“Até hoje recebo mensagens de meninas que sofreram abusos”, diz Bella Piero sobre repercussão da personagem de O Outro Lado do Paraíso

Publicado em 10/12/2018

Em O Outro Lado do Paraíso, Bella Piero deu vida à Laura, uma moça que era abusada sexualmente pelo padrasto. A visibilidade e força da história de Walcyr Carrasco fez com que a atriz fosse indicada e vencesse o Troféu Melhores do Ano, na categoria revelação.

Durante o evento, a moça conversou com o Observatório da Televisão. Ela falou sobre a alegria de ter recebido o prêmio. Bella concorreu com as atrizes Kelzy Ecard e Claudia Di Moura, com quem fez questão de ir até o palco receber o prêmio. Confira o bate papo completo:

Leia também: Aquaman | Arthur e Mera são atacados pelos Abissais em novo clipe

Você imaginava ganhar esse prêmio de Melhores do Ano?

“Não. Não imaginava. Como eu disse lá atrás, eu estava concorrendo com atrizes que sempre assisti e admirei no teatro. Isso ao mesmo tempo me acolheu muito, e por isso fiz questão de levar as duas para o palco comigo. Esse troféu é delas, de todas as Lauras, de todo mundo que me ajudou a fazer a personagem sair do papel, buscar referências, e mostrar para o Brasil inteiro que ela não é só uma personagem. Ela existe, e esse troféu é de todas as pessoas”.

O Outro Lado do Paraíso

Você representou um assunto muito importante em O Outro Lado do Paraíso, que foi o abuso, e a pedofilia. Você atribui também essa vitória no Melhores do ano ao assunto abordado?

“Com certeza! Majoritariamente foi por causa do assunto, e foi o que o Fausto comentou. Infelizmente na nossa sociedade tão hipócrita e machista, é impossível uma mulher não ter passado por uma violência. Claro que não vou me limitar a falar uma violência sexual, mas existem vários tipos como a violência verbal, psicológica, emocional e física. Esse tema abrangeu muito mais pessoas que eu imaginaria, inclusive amigos. Amigos que nunca tinham falado sobre o assunto comigo, mas que no ápice da novela vieram me contar e foi ainda mais motivador para mim”.

Você conseguiu ajudar outras pessoas, foi convidada para eventos para fala sobre esse tema?

“Sim, eu tive o prazer de ser convidada para ser embaixadora da ONU, numa campanha chamada Ela Decide, que é justamente sobre a escolha que tem a ver com o corpo da mulher. A gente precisa lembrar que o corpo é nosso, e mesmo eu estando com uma roupa curta, isso não quer dizer nada. Eu preciso ganhar o mesmo salário que o homem, ter o meu lugar de fala e a minha vida garantida. Fui convidada para palestrar sobre isso e até hoje recebo mensagens de meninas que sofreram abusos e algumas que não conseguem relatar isso para as famílias. Ao mesmo tempo, ao final da cena do julgamento na novela, tivemos as denúncias triplicadas no Brasil inteiro, e esse é o maior troféu que eu posso receber”.

Troféu

A quem você dedica este troféu?

“A todas as Lauras que existem e que ainda não conseguiram vencer essa barreira de se liberar. Na novela conseguimos mostrar todas as fases. O fato de ser um trauma tão grande fez com que o corpo dela acionasse um mecanismo que fez com que ela não lembrasse, a regressão em que ela lembrou o que tinha vivido, a força dela em denunciar, e a liberdade em si, que foi ela conseguir se relacionar com o marido sem ser definida por esse trauma. Espero que esse troféu represente toda a coragem que essas pessoas precisam ter”.

Quais seus novos projetos?

“Estou querendo voltar para o teatro. Estou há três anos longe, e o teatro foi o lugar que comecei, e é o que mais mexe comigo. Onde me deu toda a base. Tenho vários projetos de cinema, mas ainda não posso abrir porque não é nada concreto”.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade