Vilã cômica em Orgulho e Paixão, Alessandra Negrini fala sobre a personagem: “Só pensa em dar o golpe e ficar rica”

Publicado em 14/03/2018

Em Orgulho e Paixão, a nova novela das seis da Globo, que estreia no dia 20 de março, Alessandra Negrini será a grande vila Suzana. Uma mulher que não mede esforços para ficar rica e esconder um segredo.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, Negrini conta detalhes de sua personagem e abre o jogo sobre sua vida pessoal, sensualidade e cuidados com a saúde. A atriz ainda conta porquê ficou longe das novelas por quase 4 anos. Confira o bate papo completo abaixo:

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Fale um pouco sobre sua personagem?

“A Suzana é uma malandra que só quer se dar bem. Ela não vale nada, só pensa em dar o golpe e ficar rica. Sabemos que ela tem um passado duvidoso, que subiu na vida devido ao casamento, mas o marido a pegou na cama com o melhor amigo dele e a escorraçou. Como naquela época não existia divórcio, ela precisou fazer uma identidade falsa para fingir ser outra pessoa, assim ninguém saberia sobre seu casamento anulado. Ela é uma mulher inteligente, que conseguiu se tornar uma mulher de negócios e dar assistência à Julieta (Gabriela Duarte), que é considerada a rainha do café”.

Ela chega a atrapalhar um pouco a vida do casal protagonista certo?

Ela vai se envolver com o Darcy (Thiago Lacerda) mas não é apaixonada por ele. Ela só quer se casar com um homem rico, porque acredita que dessa forma vai se dar bem. Ainda não sei se no decorrer da trama ela vai se apaixonar.

Ela tem um capacho?

“Ela vai usar o Olegário (Joaquim Lopes), e namorar por um tempo com ele de acordo com os interesses dela. A Suzana aguenta muita coisa da Julieta, mas sempre que pode ela vai lá e desconta na Mia (Grace Gianoukas), faz barbaridades (risos). A parceria com a Grace é muito muito legal”.

O que mais está instigando você nesse trabalho?

“Esta novela é como uma fábula. Não é uma história naturalista, é como se fosse uma historinha daquela comédia de erro de Shakespeare, então este estilo de interpretação foi o que me instigou muito. É algo mais estetizado, o que se tornou um desafio. O que me chamou atenção na personagem é que ela é uma vilã engraçada”.

O fato da personagem ser cômica fez com que você aceitasse o papel?

“Não. Estava na hora de eu voltar para televisão, porque eu estava afastada há um tempo, e essa personagem é muito bem escrita. A linguagem da novela é sedutora, me parece ser uma novela especial, por isso quis fazer”.

A personagem da Gabriela Duarte segue essa mesma linha de vilã engraçada?

“Não, a personagem da Gabriela é correta, séria. É uma empresária, mas não é má. A minha personagem é que vai fazer tudo por trás, vai tramar, e querer puxar o tapete dela. Vilão vai se dando bem e se dando mal, acho que é esse o esquema, e a Suzana não é de ter boas intenções”.

Você gosta de fazer mulheres malandras?

“Olha, é o que eu mais tenho feito na televisão, né? Eu acho legal, é divertido.”

Você sempre é convidada para fazer grandes vilãs e desempenha esse papel como ninguém …

“Ainda bem que você falou isso, hein, obrigada (Risos). Qualquer personagem me enche os olhos. Vilãs eu só costumo fazer na televisão, mas em outros lugares faço milhões de outras coisas. Acho que normalmente o vilão é mais interessante porque ele apronta, não precisa estar dentro de uma norma, não precisa ser certinho e pode subverter, mas eu gosto de fazer qualquer coisa”.

Te enche os olhos em fazer mais uma vilã, algo completamente oposto da Alessandra Negrini?

“Essa vilã é diferente de todas as outras. Em cada vilã existe um desafio que nos estimula, porque se fizermos a mesma coisa sempre, ficamos de saco cheio. A Suzana é muito malandra, mas é engraçada, apronta umas coisas que acabam muitas vezes não dando certo”.

Qual é o nível de maldade da Suzana, sua personagem em ‘Orgulho e Paixão’?

“A gente está começando a novela agora, né? Não acho que é daquelas vilãs de novela das oito, que apronta coisas horríveis, é uma vilã de uma novela das seis, de uma fábula, mas acho que ela vai atrapalhar bastante o casal principal. Mas ela é mais soft, sim.”

As pessoas te cobravam por estar fora da televisão?

“Sempre! Se você para um mês, as pessoas já cobram para você estar na televisão. É impressionante. É bom sinal na verdade. Você sabe que as pessoas gostam de você.”

Você interpretou muitas vilãs. Já se sentiu odiada pelo público?

“Olha, eu vou te falar a verdade. Eu nunca me senti odiada pelo público, só me senti amada. O que eu posso fazer? (risos)”

Você pode destacar as personagens mais importantes da sua carreira?

“Tiveram várias personagens, mas destacando como parâmetros foram a Engraçadinha (na minissérie Engraçadinha), minha primeira personagem, depois a Isabel, de A Muralha pois foi muito importante para mim, e depois as gêmeas Paula e Taís em Paraíso Tropical. Essas foram as personagens que pontuaram minha carreira”.

Você ficou quatro anos afastada das novelas. Foi uma escolha sua?

“Olha, eu não aguento fazer uma novela seguida da outra não. Eu dei uma parada de três anos eu acho, desde Boogie Ooogie. Não é que foi uma escolha, é que apareceu esse personagem agora, outras coisas que apareceram não me interessei fazer. Eu fiz vários filmes nesse tempo todo, acabei de filmar um longa que se chama ‘Aquamove’, do Lírio Ferreira, que eu acho que vai ser bem bacana.”

Como é para você fazer cinema?

“Eu transito pelas três coisas: cinema, teatro e televisão. Eu gosto! Cada uma tem sua peculiaridade que me interessa. A televisão, o mais legal é que você pode brincar com o personagem que geralmente é muito longo, então, você tem mais liberdade. Cinema já é uma coisa um pouco mais séria com outra linguagem, com a qual sou apaixonada. E teatro é a coisa pura, de você estar no palco e ser aplaudido. É o prazer mais puro que existe na interpretação.”

Você está fazendo 25 anos de carreira. Qual o balanço você faz da sua história profissional?

“Eu não sou a pessoa que fica olhando para trás e dizendo: ‘o que poderia ter sido diferente? ’. Eu acho que foi muito bom e até agora, acho que tudo aconteceu como tinha que acontecer. Eu só tenho a agradecer por esses anos de carreira. Isso é fruto de muito esforço, nada caiu do céu.”

Você pensou em desistir da carreira de atriz?

“Eu pensava quando eu era mais jovenzinha, quando estava começando. Eu tinha dúvidas se eu ia continuar, se ia dar certo. Mas são aqueles rompantes da juventude.”

A sua personagem vai ser uma vilã odiada ou amada pelo público?

“Eu nunca tomei bolsada na rua, sempre me senti muito amada pelo público, e eu sempre fiz vilã, então, é uma questão… O vilão, ele mexe com o sangue da pessoa, o vilão é que faz o coração do público ficar nervoso. As pessoas gostam da adrenalina, da emoção.”

Você fez alguma preparação especial para fazer essa novela?

“A gente fez leituras dos capítulos somente”.

Seus personagens são muito ligados a essa questão da sensualidade. Você se sente uma mulher sensual?

“Sim, claro. A pessoa que não se sente uma pessoa sensual, é uma pessoa estranha, né? Têm dias que eu estou mais sensual, têm dias que eu não estou sensual, têm dias que eu gostaria de estar debaixo do lençol, têm dias que estou de TPM, que eu não me sinto sensual, mas eu tento ser sensual com a vida e comigo mesmo, porque senão, não tem graça viver.”

Você usa peruca para compor o visual da sua personagem?

“Não. Faço aqueles babyliss, todo dia.”

Hoje em dia, a gente debate muito a questão do empoderamento feminino. Você já passou por uma situação difícil?

“Nossa, essa sua pergunta é uma pergunta de análise, eu não sei como te responder isso. Qual foi o momento mais difícil que eu passei na vida como mulher? Ser mulher é um desafio. Todo dia é uma superação, mas não tenho esse momento pra te dizer. Você quer saber se eu fui assediada? Se for isso, não, eu não tenho essa história para contar. Mas ser mulher é algo que requer uma força, uma fibra muito grande, eu sei porque tenho filho homem e filha mulher, é difícil para todo mundo, mas a mulher acaba precisando lutar mais, eu acho.”

Como é para o ator estar sujeito a mudanças no personagem?

“Até hoje nunca passei por isso de mudar o personagem. Eu acho que essa novela não vai ter isso, porque é bem estruturadinha, bem fechada, tem uma linguagem de fábula. Não é que nem novelas das oito. Orgulho e Paixão é bem redondinha, um caixinha de joias, então, não acho que vai ter nenhuma surpresa”.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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