“O Bloqueio está muito ligado ao estilo”, revela Carlinhos Brown sobre nova regra do The Voice Brasil

Publicado em 11/07/2018

A nova temporada de The Voice Brasil está prestes a estrear na tela da Globo. A partir do dia 17 de julho, o público matará a saudade dos técnicos Ivete Sangalo, Michel Teló, Lulu Santos e Carlinhos Brown. O programa este ano trará algumas novidades, entre elas o botão de bloqueio.

Trata-se de um botão que dará o poder a um técnico de impedir que outro técnico tenha em seu time determinado candidato, e Carlinhos Brown em conversa com o Observatório da Televisão comentou sobre o novo recurso. Experiente o cantor ressaltou sobre a disputa acirrada pelo melhor candidato, e sobre a indústria da música no Brasil. Confira:

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Qual o maior desafio de participar de um programa assim. Como vocês treinam para estar lá?

“Desafio é desafiar a si próprio. Quando você está diante de colegas cantores, e esses colegas têm a capacidade de superar a sua capacidade de atuação é um desafio. Ali tem cantores melhores que a gente [técnicos], e isso é um desafio. Como vou tecer uma opinião em algo que estou vendo que me supera? Então buscamos em nossos defeitos algo para nos surpreender. Esse é o grande desafio.”

Carlinhos Brown opina sobre o botão de bloqueio

A grande novidade da temporada é o botão de bloqueio. O que vai mudar no programa?

“É uma estratégia. O bloqueio está muito ligado ao estilo. Por exemplo, se chegar uma pessoa boa cantando sertanejo, é muito possível que ela esteja no time do Michel Teló devido ao estilo, e aí pode ser usado o bloqueio. Isso muda o jogo. Todo mundo quer um candidato bom, por mais que entre nós não exista essa disputa de qual de nós vai ganhar.”

Nem sempre as pessoas que ganham o programa se transformam em estrelas, e fazem um sucesso meteórico. Qual a expectativa dos novos candidatos quanto a isso?

“A expectativa é muito pessoal. O coletivo relata outra coisa. Ele publicita o talento. Apresenta o talento e busca dentro de uma capacidade técnica o aprimorar. Os produtores que deram mais resultado na música popular brasileira estão aqui dentro do programa como Torcuato Mariano e Sussekind. Então vamos dizer que hoje há uma coerência e o entendimento que não é o The Voice que faz estrelas, e sim a comunicação. O The Voice expõe, mas quando eles saem, eles sentem essa braço da comunicação, que continua com eles.”

Talento é uma coisa e fama é outra?

“Com certeza. Hoje eu tenho mais segurança do meu talento, e dos views que não me viram.”

Brown antes e depois do The Voice

Como público a gente percebe que existe um Brown antes e depois da franquia The Voice…

“Posso ser diferente para quem me vê agora, mas sempre fui dessa forma. Já enfrentei momentos de ser um Brown editado à partir da visão do outro. Muita gente me via como uma cara louco, e até drogado, porque foi a imagem que ficou de um cantor brasileiro, negro, rastafári de que ele estava sempre fora dos padrões. Nem considero isso preconceito, mas uma ignorância real. Sempre me calquei no que eu tinha confiança, minha forma de escrever,  naquilo o que eu queria, e na minha forma de escrever. Sempre fui muito seguro, e por isso sempre me desafiei, e continuo me desafiando. Minha melodia hoje escorre por tintas, e irei fazer uma exposição em Madri. Sempre tive segurança em quem me enxerga.

Eu entrei no The Voice como alguém que falava muito, que perdia tempo e talvez estava inatingível a compreensão do que eu me propunha a dizer. E quando entrei, me propus a não ser igual a figuras que eu via em programas de televisão, e talvez pudesse tecer um comentário positivo para aquele que vinha se apresentar. Eu achava mais do mesmo, calouros se apresentando e alguém numa bancada gerar comentários derrotistas, sempre achei chato porque considero que todos aqueles que se expõe, o fazem pela necessidade, e tive a oportunidade de mostrar o que faço há 35 anos. Quando diziam que a Timbalada estava caindo, criamos o movimento do Axé Music, com Luiz Caldas e foi algo que trouxe Ivete, trouxe Claudia e reafricanizou a América Latina.”

Minorias no The Voice

Nesse sentido você acha que o The Voice abre portas para as minorias?

“Ele não apenas abre portas para as minorias mas há uma ação de coesão familiar. As famílias sempre se reúnem para assistir a esse programa. Não é piegas o que vou dizer, mas vozes e músicas curam, da mesma forma que um texto bem feito. Um texto bem feito pode levar à embriaguez, ou a beijar alguém, então esse programa tem um direcionamento à família que está esperando essas mensagens.”

Como é o seu coração de artista e pai, a Francisco que está se lançando na música?

“Ótimo. Vamos dizer de pai, porque todo artista descobre seu próprio caminho. Como pai, busquei prepará-lo melhor. Eu não estudei uma escala durante minha vida, tive que aprender de ouvido. Meu filho, já é melhor preparado porque ele foi em escolas para isso. Deus me fez vindouro porque tenho outros filhos de muita capacidade e talento.”

O que você pensa sobre a indústria fonográfica estar agindo só de forma mercadológica?

“A indústria somos nós, e está a todo vapor. Quem está perdido é o mercado, ele que se encontre. A música perdeu muito porque se embrenhou na visão jinglista. A música está vendendo sem que o dono do produto peça.”

Experiência na atração

Como é para você estar no programa 

“Eu não vejo como representatividade, talvez a ação de um personagem como o meu, como exemplo. Exemplo só é feito com responsabilidade, e isso vai para fora do programa. Ali eu posso ser editado e parecer legal, a verdade é como eu me comporto. Nesse momento sou um artista analógico, e quero continuar sendo assim, sendo uma realidade. Não tenho esses milhões de seguidores, mas tenho pessoas assíduas, que consomem mesmo, que respeitam e têm opiniões sinceras, que fazem crescer. Nem todos os views conseguem nos ver.”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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