Zezé Polessa viverá a esotérica Milu em O Sétimo Guardião: “Ela é quase uma sacerdotisa”

Publicado em 08/10/2018

Zezé Polessa interpretará Milu em O Sétimo Guardião, próxima novela das nove da Globo. Esotérica e sensitiva, essa mulher será uma das responsáveis por proteger o aquífero de Serra Azul, que traz de suas profundezas uma água milagrosa que será bastante cobiçada ao longo da trama.

Dona da loja Cristalina, Milu é vista como bruxa pelos moradores antigos da cidade. Ama tarô, prepara chás maravilhosos e, ao invés de jogar búzios, joga seus preciosos cristais. Em entrevista ao Observatório da Televisão, Zezé se aprofundou nas características da personagem e contou detalhes da nova história criada por Aguinaldo Silva – prevista para estrear em novembro. Confira:

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O que esperar de O Sétimo Guardião?

“Eu acho que O Sétimo Guardião é uma novela que vem com uma coisa diferente e forte, que é a questão do cuidado e preservação da água. A gente está vendo que essa água potável, que ainda é muita e que o ser humano, os animais, as plantas e o solo bebem, corre o risco de acabar. ”

Quem são esses guardiões?

“São guardiões de uma água. A pequena cidade de Serro Azul tem debaixo dela um reservatório, um aquífero. Como tem na Amazônia, como tem da Patagônia até São Paulo. Os guardiões são uma irmandade que cuida da água. Cuida no sentido de manter o segredo. Tem a coisa do realismo mágico da novela. Essa água também tem poderes curativos, rejuvenescedores, restaurativos. Eu não sei em qual medida eles vão usando essa água.”

“Os guardiões são uma irmandade que cuida da água”

“Sabemos de um personagem que mergulha, bebe e passa a água no rosto, e que está cada vez mais jovem. A Marilda (Letícia Spiller) é a irmã mais velha da Marsalla (Lília Cabral), e quando a Marsalla chega, leva um susto porque a Marilda está novíssima. ”

Os guardiões têm acesso a essa água milagrosa?

“Os guardiões não podem se beneficiar da água. Esses guardiões são pessoas representativas na cidade e pessoas que, de certa forma, podem estar observando e ter um certo controle de que não estão mexendo com a água. Então é o prefeito, o delegado, o médico, a dona do cabaré, que é a Ondina (Ana Beatriz Nogueira), e a Milu. ”

Conhecendo a personagem

Fala um pouco sobre a Milu.

“Ela tem uma loja de produtos esotéricos, conhece ervas, dá consultas. É uma mulher de grande sensibilidade e é uma guardiã ligada a questão espiritual desse cuidado com a água, que para algumas pessoas é simplesmente uma questão geológica e científica. O aquífero é como se fosse um grande rio subterrâneo. Para ela tem isso tudo também, mas tem uma questão espiritual e energética. ”

“Ela tem um compromisso espiritual com o planeta em relação a água”

“Ela diz em uma fala: ‘quando a água potável acabar no mundo e as pessoas necessitarem dela, nós vamos dizer que temos a água, que guardamos a água. Bebam e sirvam-se à vontade’. Ela tem um compromisso espiritual com o planeta em relação a água. Sabemos que tem muitas divindades e entidades que se relacionam com as forças da natureza. Tem a do ar, a do mar e tem a da água doce. Várias entidades também orientais. Então ela é ligada a isso. ”

Como são as relações dessa mulher?

“Ela é uma pessoa que pouco se alimenta dessa crença, dessa filosofia, dessa fé. Ela é muito bem com isso, não tem outra história. É muito ligada aos outros, muito ligada a Ondina, a grande amiga dela. Ela tem a loja, os clientes. Não tem uma vida pessoal. Ela é quase uma sacerdotisa. ”

“Agora, parece que depois ela vai ter um envolvimento, que parece ser um envolvimento meio inusitado. Porque ela é considerada pelas pessoas mais caretas, ortodoxias da cidade, uma bruxa. Embora ela não seja. Ela diz: ‘bruxa não. Bruxa sempre acaba mal e queimada na fogueira. Eu sou esotérica e sensitiva, só isso’. ”

Mesmo sem autorização, a Milu usa a água para benefício próprio?

“Eu acho que ela usa em alguns chás. Ela não poderia, mas eu acho que ela usa. Eu acho também que ela tem uma coisa no passado. Essa coisa do passado tem na sinopse. Ela tem uma amiga que morreu, que é a irmã do médico, e que ela tem uma culpa. Tanto que eu estou trazendo um negócio que se chama Ho’oponopono, do Havaí, que você mentaliza só quatro sentimentos: me desculpe, sinto muito, obrigada, eu te amo. ”

“Eu acho também que ela tem uma coisa no passado”

“Você se cerca dessas energias. Da compaixão que você tem, sinto muito. Se eu fiz alguma coisa, me desculpe. Muito obrigada, que é a coisa da gratidão. E o amor. Não é para ninguém, é você ter essa vibração em torno do seu ser e do ambiente que está. Ela vai fazer isso porque acha que pode ter sido o chá (que matou a amiga). ”

A vilã Valentina Marsalla vai usar essa história para tentar fragilizar a Milu?

“A Valentina tem origem em A Visita da Velha Senhora, uma peça do Dürrenmatt. Uma mulher que volta ao lugar que nasceu e foi maltratada. Foi embora grávida, só que perdeu a criança. Ela volta para se vingar e tem o podre de cada um. Ela não é uma vilã. Ela quer que todos da cidade, o prefeito, o médico e outros, matem o cara que abusou dela, que casou com outra e que não quis que ela tivesse o filho. ”

“Uma mulher que volta ao lugar que nasceu e foi maltratada”

“Ela vira uma mulher poderosíssima, rica, e volta para fazer com que alguns da cidade matem o cara. E mata! A novela não tem esse drama pesado, mas ela volta. Ela tem que atacar os guardiões dessa água porque descobre que a água tem poderes rejuvenescedores. E ela já trabalha com isso, é uma empresária de cosméticos. ”

Como está sendo a rotina de gravação?

“Eu gravei pouco, mas estou achando ótimo. Às vezes em um dia inteiro eu só fiz uma cena. Na Cristalina (loja da Milu) eu já fiz mais algumas cenas, mas na cidade cenográfica é um pouco difícil porque é muito grande. O capítulo um é enorme, acho que são 85 cenas. A gente não acaba o capítulo um. ”

Construção da personagem

Como está sendo a montagem do figurino?

“Está sendo muito lindo! É um personagem da água para o vinho. No caso, do vinho para a água (risos). A Edinalva de A Força do Querer era uma pessoa completamente diferente. Todo personagem tem uma exuberância, mas tem personagens que são pessoas mais comuns. Então ficamos entre uma coisa e outra. ”

“Ela é uma coisa mais pé no chão”

“Ficamos entre uma hippie inglesa ou da Califórnia. Um negócio que seria bem exuberante com uma coisa mais da terra, cores mais terrosas, menos brilho, mais pedra bruta. Tem a coisinha dos anéis, que foi uma influência um pouquinho indiana. Ela não é exuberante como a Edinalva era. Ela é uma coisa mais pé no chão, mais terra, mais comum dentro desse meio dos seres esotéricos. ”

Você ainda tem os trejeitos da Edinalva?

“Quando acaba uma novela, você vai se lavando do personagem, mas demora. Novela é trabalho de um ano, então você fica um ano impregnada com aquilo (o personagem). Quando começamos a estudar, a fazer as oficinas, eu ainda estava um pouco apegada (a Edinalva). Não estava muito porque comecei a preparar um trabalho de teatro. ”

Você se inspirou e conversou com alguma profissional sensitiva para criar a Milu?

“Muitas! Eu tenho uma amiga que começou fazendo teatro comigo. Fundamos o Pessoal do Despertar e, logo depois, ela foi escrever. Ela é do Pantanal, escreveu livros lindos. Depois foi para a Espanha dançar flamenco. Ela é assim, vai fazendo várias coisas. Hoje ela faz culinária ayurvedica. Ela teve um câncer e foi indo mesmo para a coisa da saúde e alimentação. Começou a ter uma coisa com as ervas e eu comecei a me tratar com ela. Não sei nem como que foi, porque eu gosto de ervas também. ”

“A Milu podia ser uma bruxa estorvada, mas não é”

“Ela é minha amiga de anos. Eu vi os filhos dela nascerem, ela também viu os meus nascerem. Agora ela faz consultas, usa um pêndulo, tem cristais. Ela é muito doce, e essa coisa doce da Milu é dela. A Milu podia ser uma bruxa estorvada, mas não é. Ela fala: ‘oi, linda’. Foi a primeira coisa que eu botei na leitura (risos). ”

Você vai usar somente o tarô na novela?

“Eu inventei um jogo. Eu gosto muito de cristais também, tenho muitos cristais. Eu escolhi alguns e jogo tipo búzios. Tem um rosa, um preto. Eu joguei para um personagem que está blefando dizendo que é o sétimo guardião. A gente fala do tesouro, que é a água, mas ele não sabe o que é. Aí eu acho estranho e jogo. Vou perguntando umas coisas que nem faz com os búzios. ”

“Eu inventei esse jogo porque é muito chato (errar). Eu tenho muito respeito por essas pessoas (tarólogos). Tem gente muito séria e estudiosa. A Milu não é charlatã. Às vezes ela erra, não acerta o tempo todo. Um esotérico também é humano. ”

Zezé Polessa e o universo esotérico

Você se identifica com esoterismo?

“Eu gosto de jogar tarô também. Logo que eu soube que ia fazer a novela, vi um negócio de danças circulares, dança pela paz, a mulher e a terra, a mulher e a água. Comecei a pesquisar e acabei indo para o Vale do Matutu, que seria sul de Minas. Aliás, eu conheci esse lugar por causa da Isis (Valverde) que é de Aiuruoca. Quando eu fui no casamento da Isis, a família e as pessoas me falaram que lá é um vale sagrado. Um lugar de índios nômades. Várias tribos e etnias passavam por ali, não fixavam. ”

“Foi uma oficina, um workshop de Milu”

“Aquele vale era um cemitério, era onde eles iam enterrar e fazer os rituais. Não é como o nosso cemitério, é como se fosse uma igreja. Até porque eles escolheram aquele lugar para enterrar os mortos porque já era um lugar especial, de muita água cristalina e cachoeira. Eu fui para esse lugar, e foi lindo! Eu escrevi muito. Foi uma oficina, um workshop de Milu, até com essa coisa da relação da água. Lá atravessa rio, tem ponte, o cavalo pula na água. ”

Foi nessa viajem que você teve contato com as danças circulares?

“Quando eu voltei, conheci uma pessoa que fazia danças circulares e jogava tarô, que é a Mara, irmã da atriz Cristina Aché que foi casada com o Joaquim Pedro. Ela é uma espécie de xamã. Ela jogou tarô para mim, eu aprendi a abri (o jogo de tarô). Me ensinou algumas formações de cartas, que eu já estou estudando os arcanjos maiores. De repente, a personagem tira só uma carta para alguém, aí eu tenho que falar alguma coisa certa sobre aquela carta. ”

Você gosta de saber como vai ser o futuro?

“Eu não tenho muito essa onda. Eu tenho mais onda, por exemplo, com banhos. Banho de limpar, banho de trazer energia boa, banho de amor. ”

Você é sensitiva?

“Tem épocas em que eu não sou porque estou muito material. Ser atriz também me deixa flutuando um pouco. ”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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