Feliz com nova personagem, Alinne Moraes define Isabel de Espelho da Vida: “veio para causar”

Publicado em 16/09/2018

Em Espelho da Vida, Alinne Moraes dará vida a Isabel. A moça no passado, foi noiva do protagonista Alain (João Vicente de Castro), mas o relacionamento terminou quando ele descobriu que ela o traía com seu primo e melhor amigo, Felipe (Patrick Sampaio). Mas Isabel nunca esqueceu, e aproveitará que Alain está de volta à cidade para tentar se reaproximar.

Em conversa com Alinne Moraes, a atriz garantiu que está feliz em poder interpretar a vilã, a quem descreve como uma mulher realmente má, diferente da mimada Diana, de Rock Story. Ela conta ainda que já viveu um déja vu, e explica como faz para conciliar as viagens de gravação com os cuidados com o filho, de 4 anos. Confira:

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Como será essa sua nova vilã em Espelho da Vida?

“Essa vilã é bem vilã mesmo. Vilã de folhetim. E em novelas da Elizabeth Jhin, ela não tem medo. Mesmo porque são duas histórias, e pode ser que muitas dessas maldades serão justificadas pela outra personagem, que vive em 1930. E entendendo como ela se tornou essa pessoa. Estou sem medo de carregar porque já está muito claro, e não tem como deixar um pouco mais doce. É uma personagem humana, mas vamos ver até onde o ser humano é capaz de chegar. É uma personagem que não mede esforços para conseguir o que quer”.

Parceria com a autora de Espelho da Vida

 É sua segunda parceria com a Elizabeth Jhin…

“Voltar como antagonista é a coisa mais incrível do mundo. Em Além do Tempo também contamos duas histórias. Então agora é um trabalho completamente diferente, numa outra posição. A outra antagonista dela, de Além do Tempo era mais mimada e mais leve, essa de agora é bem pesada, demoníaca (risos). Tanto que quando fui fazer a escolha dos vestidos para figurino, eu disse ‘bora pro vermelho’. Ela vai infernizar o Alain, mas nessa relação com ele, saberemos quem é o verdadeiro antagonista da história”.

 Ela vai usar a filha contra o Alain?

“Eu acho que ela tem outros trunfos na manga, muito maiores do que esse. Muito maiores do que essa coisa da paternidade, que quase toda novela brinca.”

E a mãe dela volta para ajudá-la? Como é a relação entre elas?

“Ela acusa a mãe de nunca ter estado presente na vida dela. De tê-la deixado solitária quando mais precisou. E ela realmente precisou dar a volta por cima para se manter na cidade, por ser mãe solteira. A mãe não esteve presente, preferiu ir atrás de sua ligação religiosa, para se fortalecer e salvar a filha, mas a filha não consegue ter esse entendimento e só julga a mãe, e a cobra por coisas do passado”.

Ela tem um quê de humor?

“Eu acho que toda vilania, principalmente quando é muito ao extremo, fica tão surreal que ela acaba tendo um ponto de leveza. São tão surreais as possibilidades que ela se torna um pouco engraçada, pouquinho”.

Alinne Moraes dá pista sobre vilania de Isabel

Ela vai ter uma coisa de vidas passadas?

“Vai sim. Muito dessa vilania toda dá para entender o motivo. Ela se tornou essa mulher amarga, má, e egoísta por conta desse passado visto em 1930. Não posso dizer que quem era bom vai ficar ruim, quem era ruim vai ficar bom, mas vocês vão se surpreender o tempo inteiro. É uma loucura”.

 Como está sendo para vocês atores a preparação para essas personagens?

“A gente começou a preparação para 1930 agora, está tudo bem recente. Brinco que é um trabalho esquizofrênico. Ao meio dia estamos em 1930, às seis da tarde estamos em 2018. Como não temos cidade cenográfica por uma opção do Pedro Vasconcellos (diretor), a gente está tendo essa coisa de cinema, de ter a oportunidade de estar em uma cidade de verdade gravando. O que deixa tudo um pouco mais delicado por termos que viajar sempre para Mariana, Tiradentes e Carrancas (interior de Minas Gerais). As imagens são lindas, trazem uma veracidade incrível”.

 

Você já passou por um deja vú?

“Já, muitos! Acho que todo mundo já deve ter tido essa sensação. Não é raro comigo, e como viajei muito, sempre tenho a sensação que já estive naquele lugar. Não fica claro o que é essa sensação, mas é muito boa. Outro dia estava com meu marido em um restaurante, estava tocando uma música, ele fez um gesto e eu pensei: ‘Gente, já estive aqui antes. Você fez esse gesto e estava tocando essa música desse mesmo jeito’”.

Então você acredita em vidas passadas?

“Não. Acredito que teve um delay de memória, ou no máximo uma sensação que me dá um alívio que está tudo bem.”

Crenças

 E em reencarnação você acredita?

“Eu já acreditei muito, mas não acredito, nem desacredito. Tenho muita coisa para pensar nesse momento do que ficar pensando se tem outra vida ou o que acontece depois que a gente morre. Essas perguntas eu me fazia quando bem pequenininha, até mais ou menos 7 anos e foi diminuindo. Tem gente que se pergunta depois dos 30, 40, e cada um tem um momento certo. Nesse momento da minha vida, tem coisas que exigem tanto de mim que não presto atenção nessas outras”.

Você segue alguma religião?

“Não, só desejo o bem das pessoas. Me coloco muito no lugar das outras pessoas, e acredito que a bondade gera bondade”.

 Você levou seu filho para as viagens de gravação?

“Não. Ele está com 4 anos e já tem a rotina dele, os amiguinhos dele, e o que eu combinei com a produção é o seguinte. Ficamos 10 dias por mês em cada cidade, e eu pedi para ficar dois dias, voltar, depois ir de novo. Eu sou a única do elenco que tenho filho pequenininho, e gravo muito, e falei ‘gente, vou estar 100% para vocês, mas se minha vida estiver OK, vou estar 100% aí porque teremos que gravar muito’. Meu filho ele entende o meu trabalho. Levei a Vitória (Strada) para jantar em casa e perguntei para ele se ele sabia a história que eu iria contar na TV, e ele disse ‘você vai ser a bruxa’, e ele já percebeu que ela seria a ‘princesa’ da história.  Ele adora teatro, e consegue separar as coisas graças a Deus”.

Vida de casada

Você sempre teve uma independência mesmo depois de ser mãe, de sair com o Mauro, mesmo com ele pequenininho…

“Ainda saio. Eu acho importante. Passamos o sábado o dia todo com ele, colocamos ele na cama, e deixamos ele com a babá para podermos jantar. Geralmente voltamos às 6 da manhã para a casa. O Pedro é uma criança noturna como a casa, ele dorme às dez da noite e acordo nove da manhã, então é bom porque podemos acordar meio dia, e só perdemos algumas horas com ele. E o casal se mantém. Eu acho que às vezes as pessoas acabam se esquecendo de onde tudo começou.

Meu filho já sabe, e até diz ‘mamãe está se arrumando porque vai namorar o papai’. Isso é a melhor coisa do mundo. Já viajar a dois, consegui ficar no máximo 5 dias, porque não consigo ficar longe do Pedro. Já conversei com várias mães atrizes que me disseram que depois de um tempo isso iria passar, que o trabalho ficaria sempre em primeiro lugar, mas comigo não é. Eu digo que hoje eu trabalho para poder viver, antes eu vivia para o meu trabalho”.

Esse tempo que você ficou afastada te ajudou nisso?

“Em junho fez um ano que terminou Rock Story. A imprensa está toda falando que faz mais de um ano que eu estava afastada, mas não, só fiquei com meu pequeno um pouco, e depois disso já fiz dois filmes. Já teatro, estou louca para voltar. Depois dessa novela, tendo um tempinho, eu farei teatro”.

Filho

Esses 5 dias que você conseguiu viajar com seu marido foram dias tranquilos, ou você ficava com o celular na mão vigiando para ter notícias do filho?

“Vigiando. Eu queria estar presente com ele, e como ele era menor e não tinha paciência para Facetime, eu fiz vídeos dia sim, dia não e enviava. Entreguei uns livros pequenininhos com quebra-cabeça, porque ele estava apaixonado com quebra-cabeça, aí eu mandava os vídeos falando para ele e indicando onde estavam as peças para ele sentir que eu estava presente. Foi uma ideia que eu tive, que vou repetir sempre. Ele só não pode dizer ‘mãe, vai viajar que eu quero ganhar presente’. Isso não, pelo amor de Deus”.

O que tem mais encantado nessa fase dele aos 4 anos?

“Ele adora música. Está apaixonado por piano. É uma coisa que ele gosta muito, e já acorda tocando, me mostrando como tocar. É uma coisa do pai também, porque o Mauro toca tudo, inclusive é quem faz as trilhas dos filmes dele. Dá até raiva ver lá roteiro Mauro Lima, Direção Mauro Lima, trilha Mauro Lima”.

O que mais a encantou na personagem?

“Eu acho que me encantou o fato de ser vilã. A Silvia (Duas Caras), era uma personagem que não era uma vilã e acabou se tornando, e fui até as últimas consequências com ela. Em Rock Story, me disseram que era uma vilã, mas eu lia e via que não era uma vilã, era passional e muito humana. Ela amava demais aquele homem, queria demais voltar para o ex-marido, e essa de agora é claro que veio para causar. Ela não é uma pessoa boa, até me arrepia”.

Visual

Você mudou um pouco o visual para a personagem, não é?

“Sim, no cabelo tiramos um pouco do loiro, e cacheamos um pouco.  Usamos difusor e menos babyliss, e tem um pouco de megahair para dar volume”.

O João Vicente de Castro disse que a sua personagem tem um poder incrível sobre o personagem dele. Como você faz para ela parecer tão magnética para ele?

“Isso é mais o João que tem que dar como ator para mim do que vice e versa. Às vezes posso fazer uma vilã apaixonada por ele, ele finge que não existo e pronto. Ele é quem tem que atuar para que essa força exista, e que dê para entender o porquê isso vem de outras vidas. É muito forte. Vamos entender pela história de 1930 o motivo pelo qual ela consegue manipula-lo e exercer esse domínio sobre ele”.

Você disse que ela é muito má. Como você faz para se livrar disso depois? Deixa ali no estúdio?

“Ah, mas isso desce rapidinho (risos). Eu gosto muito de brincar com vilã porque tudo é possível. Mesmo se você errar, está certo. Fica como a personagem fora da casinha, tudo é mais amplo. Gosto mais. Diria até que é mais fácil do que fazer mocinha. E quanto a sair do personagem, fica no estúdio depois, porque para mim é tudo uma brincadeira. Eu não sou aquela que entro e falo ‘só um minutinho que preciso respirar’. Terminou a ação, deu o corta, já estou rindo e está tudo certo”.

Preparação

Tem algum tipo de mensagem que ela vai passar para o público?

“Sempre que a gente conta uma história, a gente consegue um pouco entender o que se passa na cabeça daquela pessoa ruim, daquele psicopata, então isso nos aproxima. O ser humano não é sempre bom, e é legal entender isso”.

Tem alguma preparação para viver uma vilã?

“Como ator, trabalhamos com algumas ferramentas. Não tem como mudar minha voz, como mudar meu rosto, mas as minhas ferramentas trago comigo, portanto é potencializar algumas coisas. Todo ser humano tem coisas boas e ruins, depende do que você potencializa. Por exemplo, muita gente acha que ciúme é uma coisa positiva. Tem até gente que diz ‘um pouquinho de ciúme é positivo’. Eu não acho. Acho que tudo o que você alimenta, aumenta, seja ciúme, a barriga, a raiva ou o amor. Eu tenho coisas ruins dentro de mim, eu conheço elas, mas eu não quero alimentá-las. Fiz seis anos de terapia e sei que todos nós temos. Não quero sentir essas coisas ruins, e o vilão trabalha com as coisas mais negativas possíveis e se nutre com isso”.

Lados obscuros

Quais são esses seus lados obscuros?

“Aos 19, 20 anos, eu tive vários namorados que eram ciumentos e por conta deles eu também fiquei ciumenta. E comecei a perceber que essas relações não estavam tirando de mim o meu melhor, não era algo bom para mim e nem para ele. E terminei justamente por sentir de ciúme, algo que não gosto, nem em mim nem no outro. Ciúme é insegurança e não posso ficar trabalhando com coisas ruins que abomino. Não quero isso para mim, nem para minha família. Tem a ver com maturidade, mas tem muito a ver comigo. Eu lembro que não conhecia meu pai, e ele ligou para a Globo para me conhecer. Eu tinha 22 anos, a Globo me ligou para saber se era verdade. Fui conhecê-lo e tudo mais.

Eu poderia na minha formação negar isso, não querer conhecê-lo, porque ele nunca foi atrás de mim, mas retrocedendo, eu lembro que desde pequena eu falava com minha mãe ‘Ele era muito novo, ele errou e quanto mais o tempo passa, mais difícil está ficando para ele’. Então não tenho que julgar. Poderia ter ido por um caminho, mas eu iria por um outro. Esse entendimento me fez ser atriz. Me colocar no lugar do outro, ver a dificuldade do outro e a arte me salvou muito. Minha primeira personagem foi uma mãe solteira com 17 anos de idade, eu contei quase a história da minha mãe. Tive a oportunidade de dar grandes passos em cima de preconceitos com uma homossexual, cadeirante, psicopata, e outras personagens que me ensinaram. A arte encanta, salva”.

Alinne Mãe

Você conseguiu perdoar seu pai?

“Não tinha o que perdoar. A partir do momento que eu já entendo, vou perdoar o quê? Estou no mesmo lugar que ele, e não do lado contrário. Ele morreu logo na sequência”.

Você disse que não esperava ser uma mãe exigente…

“Estou menos exigente graças a Deus. O início da maternidade é um momento muito delicado. A gente se assusta muito com tudo. Como eu estava trabalhando logo no primeiro ano, eu ficava muito focada, e ligava o tempo todo perguntando se estava tudo bem em casa. É desesperador, querer estar presente, mas não poder por estar trabalhando, e acabei me vendo um pouco controladora, algo que nunca quis ser. Estou bem mais leve graças a esse um ano, de Rock Story para cá, que pude ficar mais presente (com o filho), e pude entender que não é um grande problema. Minha avó passou por isso, minha mãe passou por isso, e a gente precisa trabalhar”.

Você pensa em ter outro filho?

“Não. Eu sou filha única, minha mãe é filha única, e ainda não tive essa vontade. Se tiver, talvez venha mais para a frente. Mas por enquanto não me vejo”.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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