“Eu não entendi ainda a alma dele”, afirma Caco Ciocler sobre o indecifrável Edgar de Segundo Sol

Publicado em 29/04/2018

Caco Ciocler está pronto para apresentar ao público Edgar, seu personagem na nova trama das 21h da Globo, Segundo Sol, com estreia prevista para 14 de maio. Escrito por João Emanuel Carneiro, direção artística de Dennis Carvalho e direção geral de Maria de Médicis, o folhetim é ambientado na Bahia, com cenas gravadas entre Salvador e a fictícia Boiporã. E é transitando nesses cenários que Edgar aparece.

Filho de um grande oligarca baiano, o rapaz nunca mexeu um músculo para o trabalho, cresceu cheio de mordomias e fazendo sucesso entre a mulherada. Com um caráter duvidoso, Edgar é um marido infiel, pai de uma filha adotiva e apreciador da música clássica. Ainda aprendendo a lidar com as várias características do personagem, Caco Ciocler conversou com o Observatório da Televisão e afirmou: “São contradições muito malucas”.

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O ator também comentou sobre o laço que une Edgar e Roberval, interpretado por Fabrício Boliveira. “Descobrimos que somos irmãos. Crescemos juntos na mesma casa, mas ele como filho da empregada, depois virou motorista da casa”. Confira!

Como será o personagem?

“Eu faço o Edgar, ele é filho de um grande oligarca baiano, um grande empresário, então ele é um cara muito bem de vida. É um dos personagens mais difíceis que eu já fiz na minha vida, ele tem contradições aparentemente ‘injuntáveis’, então eu tenho que rebolar para juntar essas características aparentemente opostas. Ele é um cara que nunca trabalhou, mimado, extremamente rico, fraco de caráter, ao mesmo tempo muito sensível, estuda música clássica, super carinhoso com a filha que ele adotou, apaixonado pela mulher, mas trai a mulher. Ele recebe da família uma impressão de que não serve para nada, o tempo inteiro ele é chamado de ‘banana’, mas ele faz sucesso com as mulheres. Então, são contradições muito malucas. Eu não entendi ainda a alma dele, mas as novelas do João são assim, são legais por isso, os personagens não são chapados.”

No decorrer da trama, o seu personagem vai ter uma segunda chance? Ele vai abandonar algumas características vistas como ruins?

“Eu acredito que sim. Ele tem uma história muito bonita com o personagem do Fabrício Boliveira (Roberval), descobrimos que somos irmãos. Crescemos juntos na mesma casa, mas ele como filho da empregada, depois virou motorista da casa. Então, a gente tem várias reviravoltas.”

O Edgar e o Roberval irão se envolver com a personagem da Fabíula Nascimento, a Cacau, né?

“É! A gente vai disputar até o amor do pai, o amor da mãe, direito à herança, direitos aos anos que foram roubados dele. É uma história muito bonita.”

Você já falou que o Edgar tem uma filha adotada, mas tem alguma chance de o personagem ter um filho legítimo?

“Tem! Depois que ele adota uma filha, a mulher consegue engravidar finalmente e ele tem uma filha legítima.”

Com todas as características que você citou do Edgar, o que o público pode esperar dele? Ele é um cara bonzinho ou vilão?

“Eu não sei, isso que é legal. Na verdade, a minha história com o Fabrício é muito pertinente para esse momento que a gente vive no Brasil. Eu sou representante de uma oligarquia ainda escravagista, por mais que a escravidão seja pintada com outras cores. Um cara que teve dois filhos com a mesma mulher, um branco e um preto, ele aceita o branco, renega o preto. A gente cresce junto, por mais que ele dê a escola e tudo para o outro, mas nunca aceitou. Eu acho uma discussão tão pertinente para o Brasil atual que se eu chapasse ele (Edgar) como um branco babaca, que maltrata os negros, e ele (Roberval) se vitimizasse como negro, a gente deixaria essa discussão num nível muito basal. Então, tanto eu como o Fabrício decidimos deixar um pouco essas coisas menos definidas, ninguém é bom, ninguém é ruim. Nós dois somos vítimas de uma criação e de um país que ainda não revolveu, infelizmente e definitivamente, a questão da escravidão, ainda que disfarçada de outras coisas.”

Edgar e Roberval são irmãos gêmeos?

“Gêmeos não, eles são só filhos do mesmo pai e da mesma mãe.”

Como você cuidou do sotaque baiano?

“Essas grandes oligarquias baianas, por incrível que pareça, são todos branquinhos e o sotaque é mínimo, o sotaque é super pouco. E esses caras ‘ricões’ mandam os filhos para estudarem fora.”

E como está o Caco Ciocler? Você está cada vez mais bonito.

“Olha, eu fiquei mais bonito porque o personagem começa com 20 anos a menos do que eu. O personagem começa com 30 e eu estou com 46 para 47. Então, quando eu recebi isso falei: ‘eu tenho que dar um jeito de parecer que tenho 30 e tantos’. Eu entrei numa dieta rigorosíssima, fui fazer musculação, fui na dermatologista, fui na endocrinologista, fui em todas as ‘gistas’ para parecer ter 30 anos de novo. Eu tenho uma cena de sunga depois de 25 anos de carreira, então, eu tinha que dar um jeito.”

* Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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