João Vicente de Castro faz um balanço sobre Espelho da Vida: “Acho que é o trabalho mais difícil que eu fiz na minha vida”

Publicado em 30/01/2019

No ar como Alain em Espelho da Vida, João Vicente de Castro vive um dos maiores momentos da sua carreira na TV. Em entrevista ao Observatório da Televisão, João falou sobre as mudanças na trama do Alain e o desafio de interpretar dois personagens na mesma novela. Confira:

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Como está sendo para você essa fase da novela?

Acho que é o trabalho mais difícil que eu fiz na minha vida. Um protagonista, um herói, mas que tinha uma possibilidade de ter uma rejeição do público muito grande. Ele estava sempre em conflito com a mocinha, brigando com a Margot, personagem da Irene Ravache. Mas as pessoas entenderam por competência do texto da Elizabeth Jhin, que o Alain é um ser humano, que errava e acertava, mas não era de má índole. É um sujeito que como todos nós tem erros, vive e sofre as consequências desses erros e a humanidade dele pegou o público de alguma forma.

Novos caminhos

Essa aproximação dele com a filha, também fez ele mudar bastante, né?

Faz parte dessa evolução do Alain após o acidente, o reconhecimento da paternidade ajudou muito ele a se humanizar. E de alguma forma a entrar em contato com uma fragilidade, com uma delicadeza, com o passado e isso foi ajudando-o a se tornar um humano que ele já era.

A Isabel está insistindo e ele deixa claro que não quer ou você acha que ele se engana?

Eu acho que ele deixa claro com as palavras, não tão claro com as atitudes. Eu acho que ela consegue se conectar com uma coisa carnal que ele tem. Então ela vira e mexe consegue levar ele para onde ela quer.

Amor

Está difícil ele conseguir ficar com a Cris, você acha que esse amor vai acontecer?

Olha, eu não sei. Eu sei a opinião do Pedro (diretor), que eu não direi qual é. Mas, eu reabri meu twitter e fiquei surpreso em ver que as pessoas torcem muito pelo Alain e a Cris, embora a novela tenha sido em torno desse amor de outras vidas. Em suma, isso é competência do nosso trabalho, que a gente fez com muita paixão. Se depender da internet eles terminam juntos.

Você faz dois personagens, qual é a diferença?

A diferença é que o Alain é um cara de boa índole, já o Gustavo é um sujeito que deixa de lado essa ética para conseguir o que ele quer. Ele é um vilão mais claro. O Alain não é um vilão, mas é um sujeito cheio de erros e acertos. Eu acho que a dificuldade de fazer um e outro é ser muito rígida a diferença dos dois, você não magoar esses pontos de diferenciação que você estabelece, o jeito de se mexer, o tom de voz e tal.

Estudos

Como foi o estudo para você diferenciar os dois personagens?

Não tem estudo. É uma coisa que você deita na cama e começa a pensar o que o Alain não tem, o que o Alain não faz. A princípio, o Alain é um sujeito que tem o corpo mais solto, o Gustavo é mais preciso, duro. O Alain tem a voz mais comum e o Gustavo fala mais pausado, mais devagar, o português mais correto como se falava na época. Tem uma equipe muito boa fazendo essa novela e eles me ajudam muito a não deslocar um personagem do outro.

A Elizabeth Jhin é muito estudiosa dessa questão de vidas passadas. Você lendo o texto, chegou a mudar a sua visão em relação ao espiritismo?

Digamos que me fez torcer pelo espiritismo. No sentido de que eu sou uma pessoa que acredita em um monte de coisa, não sou um cara de muita fé. Mas é uma coisa que eu gostaria de ter mais. Porém, a ideia da não finitude me agrada muito, eu gostaria que não acabasse aqui se eu pudesse escolher.

Críticas

O personagem foi muito criticado no início por ser muito mal, como foi isso para você?

Ele realmente era muito chato e rabugento. Teve uma matéria recentemente, que dizia que o João Vicente estava sendo muito criticado na internet. Mas, logo depois você abria a matéria e lá falava que era o Alain. Eu achei uma falta de responsabilidade, poderia ter dito que era o personagem, mas depois eu entendi que o jornalista não tinha feito por mal. Mas a verdade dói um pouco, quando falam que o cara é chato. Porém você tem que ter esse distanciamento, para não falarem que você está defendendo o personagem. Eu sou mais esse cara do que um herói que não tem defeitos, que é ético para caramba, mas a gente não é assim, somos errados.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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