Dora Freind revela semelhanças com a Bárbara de Malhação: “Tenho uma autoestima e confiança bem legal”

Publicado em 13/08/2018

Após fazer sucesso como a prima “gente boa” de Úrsula, Bárbara está de volta em Malhação: Vidas Brasileiras. Agora, a personagem de Dora Freind tem sua própria história e está pronta para incentivar muitas meninas a serem autoconfiantes.

Em conversa com o Observatório da Televisão, a atriz falou sobre o seu crescimento na novela teen, autoestima e sobre o carinho do público. “Eu acho que sou bem parecida com a Bárbara”, também confessou. Confira:

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Como está a repercussão do seu trabalho em Malhação?

Está sendo muito legal. Eu estou voltando agora, depois de um período. A personagem entrou, daí teve uma repercussão super legal, que foi para fazer a história da Úrsula. Uma história super feminista, de empoderamento. E agora a personagem está voltando, só que em uma nova perspectiva. Já está com um par romântico. Está sendo super legal, estou adorando fazer.

A Bárbara e a Úrsula (Guilhermina Libanio) têm uma amizade muito forte. Você tem uma relação assim com alguém na vida real?

Sim, meus amigos são tudo. Eu acho que o que é muito legal dessas duas primas, que são tão amigas, é como elas realmente se ajudam. Uma ajuda a outra a se amar mais, a viver aventurar juntas. E eu acho que tenho bastante isso na minha vida com os meus amigos. É uma coisa muito especial para mim.

Dora Freind fala sobre feminismo na trama de Malhação

A Bárbara traz em sua composição temas como feminismo e gordofobia. Como é para você falar sobre essas questões?

A personagem tem um discurso muito importante de questionar: por que a gente tem que ter um padrãozinho? Ela fala muito sobre isso. E com isso ela ajuda também a prima a começar a se perguntar sobre essas coisas.

Porque quando a gente ganha autoconfiança, mostra que pode ser bonita, que acredita que é bonita, a gente faz o outro achar isso também. Então eu acho que tem muito a ver com autoconfiança e para combater mesmo a gordofobia.

Você recebeu relatos de pessoas que se sentiram ajudadas pela sua personagem?

Eu recebi muitas mensagens de muitas meninas. Acho que o público que a gente mais ajudou foi o feminino, que falava da importância de ter representatividade na televisão. Delas (as meninas) se verem ali e não ver a TV como um mundo perfeito, de pessoas perfeitas que elas nunca vão poder ser, mas delas verem as questões delas.

Eu acho que a gente ajudou as pessoas humanas que têm defeitos, medos, inseguranças. Eu e a minha personagem ajudamos muito as mulheres que estavam precisando de autoconfiança, que tinham questões com a autoestima.

Carreira

Você sempre quis ser atriz?

Sempre! Eu estudo desde muito nova. Comecei a fazer teatro com 10 anos no Tablado. Hoje em dia, eu faço faculdade de Teatro. Aos 15 também comecei a fazer curso profissionalizante. Eu nunca tive outra opção, sempre foi isso. Minha família sempre apoiou também. Então para mim sempre foi muito claro que era isso que iria seguir como profissão.

Como surgiu o romance da Bárbara com o Leandro, personagem do Dhonata Augusto?

Esse par romântico foi um presente. Primeiro que trocar com o Dhon, em cena, é maravilhoso. Eu acho que a gente tem uma troca muito legal. Ele é um ator muito concentrado e estudado. A gente sempre debate nossos textos. E o Leandro também. Acho que ele tem tudo a ver com a Bárbara.

São dois personagens super alto-astral, super pra cima. A dança é uma coisa corporal que eles têm muito forte. Acho que a dança é um movimento de expressão e de liberdade muito grande. E eu acho que essa menina (a Bárbara) é muito liberta. E o Leandro também traz muito, eles trocam muito essa liberdade na dança.

Romance com Leandro

Apaixonado pela professora Leonor (Bianca Rinaldi), Leandro ouviu da própria moça que deveria investir no romance com a Bárbara. Como foi esse momento?

Realmente, era importante para ele mudar o foco. E eu acho que a própria professora entendeu isso, entendeu que ela já está em uma outra fase, em uma outra idade. Que apesar dele ser um cara muito interessante, ele está em um outro momento. E eu acho que ele tem que investir nisso mesmo.

Como a Dora Freind lida com a vida amorosa?

Eu acho que sou bem parecida com a Bárbara. Tenho muita atitude, quando quero chamo para sair. Tomo coragem e vou atrás do que eu quero. É uma construção diária o empoderamento. Tem dias que a gente se questiona, que a gente se olha no espelho e fala: ‘caramba, será? ’. Mas sim, eu acho que tenho uma autoestima e confiança bem legal.

Você acha que os homens estão preparados para mulheres assim?

A gente está começando a prepará-los. Eu acho que uns já estão e outros se assustam. Estamos há um tempo numa onda feminista em que a gente está começando a falar: ‘olha, se vocês não estiverem preparados, sinto muito. Porque vamos atacar, arrombar portas, falar tudo que queremos. Vamos usar nossos batons vermelhos, nossas roupas decotadas. A gente vai chegar em quem a gente quer’. Então assim, eu acho que eles estão tendo que na marra aceitar isso e ver que é um momento nosso.

Reações do público

Como você recebe os depoimentos de superação das meninas que acompanham sua personagem?

Eu acho que isso volta para mim sempre num lugar de consciência, de que tudo que estou fazendo alcança muita gente, traz muitas consequências e reflexões. Com certeza me dá muita autoconfiança.

Você teve contato com esses depoimentos pessoalmente nas ruas?

Sim. Vieram muitas meninas até para desabafar, falar: ‘eu não estou conseguindo me amar desse jeito que a Bárbara faz. Como eu faço? Por favor me ajuda! ’. E eu gostei muito de conversar com essas meninas porque eu falo: ‘tenha paciência consigo mesma’. Realmente, não é de um dia para o outro.

E tem coisas que a gente pode fazer que são estratégias mesmo para a gente se amar mais. Às vezes é fazer um ensaio fotográfico, entrar em uma dança, viajar, fazer um mochilão sozinha, comprar uma roupa que se sente bem. Eu acho que podemos usar coisas concretas para fazer com que a gente se ame mais. Não é só uma coisa de intuitiva, de se olhar no espelho e amanhã passar a se gostar.

Autoestima

A sua aceitação e autoestima foram cultivadas em casa?

Meus pais sempre foram muito de me apoiar. Sempre me ensinaram, sim, que eu era linda do jeito que sou. Teve momentos em que eu já me preocupei com dieta. E normal, eles me apoiavam. Eles sempre estiveram muito junto comigo. Com certeza veio de casa isso e do colégio, do meu ciclo social. Isso tudo foi muito importante.

O crescimento da Bárbara em Malhação tem a ver com a sua entrega na história da Úrsula?

Tem a ver com tudo. Eu acho que tem a ver, claro, com o que eu ofereci. Acho que tem a ver com o texto, que foi um presente para mim, muito amável. Acho que tem a ver com a minha química com a Guilhermina em cena. Acho que tudo conspira.

É uma trama aberta e o que funciona volta. Voltar foi de uma satisfação absurda porque eu sei que é fruto do meu trabalho. Mas eu também acho que é fruto do trabalho da Guilhermina, da autora, da direção, maquiagem, figurino, de tudo. Tudo no elenco conspira para dar certo.

Trabalho com Guilhermina Libanio

Você já conhecia a Guilhermina antes de iniciar as gravações?

Na verdade, a gente se conheceu nos testes. Quando estava rolando os workshops de testes a gente se conheceu. Fora daqui eu não conhecia ela, e foi maravilhoso. Realmente, foi uma construção muito legal que criamos juntas. Ter a Guilhermina eu acho que fez toda a diferença para o meu trabalho.

A amizade de vocês duas vai além dos estúdios?

Com certeza! A gente vive muita coisa aqui que não tem como achar que é só do trabalho. Eu acho que as coisas se misturam, no bom sentido, porque é muita convivência, muito trabalho. Na época da quinzena da Úrsula, teve um dia que o estúdio foi só meu e da Gui. Nós duas gravamos 18 cenas seguidas, juntas.

Então, se não tivéssemos uma a outra, se não tivéssemos construído essa intimidade que foi muito genuína, eu acho que nada disso teria acontecido.

Amiga

Você é uma amiga parceira e presente como a sua personagem?

Sim, eu sou exatamente assim. Inclusive, eu sou uma pessoa que durante a noite deixo meu celular com a campainha ligada, porque se algum amigo precisar ligar de madrugada, eu acordo. Eu sou a pessoa que mais dá conselhos dos meus amigos, mando áudios de vários minutos. Agora, uma coisa que tenho de diferente da Bárbara é que eu não atropelo tanto a decisão dos meus amigos.

Como por exemplo, a Bárbara fez no desfile e decide revelar quem é a gostosa misteriosa. Isso eu não tenho tanto, mas tenho vontade. Já rolou de amigas que precisavam terminar um relacionamento, que eu achava que estava péssimo, mas não queriam e eu falava: ‘você vai terminar. Eu vou terminar por você’. Eu quase fazia o que a Bárbara fazia com a Úrsula, mas me controlava. Eu falava: ‘calma, não é a sua vida. Respira. Você não pode invadir o espaço do outro’.

Família

Como sua família está reagindo a sua participação em Malhação?

É uma profissão muito instável e é muito bom quando está dando certo, quando a gente está podendo trabalhar. Eles ficaram muito felizes, estão sempre assistindo, apoiam muito. E eu estudo para isso. É muito bom a gente estudar e ter uma oportunidade para poder botar o nosso estudo na prática. Está sendo maravilhosa a repercussão, a resposta da galera. Se assistir em casa é uma delícia. Eu estou amando.

O público está te reconhecendo nas ruas?

Depende muito do lugar e do momento. Tem vezes que em uma semana ninguém me reconhece. Mas, por exemplo, teve um dia em que eu fui no museu e uma menina começou a chorar, me reconheceu. Aí outras duas, no mesmo museu, me reconheceram. Na praia também. Depende muito.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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