Totia Meireles comenta coreografias do musical Pippin: “Cheias de detalhes”

Publicado em 02/08/2018

Durante a temporada de agosto a outubro, Totia Meireles estará em cartaz com o musical Pippin, no Teatro Clara Nunes – Rio de Janeiro. No espetáculo de Charles Möeller e Claudio Botelho, a atriz será Mestre de Cerimônias de uma trupe teatral que narra a história do príncipe Pippin (Felipe de Carolis), filho do Rei Carlos Magno (Jonas Bloch), que busca o sentido da própria vida.

O espetáculo é um dos mais aclamados de todos os tempos e fez revolução na Broadway no ano de 1972, arrebatando cinco Tony Awards – premiação mais importante do teatro nos Estados Unidos. Em um bate-papo com o Observatório da Televisão, Totia conversou sobre a produção que está de volta ao Brasil após 44 anos, e conta com um elenco de 19 atores e oito músicos em cena. Confira:

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Como foi a preparação para a personagem?

“Quando o Charles e o Claudio me chamaram, eu falei: ‘meu Deus do céu, e agora? ’ Eu não dançava há muito tempo e tive que voltar a fazer aula de balé. Fiz clássico, jazz. As coreografias são muito difíceis porque são cheias de detalhes. Precisa estar com o domínio do corpo muito em cima. Voltei a fazer aula de dança e canto porque esse espetáculo todo exige muito no palco. Eu fiquei feliz de poder voltar e de poder fazer tudo que eu sempre amei, que era dançar e cantar. Nos últimos espetáculos que eu fiz sempre tinha uma marcação. E agora aqui é coreografia. Então eu estou muito feliz de poder juntar, realmente, o teatro musical que gosto de fazer”.

Preparação corporal

O musical fez você buscar por uma preparação corporal?

“Sempre faz. Dança, música é tudo isso. Aí tem que emagrecer, tem que estar com tudo em cima para poder executar. O palco é uma vitrine. Você tem que estar bem para mostrar o bonito. É difícil, mas muito prazeroso”.

Desafios

Quais foram os desafios da sua personagem?

“Eu ligo o espetáculo inteiro, vou costurando. Se eu começo mal o espetáculo, até andar na linha demora. Eu tenho que estar muito focada assim que começa o espetáculo porque eu carrego ele todo. O Pippin (Felipe de Carolis) também, mas em um número e outro, eu que chamo os atores para a cena. Ao mesmo tempo, eu saio desse personagem de apresentador para ser a dona da trupe e dou bronca em todo mundo. Com a trupe ela é meio má, mas com o público é supersimpática”.

É uma personagem cheia de nuances. Acho que isso foi o mais difícil de trabalhar nela. Em cada cena ela pede um tipo de MC (Mestre de Cerimônias). Eu ainda estou achando. O público vai dar muito isso para a gente também. Estamos querendo logo que a casa fique cheia para saber qual é a reação do público. E dependendo da reação, vamos mudando e acrescentando.

Totia Meireles
Totia Meireles Reprodução Instagram

Valorização do teatro

O espetáculo tem uma equipe grande em cena e nos bastidores. Qual a importância de participar de uma produção como essa em um país que não valoriza o teatro?

Na verdade, o musical é sempre grandioso. Para ser bem feito tem que ter música, dança, luz, figurinos. O musical exige mais coisa do que simplesmente uma peça, a dramaturgia em si. Por isso são poucos os musicais no Rio. Em São Paulo tem muitos, com muito mais dinheiro. É grana e patrocinador para conseguirmos levantar tudo isso porque é muito caro. E o espetáculo não se paga. A bilheteria, mesmo se lotarmos, não vai pagar o custo. São oito ou nove músicos, mais os atores. Tem dois canhoneiros, camareiras para trocar as roupas de todo mundo. É um trupe muito grande.

O Bradesco está de parabéns porque tem patrocinado vários espetáculos musicais. É uma grana puxada. Graças a Deus que a gente conseguiu apresentar aqui no Rio. Porque o Rio também está tão caótico, tudo é em São Paulo. Eu fico muito feliz de a gente ter conseguido estrear esse espetáculo no Rio.

Releituras

A maioria dos musicais no Brasil fazem uma releitura de obras estrangeiras, não apresentam histórias nacionais. O que você acha disso?

Eu acho que é indiferente. Nós temos tradição de novela. Os Estados Unidos e Londres têm de musical. Qual é o problema pegar o bom? O Bom tem que ser feito, e nós fazemos. Já tiveram vários musicais incríveis brasileiros.Não depende de onde for, de onde nasceu. Não importa! Tem que ser um bom produto. O produto final é o que importa. E hoje em dia é tudo mundial, globalizado. O que fala para lá, fala para cá também. A gente adapta, fala a nossa linguagem.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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