Pamela Tomé fala sobre sua personagem em Orgulho e Paixão: “Encarno a Cinderela quando estou fazendo a Jane”

Publicado em 15/03/2018

Inicialmente escalada para uma novela de Lícia Manzo e, depois para Onde Nascem os Fortes, Paula Tomé caiu mesmo foi no elenco de Orgulho e Paixão, próxima produção das 18h, da Globo, que estreia nesta terça-feira (20). Na trama, ela fará a Jane, que é definida pela própria atriz como uma Cinderela.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, Tomé conta também que tem sido um presente sua trajetória dentro da Globo porque conheceu pessoas legais, se enriqueceu artisticamente e aprendeu a esperar o momento certo.

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Ainda no bate-papo, ela fala da importância de uma novela que trata de preconceito. Para a novela, a atriz explicou que se aprofundou na obra de Jane Austen lendo quase todos os livros dela. Confira.

Você ficou parada um tempo. Você ficou frustrada em relação à profissão?

“Não, não. Eu iria fazer uma novela da Lícia Manzo, mas a trama acabou não acontecendo, e aí eu recebi um convite do José Luiz Villamarim, para fazer uma série (Onde Nascem Os Fortes), e por decisão artística da casa, eu fui colocada em Orgulho e Paixão, que foi um belo presente. Eram coisas muito diferentes, cheguei a fazer preparação para Onde Nascem os Fortes, cortei o cabelo para fazer a personagem e depois fui realocada para essa novela. Então, isso foi um aprendizado muito bom para mim, porque eu fiquei longe, mas pude conhecer pessoas muito legais e que me enriqueceram muito artisticamente. Eu acho legal, aprendi a esperar o momento certo. Deus sabe o que faz para gente, e eu fiquei muito feliz com a decisão da casa de ter me colocado nessa novela. Porque sei lá, eu sou atriz e acho que tenho que estar disposta a fazer o que eu for destinada a fazer. Então, para mim, não tem preferência ser a mocinha ou ser a vilã, eu quero trabalhar, e contar história para o povo.”

Vou te perguntar sobre a mãe da Jane, porque ela é uma personagem que quer que as filhas casem. Isso é protecionismo, é pensando nas filhas ou nela?

“Eu realmente não posso nem julgar essa mãe. Porque imagina, naquela época, você ter cinco filhas e não ter dinheiro para sustentar, então, a única saída era o casamento. Ela se vê com cinco responsabilidades que ela tem que encaminhar, porque o dinheiro está acabando, só que ela exagera nessas ações, tem algumas cenas que vocês vão ver o Camilo (Maurício Destri), convidando a Jane para dançar e ela (a mãe) já fala: ‘Sim, ela quer. Claro que ela quer!’. Ela tem uma obsessão tão grande por casar, que ela perde noção do que é ridículo, e do que não é. Só que ela não é ruim, não é por mal, é muito engraçado. Eu amo todas as cenas.”

As filhas percebem isso de imediato?

“Sim, as filhas percebem e falam: ‘Mamãe, para mamãe, pelo amor de Deus, estou com vergonha’. E ela não está nem aí, ela acha que está tudo certo.”

Aos seus olhos, quem é a Jane?

“A Jane é amor, a Jane para mim é a Cinderela. Eu encarno a Cinderela quando estou fazendo a Jane. Eu assistia essas coisas para fazer a Jane. Princesas bem românticas, e eu quero deixar ela bem humilde, muito educada, porque eu acho que é a chance de falar de um assunto muito importante, que é essa diferença de classe social. Não é porque você é pobre, que você não pode ser educado, que você não pode lutar pelos seus direitos, que você não pode viver um amor. É isso que eu quero passar.”

Ela vai ter um pequeno atrito com a futura sogra, justamente por causa dessa condição social. Ela não aceita o casal?

“Ela acha que a Jane não é mulher para o Camilo, acha que a Jane não é uma mulher à altura dele, porque ela não tem nada a oferecer, a não ser o que ela é. Ela não foi criada nas melhores escolas, a educação que ela tem, ela deve ao pai, pela insistência dele para elas lerem. Todas as irmãs são assim, a única que é mais caipira e avoada é a Lídia (Bruna Griphao), as outras têm uma educação vinda do pai, apesar de ter uma caipirice da mãe, todas elas têm um pinguinho de caipirinha. Não é nem ‘caipirice’, é uma questão de visão de interior. Imagina, você é do interior e não tem essas coisas, então, elas vão para São Paulo e é: ‘Meu Deus, São Paulo. Como é essa cidade grande!’. Enfim!”

E como é para você viver um personagem do universo de Jane Austen?

“É lindo, né?! Eu acho ela incrível. Eu já tinha visto algumas coisas dela, mas por conta da novela, eu me aprofundei muito, então, eu fui ler quase todas as obras dela, mas o livro Orgulho e Preconceito, é meu preferido. A novela é baseada nele, mas é uma mistura de todos, minha personagem vem daí também. É muito legal, mas ao mesmo tempo, eu não quis ficar preocupada em fazer uma coisa que já teve, porque já teve um filme. Eu quis dar meu toque na Jane, fazer a minha Jane.”

Qual a coisa que você acha mais importante da mensagem da Jane. Você acha que hoje em dia as mulheres são olhadas com olhos tortos quando não casam? Acha que ainda tem esse olhar machista?

“Acho que existe ainda muito machismo, mas a mulher já conquistou um lugar muito importante, e acho que esse lugar não vai mais ser tirado da gente. Eu sou super empoderada, eu me sinto poderosa, eu posso fazer tudo. Eu nunca tive esse problema de pensar: ‘O que as pessoas acham disso e aquilo?!’. Acho que as pessoas se preocupam demais com o que os outros pensam. Eu também não sei ao certo dizer se ainda olham com esses olhos. Acho que não tanto, mas ainda existe um preconceitozinho, a mulher que é mal falada.”

Como é que vai ser a relação dela com as irmãs? Ela é mais próxima de alguma delas?

“Ela é uma das mais velhas, então, ela é mais próxima da Elisabeta (Nathalia Dill), mas ao mesmo tempo, eu não vejo a Jane como amiga de uma irmã só, porque ela é muito responsável, muito sensata. Eu vejo que ela cuida de todas as irmãs. E a gente está se divertindo muito em cena, as meninas são ótimas, muito animadas e são jovens também. Estão a fim de fazer, estão felizes. Isso faz toda a diferença, esse nosso entrosamento em cena grita.”

Eu conversei com você na época de Malhação, e você disse que aprendeu a nadar, e teve que aprender de novo. Você é de se jogar de cabeça em cada projeto?

“Eu vou. Não importa, é como se fosse o último. Eu me jogo. Aqui a gente fez aula de etiqueta, aprendemos a andar de charrete, a cavalo, que é uma coisa nova para mim, completamente nova e foi o máximo. Eu sou assim mesmo, tem que ser, acho que você tem que se jogar e tem que descobrir o que é, o que vem de cada personagem, sempre fica alguma coisa.”

* Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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