“Fico feliz quando sou reconhecido por garotos que trabalham nos sinais”, diz Pedro Maya, de Malhação

Publicado em 25/06/2018

No ar em Malhação – Vidas Brasileiras (Globo), o carioca Pedro Maya, 22, diz que a maior recompensa de seu trabalho na novela teen é quando os jovens que trabalham nos sinais o reconhecem. “Se eles estão gostando, 80% do meu trabalho já está valendo”, afirma o ator, em entrevista exclusiva ao Observatório da Televisão.

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Na trama, Pedro Maya interpreta Garoto, um jovem morador de rua que conheceu a professora Gabriela (Camila Morgado) durante um arrastão do qual participava. O adolescente saiu de casa porque começou a apanhar diariamente do pai, após a morte da mãe.

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Apoiado e incentivado pela professora, mudou de vida, fez novos amigos e está construindo laços familiares com Tito (Tom Karabachian) e seu avô Heitor (Luis Gustavo), que quer adotá-lo. Garoto se torna, inclusive, cantor de funk. Mas a chegada de Aloísio (Babu Santana), seu pai biológico, vai mexer com os planos do jovem.

Pedro Maya, que já havia atuado em Malhação, fala também sobre o retorno à novela após oito anos: “Amadureci muito. […] Acho que não se compara porque são dois momentos diferentes da vida. Eu dei o que eu podia dar em 2010 e dou o que posso dar de mim agora, com muito carinho e empenho sempre”.

Confira a entrevista na íntegra:

Garoto passou de morador de rua a estudante de um bom colégio e agora vai virar um MC de sucesso. Você acredita em sorte, destino, essas coisas, Pedro Maya?

Pergunta difícil. Eu acredito sim, mas acho que temos que tomar cuidado com o discurso de sorte, porque ele sempre envolve as pessoas que já alcançaram o sucesso. E as pessoas que não tiveram, né? O Garoto teve uma estrutura, ainda que pouca, e quando surgiu a oportunidade ele pode agarrar. Ele estava preparado. Mas a gente não pode pensar no discurso meritocrático e tal, porque nem todas as pessoas têm acesso a essa estrutura de conhecimento. Então eu acredito, mas com muitas ressalvas. Depende bastante.

O encontro de Garoto com a professora Gabriela foi especial e mudou a vida dele. Me conta sobre algum encontro de vida seu, que você guarde com muito carinho?

Eu tenho muitos. Pode parecer meio clichê, mas o encontro com a minha mãe eu posso dizer que foi muito especial. Ela já faleceu e depois disso tudo eu me tornei uma pessoa muito mais consciente e pude ver a importância da passagem dela na minha vida, inclusive para meu crescimento pessoal e artístico. É mãe, né? Mas eu acho que ela foi uma pessoa muito incentivadora e isso foi muito especial.

Seu personagem tem muitas pessoas que o amam e incentivam a investir em seu talento. O apoio da família e de pessoas queridas é essencial na vida de um artista?

Com certeza. Sou uma pessoa muito privilegiada quanto a isso. Minha mãe quando era viva me apoiava e meu pai, que é ator, me apoia e me ajuda. É um diferencial. Tem gente que sofre muito preconceito da família né, porque existem esses pré conceitos de que artista é vagabundo, que só faz sucesso quando está na televisão… Acho muito necessário o artista ter pessoas que o apoiam.

Você já tinha familiaridade com o universo do funk?

Não. Sou jovem, vou em baladas, então é impossível dizer que não escuto. Mas minha vertente mesmo é o samba e a música popular brasileira.

Em algum momento o Garoto vai se deslumbrar com a fama? O deslumbre é uma armadilha, não é?

Acredito que o deslumbre seja uma armadilha sim. É tudo muito efêmero, ainda mais no mundo que a gente vive hoje. Tudo viraliza muito rápido e se esquece muito rápido. Eu creio que o Garoto não vá se deslumbrar com a fama. Ele não é assim. Ele é um menino carente que está andando um passo de cada vez, com os pés bem no chão. Ele já viu muitas coisas

Quais foram as suas influências e inspirações para compor o Garoto?

O Garoto é um personagem de muitas identidades. Ele representa uma classe, uma cor, que é a negra, e é marginalizado. Eu tentei buscar referências no meu cotidiano e de amigos próximos, além de coisas que vejo nas ruas.

Garoto e o pai tiveram um reencontro. Será que vai rolar uma reconciliação? Aloísio merece conseguir reconquistar o filho, na sua opinião?

Não posso falar muito porque seria spoiler. Fica a dúvida no ar: o pai gosta do Garoto ou está atrás dele porque ele está fazendo sucesso?

Sua primeira aparição na TV foi em Malhação, e agora, oito anos depois, você está de volta na novela. Consegue fazer uma comparação daquela época para cá? Sente que amadureceu?

Com certeza. Amadureci muito. Evoluí muito como ser humano e pude começar a evoluir como artista. Acho que não se compara porque são dois momentos diferentes da vida. Eu dei o que eu podia dar em 2010 e dou o que posso dar de mim agora, com muito carinho e empenho sempre.

A repercussão do personagem Garoto, vivido por Pedro Maya, nas ruas

As pessoas comentam e eu fico muito feliz quando os próprios garotos que trabalham nos sinais me reconhecem. Eu tenho uma prática que é perguntar o nome deles para tentar buscar essa identidade. Eles são pessoas como o Garoto, sem identidade e que são marginalizadas. Quando eles falam comigo e dizem que se sentem representados por mim, me sinto super feliz. Se eles estão gostando, 80% do meu trabalho já está valendo.

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