“Quase terminou na quinta temporada”, revela Maurício Rizzo sobre o fim do Tá no Ar

Publicado em 14/12/2018

Maurício Rizzo é roteirista e ator do programa Tá no Ar: A TV na TV, indicado ao Emmy Internacional de Melhor Comédia, em 2017. Maurício retorna para a última temporada do programa, que estreia em janeiro de 2019 na TV Globo. Em entrevista ao Observatório da Televisão, ele contou sobre a experiência de atuar em algo que ele próprio participou da criação e falou sobre a última temporada do humorístico. Confira:

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Dizem que geralmente alguns humoristas que são tímidos, isso é verdade? Como está essa última temporada do Tá no Ar?

“É, a gente se esconde um pouquinho. A gente está com uma temporada bem bacana, por ser a última é especial. Já está todo mundo com saudade. A gente vai estar colocando no ar todo esse nosso estilo, com muito nonsense. Com uma pitada de política, crítica sempre e vai ser especial.”

E todos os quadros terão uma deixa para o final? 

“Não, talvez isso aconteça mais no último episódio mesmo. A gente está entrando com o mesmo espirito e sempre, tentando atirar para todos os lados, sem ficar perseguindo um só assunto. Para apresentarmos um painel bem variado de assuntos, isso dentro do nosso programa que tem muitos gêneros, muitos estilos e isso é um prato cheio para a gente.”

Sucesso

O Tá no Ar sempre acaba fazendo sucesso com o público e com a crítica. Como você vê essa resposta do público? 

“Eu acho isso muito legal. A gente tem realmente um grande feedback positivo e o segredo é esse, nós contarmos o que está acontecendo. A gente não se furta a pegar alguns fatos políticos, alguma notícia e brincar com isso, porque o público quer ver a vida na tela e se a gente não toca nesses assuntos, estamos nos alienando em algum nível.”  

Qual foi a cena desta ou da temporada passada que você mais gostou? 

“Eu gosto muito do programa e não consigo imaginar a melhor cena. Mas uma coisa que realmente esse programa me deu e eu sou muito grato, foi a possibilidade de fazer o Fábio Sub Judice, que foi um personagem baseado no Fábio Judice e a gente se fala inclusive. A gente já se encontrou na rua e se abraçou, foi muito legal, porque foi um personagem fixo que eu tive desde a terceira temporada. Com ele pudemos fazer uma crítica bem humorada da violência, que é uma realidade que infelizmente nós vivemos.”

Fim do programa

Como você reagiu a esse final do programa agora na sexta temporada? 

“É uma questão bem delicada, porque a gente nunca sabe qual a hora de terminar um programa. O público quer sempre mais, mas também tem um momento em que o público começa a cansar. Aí quando eles começam a cansar, você já perdeu o tempo de terminar. É uma decisão difícil, na quinta temporada a gente chegou a ter essa discussão interna, algumas pessoas achavam que deveria terminar na quinta, outras não.

Quase terminou na quinta temporada, mas aí teve uma força interna, a gente pensou que dava mais um pouco. Quando a gente chegou na sexta temporada, já estava tudo mais combinado, porque até as pessoas que estavam afim de continuar, entenderam que era o momento de terminar e terminar bem. Porque a gente quer estar num lugar legal do imaginário popular, que as pessoas sintam saudade e também fechar o ciclo, para abraçar novos desafios. E estamos terminando em um número bom.”  

A audiência da quinta temporada foi boa, certo?  

“Foi. Nós justamente não queremos que a audiência comece a cair e sair fora, a gente quer estar bem. Nós falamos de muita coisa nessas seis temporadas. Nós exploramos todos os gêneros possíveis. Trailer, comercial, desenho animado, novela e uma série de formatos que a gente brincou demais. Fizemos muita coisa, então talvez seja a hora da gente virar a página e partir para novos desafios.”

Roteiro

No programa, algumas pessoas escrevem para outras atuarem. No seu caso você mesmo escreve e atua. Qual é a sensação? 

“É maravilhosa, primeiro porque o roteirista brinca de ser Deus. Você vai e fala: ‘chove torrencialmente’, isso são caracteres, quando você entra no estúdio tem um carro pipa e uma galera trabalhando pela sua ideia. Então é arrepiante, quando você chega e vê uma coisa que era caractere, se transformando em realidade e com uma equipe talentosa brigando pela sua ideia. Para mim isso é incrível como roteirista e como ator é ainda mais prazeroso.”

Você acha que vem alguma coisa derivada do Tá no Ar? 

“Eu acho que não. É como o TV Pirata e A Grande Família, esses programas terminam. Pode acontecer de no futuro, alguém sentir a necessidade de atualizar. Porque a TV mudou muito e a gente pode voltar e falar da televisão, porque agora a gente tem TV à cabo e tem streaming, que antigamente não existia.”

Polêmicas

Você disse que vai ter algumas coisas envolvendo política. O resultado da eleição mudou o que vocês já tinham pensado em fazer? 

“Não. A gente aponta, mas a gente quer que as pessoas entendam de quem a gente está falando, sem falarmos o nome. Quando acontece é raro, por exemplo a gente fez do Bolsonáqua e tinha o Luiz in Ice Tea. Quando é uma coisa que a gente quer colocar o nome assim, a gente faz uma coisa que é mais democrática, abrangente, do que ficar falando mal só de um.

Pelo que eu me lembre, a gente não tem nessa temporada um ataque direcionado. Mas temos uns temas como feministas e estamos mais querendo retratar o nosso cotidiano, do que atacar alguém em especifico. É claro que estamos em um momento de muita polarização e não tem muito como fugir disso. Vamos  estar batendo em um lugar e no outro, mas não em momento especifico. E se tiver batendo, não vamos colocar o nome. Então as pessoas tem que colocar a carapuça.”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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