Raphael Vianna comenta caráter do seu personagem em O Tempo Não Para: “Ele é correto”

Publicado em 19/07/2018

Raphael Vianna está em O Tempo Não Para, nova novela das 19h da Globo, que conta a história de uma família que congela após um náufrago na região da Patagônia em 1886. Passados mais de 130 anos, o grupo será levado às águas do mar do Guarujá, em São Paulo, por um imenso bloco de gelo, causando curiosidade na moderna população do século XXI.

O médico e Capitão-Tenente da Fragata da Marinha, Mateus Gonzaga, será um dos responsáveis pelo resgate e ficará preocupado com o destino dos “congelados”, que serão levados ao laboratório especializado em criogenia, estudos de baixas temperaturas, da cientista Petra (Eva Wilma).

Em entrevista ao Observatório da Televisão, Raphael, intérprete do atencioso Mateus Gonzaga, contou detalhes sobre a trama escrita por Mario Teixeira.  O ator também falou sobre o romance que seu personagem terá com a Comandante Waleska (Carol Castro). Confira:

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Personagem

Fala um pouquinho sobre o seu personagem em O Tempo Não Para.

O personagem é o Capitão-Tenente da Marinha, o Mateus Gonzaga. Ele é um médico e vai ter uma missão logo no início da trama, que é sobre essa questão da criogenia. Quando o fragmento de iceberg chega na costa, ele recebe o chamado e vai para a operação que acaba tendo todo um desdobramento ao longo da trama. Os congelados chegam na costa e tem todo um processo a partir daí.

Construção do personagem

Você conversou com algum militar durante o processo de construção do personagem? Você chegou a servir ao Exército Brasileiro?

Não, eu não servi. Eu tenho um alto grau de miopia, seis graus. Então eu fui dispensado. Eu tenho no meu prédio um grande amigo, de longa data inclusive, que é médico da Marinha, por coincidência. A produção da novela também disponibilizou para a gente um Capitão-Tenente da Marinha também. E tem outras pessoas que eu também acionei e que, por coincidência, foram da Marinha, estão atuando ou estão na reserva, e que me ajudaram bastante com esse personagem. Um personagem militar tem o cumprimento, a postura, uma série de coisas para sintonizar. Tem a coisa do corpo do militar, a hierarquia, para quem presta continência e quando presta, quando está com o quepe e quando não está.

Tem uma série de regulamentos que quando você faz parte de uma corporação como essa passa a adotar. Eu tive que aprender tudo isso para saber me posicionar dentro dos cenários que vamos passar, percorrer. E eles deram uma grande ajuda para a gente com esse suporte técnico. A gente teve um workshop que foi muito bom e proveitoso porque tínhamos o texto. Então já tínhamos a cena para poder jogar com o colega e começar a descobrir esses personagens. Estou trabalhando com uma equipe que eu já trabalhei em outras novelas.

Parceria com Carol Castro

Eu tenho como parceira de cena a minha Comandante, a Waleska Tibério, que é o personagem da Carol Castro. A gente já fez Amor Eterno Amor, é uma pessoa que eu já trabalhei. A gente bate uma bola superbacana e agora eu tenho certeza que não vai ser diferente. E tem também a sorte, o privilégio de estar contracenando com dona Eva Wilma (Petra). Eu venho dando uma sorte danada. Cada hora trabalho com pessoas jovens e com alguém mais velho, que tem uma trajetória que eu muito admiro e tenho respeito. A dona Eva tem, realmente, uma carreira que é muito brilhante. Quando eu soube que teria várias cenas na Criotec, que é a empresa que ela cuida, fiquei bem feliz.

Raphael Vianna comenta mudança no visual

Para O Tempo Não Para você mudou bastante o visual, né? Está bem diferente do Laerte do O Outro Lado do Paraíso.

De fato, eu mudei muito o visual. Emagreci bastante. Ano passado, eu fiz dois filmes em São Paulo e ganhei peso para fazer esse personagem, que era um personagem mais velho também. Eu fazia um personagem que começava num arco de 30 anos até o 42. E quando a Bruna me chamou para fazer O Outro Lado do Paraíso, eu já tinha perdido um peso e estava para perder mais. Daí ela falou: ‘o personagem é um segurança de um bordel no interior de Tocantins’. Então eu pensei que fazia sentido um personagem um pouco mais velho do que imprimo normalmente.

O cabelo já estava crescendo, deixei a barba crescer e ganhei mais peso para esse cara ser mais pesado, não ficar com uma forma tão saudável. Ficar com o que, na minha cabeça, seria um segurança no interior do Tocantins, por tudo que eu pesquisei e estudei, por onde eu já caminhei pelo Brasil. E foi assim que eu fiz o Laerte, um cara pesado, com a barba grande e tal.

Quando terminou (O Outro Lado do Paraíso), eu comecei o trabalho de voltar a fazer mais atividades e com mais tempo. Quando eu soube que faria um Capitão-Tenente da Marinha falei: ‘faz muito sentido fazer ele um cara mais longilíneo’.

Relacionamento amoroso na trama

Você tem noção de quantos quilos perdeu para fazer o Mateus? Foi difícil eliminá-los?

Eu perdi bastante, uns 15kg. Não, não foi difícil porque com o tempo fica fácil. Comecei a comer direitinho, a comer mais leve. Bastante atividade física também. Eu faço musculação, treino de boxe uma vez por semana e corro. Eu fiquei durante muito tempo tratamento o meu joelho e agora que está bom, eu acho que vou até voltar a correr em algumas provas de vez em quando. Eu já corri meia maratona e é bacana.

O seu personagem terá um relacionamento amoroso na trama?

Com a minha superior, a minha Comandante Waleska Tibério. Ele vai se ver apaixonado por ela dentro dessa relação de trabalho. Hierarquicamente, ela é dois postos acima.

Retorno à Globo

Esse romance vai enfrentar dificuldades pelo fato dos dois serem da Marinha?

A gente tem isso na cabeça, principalmente o militar. A gente dá um peso maior como se dentro desse universo fosse algo mais de repreensão. Pelo o que eu conversei com todo mundo, hoje em dia não. Talvez, isso seja uma coisa que a gente tenha guardada de anos atrás. Acho que em toda empresa há dez, doze anos, isso era muito mais duro. Hoje em dia, tem uma política dentro da empresa de flexibilizar um pouco mais.

Eu conversei com um dos militares que estão nos auxiliando e perguntei como seria se isso acontecesse de fato. Ele falou que já viu isso acontecer e que, normalmente, acabam separando as jurisdições. Cada um vai trabalhar em um local para não haver nenhum facilitador, mas não é proibido.

Como você está analisando o seu retorno à Globo desde o Laerte?

Eu gostei bastante. O Laerte foi um personagem que me surpreendeu muito, porque eu entrei para fazer uma coisa e acabou tomando uma outra proporção. Foi muito bacana contracenar com a Glória (Pires) e toda a trajetória que o personagem teve na trama. A morte dele para mim foi uma cena (forte). O texto que a gente tinha para trabalhar, uma grande cena com a Marieta (Severo) e foi quando começava as tesouradas.

Cena de assassinato em O Outro Lado do Paraíso

Por falar nessa cena, a Marieta Severo já falou que no dia da gravação o clima estava bem pesado, né?

Eu não gosto de falar sobre coisas que fiz, preciso que outras pessoas falem. Mas foi muito bacana! Nesse dia de gravação, a gente chegou, passou o texto e entendemos a profundidade que tinha ali. O clima que tinha, a disputa, essas energias pesadas. A gente fez uma primeira passada. Na segunda passada fomos para um outro lugar e na terceira fomos para um outro lugar. E tudo isso estudando como íamos resolver essa coisa dela me dar a tesourada. Porque, teoricamente, para ela conseguir dar uma tesourada num cara daquele tamanho, só num momento de muito descuido dele. Então, a gente teve que criar esse quebra-cabeça. E, de fato, a Marieta ficou bem tensa com essa coisa da tesoura.

Personagem ético

O Mateus é um cara muito ético. Ao longo da trama, ele e a Waleska terão alguns embates por conta dessa caraterística?

Quando eu fui começar a pesquisa do personagem lá no início de tudo, eu sabia que era Capitão-Tenente Mateus Gonzaga. E eu fui pesquisar os nomes, tanto Mateus quanto Gonzaga. A gente que trabalha com televisão há muito tempo, vemos que sempre tem alguns nomes que se repetem em histórias. E os nomes não são à toa. Eu acho que quando um autor escolhe um nome para o personagem tem ‘m’ possibilidades, às vezes quer homenagear alguém. Nos estudos, eu vi que o Gonzaga é um sobrenome super ligado a ética, a seriedade. Aí eu falei: ‘caramba, o autor já está me dando um caminho. Vamos ver isso’. E quando eu peguei a história, vi que era bem nesse caminho.

Sempre que Waleska faz qualquer movimento que pode ser questionado, ele fala. É uma relação delicada porque ele tem que tomar um cuidado para não se colocar de uma forma superior a ela. De fato, nesse ambiente militar a hierarquia é algo muito forte. Você não vai contra o seu superior. Você pode até ir, se isentar e abrir uma espécie de delação do seu superior, mas isso é para situações mais extremas. Mas ele está sempre ali. O que ela fizer que não for o mais correto, claro e transparente, ele vai estar falando e se colocando. Ela quer agir e, às vezes, vai para um caminho que quase beira um abuso de poder.

Descoberta da paixão entre personagens

Quem vai descobrir primeiro essa paixão: Waleska ou Mateus?

Ele se descobre apaixonado primeiro do que ela. Vamos dizer que sim (risos). É difícil dizer: eu apaixonei primeiro ou foi você? Na vida, não é (fácil)! Mas, pela história, é ele quem tem a primeira atitude de se declarar para ela. E é boa essa cena.

Você falou que não serviu ao Exército. Mas você tinha esse desejo?

Eu não tive vontade de servir. Comecei a fazer teatro com 15 anos e quando chegou a época dos 17 para prestar vestibular, eu já sabia que queria fazer faculdade de Artes Cênicas. Então parar tudo aquilo que eu já tinha conquistado naqueles dois primeiros anos, que já era muito coisa porque fui fazer um espetáculo atrás do outro, ia demorar. E como meu grau de miopia é muito alto, eu tenho 6,25 de miopia, fui dispensado. Na época, eu estava até viajando com espetáculo e fazendo colégio, tudo ao mesmo tempo.

Educação militar

Você se adaptaria a uma educação militar?

Eu tenho uma característica que é de adaptar as coisas. Isso é impressionante. Eu posso mudar a minha realidade, posso ir para um outro lugar que eu vou me adaptar muito fácil. Eu amo as viagens que a gente faz no início de processo, por exemplo, porque eu vivo aquela realidade. Eu tive a oportunidade de ficar um mês gravando em vários lugares no início das novelas e isso sempre foi muito bom porque eu me adapto ao lugar.

Outro dia, eu estava lembrando que já dancei e toquei lundu, já fui para a Ilha de Marajó. Achei uma foto em que eu entrei disfarçado de integrante de uma banda de lundu, eu nem lembrava disso. Eu peguei o figurino deles, coloquei um chapéu e entrei como se fosse do grupo e me apresentando. Eu e o Andrezinho Gonçalves, a gente se apresentando na Ilha de Marajó.

Eu tive que mudar minha rotina para caramba nessa pré do personagem. Todos os dias eu ia treinar, há uma disciplina. Os hábitos alimentares têm que mudar. Eu tenho essa característica de me adaptar.

Quando o Mateus repreende a Waleska é somente pela questão ética ou é por paixão?

Eu acho que é porque ele é correto. Tem essa coisa da pessoa correta e depois começa essa outra preocupação. Não só por isso, mas por ele gostar e não querer que ela se prejudique.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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