbanda, candomblé, e outros centros. Eu sou espiritualista, eu acredito nisso mesmo. Corpo mente e espirito têm que estar alinhados para a gente seguir em frente. Isso é muito importante”.

Como é sair do vilão, o Renato de O Outro Lado do Paraíso, e ir para dois personagens como são aqui em Espelho da Vida?

“Isso aqui é um balsamo (risos) Depois de viver aquela coisa intensa, em Espelho da Vida é só amor. A gente não sabia que iria ser tão tranquilo. Como o personagem entrou um pouco depois, para mim, estou quase de férias. Eu até brinco com o Pedro Vasconcellos (diretor) que quero trabalhar só ele e com Elizabeth (autora) porque acho que de cinco ou seis meses que eles estão gravando, eu gravei somente um mês e meio ou dois. Mas não só por isso. Estão bem tranquilos os dias em que gravo. Já cheguei a fazer em um dia, duas semanas de cenas”.

“Vem coisa boa por ai e o final da novela promete”

Conte-nos um pouco sobre o Daniel?

“Ele é um artista, um fotógrafo que está em Portugal e vive na busca por ele mesmo. Começa a fazer terapia para tentar se encontrar, para tentar preencher esse vazio que ele não sabe de onde vem. Na busca desse vazio ele encontra essa história recorrente na cabeça dele, e à partir daí é que conseguimos ligá-lo de Portugal para o Brasil. Ele é neto da Margot, a princípio achei que ele seria filho dela, mas aí teriam que me envelhecer muito (risos). Eu não tenho muitas informações, mas vem coisa boa por ai e o final da novela vai pegar fogo, promete”.

E esse visual de cara limpa?

“Que bom não é? Estava com barba há muito tempo e todo mundo dizia ‘Pô, o Rafael não tira a barba’, e agora estou aqui de cara limpa, visual novo. Está ótimo. Minha filha é que não gostou muito. Perguntou ‘cadê sua barba papai? Eu não gosto, deixa a barba crescer'”.

Vida de pai

Sobre sua vida de pai, antes você tinha somente a Aurora, agora também tem o Valentim, conta para a gente sobre eles. 

“Eles são maravilhosos. Aurora está com 4 anos e o Valentim com 8 meses. Está uma maravilha”.

Sentiu diferença em ser pai de menino?

“Muita. Menino é bruto, é ogro. A motricidade se desenvolve mais rápido, mas a cabecinha não. As mulheres são muito mais rápidas que a gente. Temos que aprender muito com as mulheres. Estou tendo esse aprendizado. Ele é muito carinhoso mas é bruto, bate, puxa, reclama”.

Rolou ciúme por parte da Aurora?

“Rolou. A mãe tem que dar o peito, mas o papai é ‘meu’. Hoje melhorou muito, mas quando pego o Valentim no colo, ela diz que cortou o dedo, e coisas assim, quando vou ver, não é nada. ‘Papai, papai”, ela diz, e se atira no chão. Comprei vários presentinhos, porque a galera chegava lá em casa com presentes para o Valentim e eu dizia ‘toma esse presente, dá para a Aurora também’. É um processo que está passando”.

Realização

E você está realizado como pai?

“Estou. Acho que não tem escola, a gente aprende na prática, e tento ser o melhor que posso todos os dias”.

O seu nome se transformou em uma grife. As pessoas estavam esperando para te ver na novela, e quando você apareceu, as redes sociais quebraram, como dizem. Como é para você receber o carinho do público?

“É bom demais. A colheita é certa, então quer dizer que eu plantei a sementinha corretamente lá atrás e venho colhendo devagarzinho. A galera pedia mesmo. As pessoas perguntavam ‘cadê você’? Eu vou muito a supermercados, feiras, adoro estar na rua – inclusive é uma das coisas que mais gosto – como eu não aparecia me perguntavam quando eu entraria na novela, ‘você está nessa novela mesmo ou já foi para outra?’ (Risos). Isso é muito bom”.

Muita gente já shippa o Danilo e a Julia, mas agora com a entrada do Daniel, você acha que vai rolar mais um casal?

“Acho que sim. Na verdade, só estou esperando o momento em que eles vão se encontrar, porque vai ser lindo. Só posso dizer ‘sinto muito’ para o Alain, mas acho que já era (risos). ‘Perdeu playboy’ (risos)”.

Espelho da Vida

Sua filha assiste à novela?

“Não assiste até porque a gente não deixa. Colocamos uma programação que escolhemos para ela. Mas às vezes quando a gente está assistindo, ela olha e diz ‘olha o papai'”.

Ela já está te questionando?

Está. ‘Papai, por que você está beijando essa outra moça?’, ela pergunta (risos). ‘Você tem outra namorada?’. Agora ela está na fase das princesas, e todas as princesas têm um namorado, então ela veio me perguntar se é muito difícil escolher um namorado. Eu disse ‘papai não está gostando desse negócio aí’ (risos). Ela já está ligada”.

Preparação

Como é se preparar para fazer o vilão ou dois mocinhos?

“Olha, cada processo é um processo. Eu não tenho um processo meu, fixado. Eu vou desenvolvendo, durante o processo eu vou descobrindo coisas. E não gosto de fechar mutio esse processo, até porque novela é uma obra aberta, que está sempre mudando. Eu acho muito bacana esse negócio de novela, é uma grande escola para nós atores, estamos sempre com a pulga atrás da orelha sobre o que vai acontecer. O processo do Renato teve uma preparação grande por serem personagens totalmente diferentes, aliados pela mesma loucura. Em Espelho da Vida, são dois personagens, mas muito parecidos em essência,  são a mesma alma, pelo espiritismo, e tem a diferença que eu acho que nós somos frutos daquilo que já vivemos.

Na época que o Danilo viveu são outras influências, e referências. Já o Daniel é influenciado por esse mundo maluco que a gente tem, então é uma casca um pouco mais grossa, e dentro da arte, eu já pinto e o Danilo é um pintor. A gente vai vai trazendo da vida, tudo o que a gente tem. Eu comecei a pintar muito mais, fotografar muito mais, comecei a pegar realmente essas referências de tudo. Onde mora o Daniel? Portugal, aí fui ver as obras de Portugal, então não tem um processo fixo. Eu gosto de criar referências imagéticas para as cenas. Desenho, escrevo poesias, gosto de encher o caldeirão, e depois sai alguma coisa”.

A relação entre o Daniel e a Letícia, aparentemente parece ser só profissional. Você acha que pode rolar alguma coisa?

“Eu acho que a tensão sexual existe. O Freud acreditava muito nessa relação de atração entre analista e analisado. Eu acredito nisso também e mais pela parte do personagem da Letícia que tem um pouco mais. Ele sente, mas tem a sapiência de deixar de lado. Teve uma cena em que ele a chamou para tomar um café, e ela disse que ‘não’. Que existe, existe”.

Terapia

Você já fez ou faz terapia?

“Olha, eu já fiz, mas hoje eu acho que estou em um momento que estou bem, não estou precisando. Hoje eu faço a terapia da floresta, vou pro mato, vou plantar, é a terapia que eu encontrei pra mim. Vou pra minha fazenda e levo meus filhos, vou pro mar, cachoeira, faço minhas rezas. Frequento desde templo budista, vou para candomblé, umbanda, centro espírita, eu vou onde tenho vontade. As energias do bem estão aí, então vamos trabalhar”.

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Você já pesou em fazer a terapia de regressão ?

“Já pensei em fazer. Fiquei curioso, e agora estou mais ainda”.

No final do ano passado, você levou um susto com um assalto, mudou alguma coisa na sua vida?

“Mudou bastante. Acho que quando a gente toma um susto é assim. Fiquei um tempo meio recluso, até para organizar meus pensamentos. Eu queria ir embora. Pensei ‘vou embora dessa merda’, porque realmente está difícil a violência no Brasil, está cada vez pior, principalmente no Rio de Janeiro. Vivemos uma guerra civil há algum tempo, e comecei a repensar tudo. Vou deixar algumas pessoas e coisas me influenciarem? Então precisei pensar, agir racionalmente porque tem uma hora que temos que voltar atrás. Repensei o que realmente me importa, porque para mim a vida é uma vela que pode se apagar a qualquer momento.

Minhas referências mudaram muito. Vou cuidar do meu filho, vou dar meu melhor, mas quando eu puder, eu vou embora mesmo porque quero que meus filhos possam correr na rua. Agora eles são pequenos, ainda os controlo, mas quando tiverem saindo com os amigos, como eu vou ficar? É um trauma que vai passar, mas no momento que estamos vivendo, espero poder dar uma vida melhor para eles. É um processo de amadurecimento”.

Você pensa em conversar com a casa e dar um tempinho? Porque você está emendando novelas…

“Eu acho que isso vai acontecer. Já tenho conversado de leve com o pessoal, e acho que vai ser um momento até para eu viajar um pouco depois disso tudo o que aconteceu. Já estou ótimo, não estou traumatizado, está tudo certo, mas é uma coisa necessária eu desligar um pouco. Venho emendando uma coisa na outra, e tempo é qualidade de vida. Eu preciso de um tempo para estar com a família, viajar e curtir com eles, e chegou a hora”.

Restaurante

Você reserva uma parte do seu tempo para cuidar do seu restaurante?

“A vida é uma loucura. Estou o tempo todo aqui (na Globo), e não tenho nem Whatsapp porque senão seria uma loucura, mas é planilha o tempo inteiro por e-mail. São três restaurante, a fábrica de sucos orgânicos, a indústria de água que estou abrindo, então toda hora coloco gente competente para trabalhar para mim, porque senão eu não conseguiria. Tenho meu braço direito, o Evandro, que não é só meu empresário, ele cuida de outras coisas para mim também, e uma equipe de cuida de outras coisas, porque senão a vida não rola”.

A sua vida empresarial é tão forte quanto a artística?

“Não. O que me motiva é a arte, é o que me proporcionou desenvolver meu lado empreendedor. Não saí gastando dinheiro, nunca gastei com nada supérfluo, decidi investir para poder mais a frente, usufruir disso. Sou muito grato por ter dado certo meu lado artístico, tenho muito amor pelo meu lado empreendedor mas meu amor é a arte, tanto que meus hobbies são tocar piano, pintar. E também plantar, não à toa eu fiz engenharia ambiental.”

Você pinta, pensa em fazer alguma exposição?

“Mais para a frente. Preciso me desenvolver mais porque sou muito ruim (risos)”.

Arte

Que tipo de arte você faz?

“Faço de tudo um pouco. Meu pai tinha uma marcenaria, e aprendi a fazer tudo. Tenho uma marcenaria e uma serralheria em casa, e mesclo com tudo. Faço de tudo, desde luminária, banco, misturando com resina, cristal. Pego quadros, coloco plástico, spray, de tudo um pouco”.

Como você lida com as redes sociais?

“Lido da minha forma. Nunca fui muito intenso nas redes sociais, até pensei em sair fora, mas eu vi que podia ser uma ferramenta para eu ter uma voz ativa para o que eu acredito. Comecei a divulgar as coisas boas que eu gosto e não só ficar postando vídeo dizendo ‘estou aqui fazendo sei lá o quê’. Isso deixo para a Mariana (esposa) porque ela faz isso no processo dela como youtuber, e ela está se virando muito bem. Não desmereço, acho um trabalho muito difícil, porque o Youtube para mim é a nova televisão aberta, e ótimo para quem quer e sabe se produzir. Nas redes sociais, quero falar mais sobre sustentabilidade, plantio orgânico, casas sustentáveis, etc”.

Programa de TV

Já pintou alguma proposta para você apresentar um programa em TV fechada, por exemplo, no GNT?

“Não, Mas Eu vou produzir o meu programa. Não sei quem vai comprar, mas vou produzir. Não vou falar qual vai ser minha ideia, porque senão alguém pega. Ano que vem esse projeto já vem”.

Hoje, a gente vê você super bem, mas você já passou muito perrengue. Que conselho você daria para quem está começando?

“Passei muitos, já dividi quarto com seis pessoas. O conselho que dou é não desistir dos seus sonhos, perseverar, e ter planos A, B, C, D, E, F. Para chegar onde cheguei, lavei prato em restaurante, cozinhei, fiz evento para ganhar cinquenta reais, vendi cigarro… Então cara, sempre correr atrás. Eu faria tudo de novo”.

E teatro?

“Eu já fiz bastante. Eu tenho vontade de voltar para o teatro sim porque é o nosso celeiro, mas acredito que fazer teatro vai me tomar um tempo que eu posso criar outra coisa, que cheguem a mais pessoas, falando mais coisas que acredito. Acho ótimo, mas no momento não tenho esse tempo, não tenho essa vontade. Não vou entrar no mérito político, mas nem incentivo estamos tendo para fazer teatro. A gente pagar para fazer uma coisa que a gente ama, não é meu negócio”.

Você moraria onde fora do Brasil?

“Eu vou para Portugal ou para os Estados Unidos”.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano
Colaboração João Paulo Reis 

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